“Bruxa”, poema de Fêre Rocha
Enfrentava problemas constantes de sincronia física. Sim, porque alguns de seus movimentos básicos eram contraditórios. Básicos e contraditórios e escassos e algozes. Cerrava os dentes à noite com a força de uma centena de quilos. Era isso até desgastar partes e as lascas caírem de modo a senti-las na língua pela manhã. Entre as pernas não, nunca, nada encostava. Elas em si cerradas. Sem fricção das mãos em pele, nos ossos. Sem liberdade esfregada, nem força.
Toda a negação de corpo, de mãos, virava bruxismo.
Pobre bruxa.