Uma página criada no Facebook divulga candidaturas com propostas feministas para as eleições municipais de 02 de outubro. Com quase 24 mil curtidas em menos de cinco meses, a página “Vote numa feminista” apresenta uma plataforma com propostas para o enfrentamento de violações de direitos das mulheres nos municípios. A iniciativa pretende ajudar as eleitoras na escolha de candidatas comprometidas com propostas capazes de combater violações de direitos das mulheres.

A página funciona de forma colaborativa: o próprio eleitorado pode apontar as candidatas feministas. As candidatas que figuram na página fazem parte de diferentes partidos políticos e estão subdivididas nos álbuns por Estados. Mas para que constem, devem concordar com as propostas apresentadas pela página e divididas em sete eixos: segurança; qualidade de vida e saúde; trabalho; educação; combate ao racismo, ao preconceito religioso e à lesbofobia; fortalecimento da democracia e da participação da mulher nos espaços de poder e decisão. As candidatas podem também incorporar as ideias ao seu próprio conjunto de propostas. No entanto, as criadoras da fanpage observam que as candidatas devem observar as peculiaridades de cada município. “As demandas das mulheres não se resumem a essas propostas, é necessário que a candidata feminista permaneça em constante contato com as mulheres de sua cidade para compreender um pouco da vida e das necessidades delas”, esclarecem.

A ideia de divulgar candidatas feministas surgiu numa conversa entre a paranaense Sharon Caleffi com um grupo de amigas feministas ainda durante as eleições de 2014. “A gente queria saber quem eram as candidatas feministas a deputada estadual e federal na eleição daquele ano, mas não conseguíamos descobrir sozinhas. Então eu tive a ideia de organizar tudo numa página do Facebook de forma que fosse mais fácil encontrar e divulgar as candidatas de cada estado”, conta. Para colocar o projeto em prática, ela conta com a ajuda de Lara Carvalho, que mora no Rio de Janeiro e atualmente gerencia a página.

Sharon conta que participa dos movimentos feministas desde 2007 a partir dos debates sobre o Estatuto do Nascituro. “Esse projeto de lei me deixou tão indignada e pasmada mesmo, um sentimento de ‘como é possível alguém imaginar uma coisa tão absurda, tão ditatorial e servil para as mulheres que estarão gestando os futuros cidadãos de um país?'”, conta. Desde então, passou a pensar em iniciativas que pudessem concretizar as mudanças almejadas pelas mulheres. “Os homens no poder não demonstram interesse em nos ouvir e em efetivar na via legislativa a garantia dos direitos que estão sendo negados às mulheres”, avalia Sharon, que apesar de incentivar as candidaturas femininas, não é candidata e nem tem filiação partidária.

Para ela, uma das principais razões para a subparticipação feminina na política é o fator financeiro. “Os financiadores preferem doar dinheiro para as campanhas de candidatos vinculados aos seus objetivos políticos, que são em geral homens. Os candidatos homens tem mais dinheiro, mais espaço de divulgação e consequante, mais votos”, afirma. O machismo também tem influência marcante, alerta Sharon. “Se o governo de uma mulher é considerado ruim, esse governo é tomado como exemplo de que mulher não sabe fazer política. Mas se o governo de um homem é considerado ruim, isso não é associado à todos os homens políticos”, exemplifica.

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  • Ana Claudia Araujo

    Jornalista (UPF/RS), especialista em Políticas Públicas (Udesc/SC), mãe de ninja.

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