O município de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, amanheceu com diversas manifestações e protestos contra o presidente Jair Bolsonaro, que esteve na região na manhã desta quarta-feira (07). O presidente decidiu visitar o município depois que o prefeito, João Rodrigues, divulgou um vídeo no dia 5 de abril afirmando que as internações nas UTIs estavam próximas do zero, atribuindo a queda ao chamado tratamento precoce da Covid-19. 

A unidade onde Rodrigues fez a gravação, na realidade, tratava-se de um centro de saúde improvisado para o tratamento da doença criado no fim de fevereiro a fim de desafogar a falta de leitos nos hospitais da cidade. A agência de fact-checking Lupa analisou a informação e a classificou como falsa. De acordo com a checagem, o número de casos ativos aumentou de 645 casos ativos no início de janeiro para 3.677 em fevereiro. O aumento se deu depois do próprio prefeito determinar, em 5 de janeiro, o tratamento precoce nos pacientes contaminados pelo vírus e relaxar nas medidas preventivas.

Conclusão: crescimento de 570% no número de infectados em menos de um mês após a liberação de eventos na cidade e ampliação dos horários de bares.

Foto: Divulgação

De acordo com a agência, o número de casos ativos em Chapecó reduziu somente depois que um decreto estadual, publicado no dia 25 de fevereiro, impôs a adoção de medidas mais restritivas por 14 dias. A consequência foi a queda na quantidade de infectados a partir de 5 de março.

Conclusão: lockdown parcial diminuiu a circulação do vírus entre os chapecoenses.

Recepção negativa

Embora cerca de 70% do município tenha depositado seu voto em Bolsonaro, o presidente também teve recepção negativa ao se deparar com faixas de protestos em dezenas de locais por onde passou, tinta vermelha no asfalto, cruzes próximas ao aeroporto, além de Centro de Eventos – unidade usada provisoriamente para tratamento de Covid-19 citada no vídeo – que amanheceu com a mensagem “João e Bolsonaro genocida”.

Foto: divulgação

Outras mensagens distribuídas em faixas pelo município também pediam “vacina para todos” e “auxílio emergencial de R$ 600”. O monumento “O desbravador”, cartão postal de Chapecó, além da Praça Central e do Hospital Regional do Oeste, também amanheceram com faixas de protesto.

Ainda nas primeiras horas da manhã, a prefeitura do município já havia providenciado a pintura do Centro de Eventos e, mais tarde, a retirada das cruzes e algumas faixas.

Durante a visita, Bolsonaro voltou a defender o tratamento precoce e citou a palavra “liberdade” para criticar o isolamento social.

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