Neste sábado de manifestações em várias cidades do Brasil contra a política de morte do governo Bolsonaro, o país atinge a triste marca de 500 mil vidas perdidas, segundo registros oficiais das secretarias de Saúde dos estados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em números absolutos de mortes, depois dos EUA (601.093 mortes). No entanto, quando se trata de óbitos proporcionais, está à frente dos EUA com 234 mortes contra 183 a cada grupo de 100 mil habitantes. Quem lidera essa taxa é o Peru, com 583,6 óbitos a cada 100 mil habitantes. 

Meio milhão de pessoas mortas: esse número vergonhoso não diz sobre a inoperância do governo em conter a pandemia, pelo contrário, é resultado do sucesso da política de morte adotada por Bolsonaro. Política essa que privilegia a desinformação, a negação da ciência e o extermínio de pessoas como estratégia para se manter no poder, oferecendo soluções autocráticas ao caos criado por ele mesmo.

O governo de Jair Bolsonaro assumiu e colocou em prática uma deliberada política de proliferação do vírus ao defender a imunidade de rebanho como método de imunização. Cientistas do Brasil e do mundo afirmaram a invalidade dessa hipótese para o novo coronavírus, para já não mencionar o morticínio implicado na sua adoção.

Enquanto articula a política de contaminação de grande parte da população, promovendo aglomerações, esse governo despreza e age contra o distanciamento social, a vacina e até mesmo o uso de máscara, artifício preliminar de proteção. Despreza ainda ações de saúde pública, ridicularizando profissionais engajados coletivamente na busca de medidas para conter a pandemia.

Para grande parte da população brasileira, manter-se viva neste país não se trata somente de sobreviver à Covid-19, mas também de enfrentar a fome e se esquivar das balas da polícia, que não cessaram nem mesmo quando a luta pela vida é o que deveria mover uma nação durante uma pandemia. 

“Abajo la inteligencia, viva la muerte”, frase emblemática do período em que o fascismo governou a Espanha, é representativa deste momento em que o culto à morte se expressa na negação da ciência, do pensamento crítico e da vida humana — direito inviolável garantido na Constituição Federal e em tratados internacionais empenhados em não repetir genocídios no mundo. 

Manifestamos a nossa solidariedade a todas as famílias que perderam pessoas amadas para essa política. Nossa mais profunda abominação a esse governo e aqueles que irrefletidamente o seguem. Nossas dores e luto só podem encontrar respostas e alento em um processo de memória, verdade e justiça.

Há que pensar numa vacina contra a perda da nossa humanidade.

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