Produção da obra será financiada por meio de campanha colaborativa.

Nesta semana entrou no ar o financiamento coletivo para a produção do O Diário de uma Mãeconheira, coletânea de textos, desabafos e experiências canábicas da escritora Maíra Castanheiro, que será publicado pela editora Moluscomix.

“Acredito que essa escrita de si, curativa, criativa, é um instrumento poderoso para a nossa emancipação e autoconhecimento. E acredito demais que quando a gente publica a nossa história, constrói pontes e sentidos com os outros, com o mundo. É um livro que todas nós mães, drogadas, do sexo, do rock’n roll queremos ler”, conta a autora no vídeo da campanha.

Desde 2015, Maíra divide com os internautas seu dia a dia como mãe da Maria Alice, professora, historiadora, pesquisadora, tradutora, mestranda e, entre uma tarefa e outra, ainda dá uma paradinha para fumar um e relaxar. “Escrevo desde pequena, sempre quiser ser mãe, professora e escritora, e sou tudo isso, aos trancos e barrancos. Comecei a tornar meu diário público nas redes sociais, pra que meu desabafo não fosse apenas pessoal e sim político, pois nele trago todas as questões de ser mãe, mulher, professora, intelectual, escritora, drogada. Trago todas minhas experiências sexuais, minhas viagens, meus usos de drogas, meus corres pra sobreviver, os corres pra ser mãe!”, relata ao Catarinas.

Em especial, sua escrita fala sobre a mulher que, além de suas responsabilidades, também vive intensamente e da forma mais honesta possível as suas paixões, desafios, desafetos, sonhos, loucuras e sua sexualidade. Para o livro, foram selecionados os melhores textos dos últimos 5 anos.

“Eles contam a história de uma mulher, de uma mãe, que decide viver só e precisa enfrentar todo o sistema capitalista e, claro, o machismo. O diário é um espaço de desabafo, uma ferramenta para nossa emancipação, para nossa autonomia e autoconhecimento”.

Foto: Cristina Souza

Debate sobre feminismo e antiproibicionismo

As crônicas de Maíra, sobretudo as escolhidas para O Diário de uma Mãeconheira, vão mais além e entram em temas ainda considerados tabus pela sociedade, mas a escritora não tem papas na língua e fala abertamente sobre sexo e drogas, sem medo de julgamentos sobre suas opiniões. Mais do que um livro no qual divide com o leitor suas histórias, Maíra espera que O Diário de Uma Mãeconheira, possa quebrar preconceitos e somar aos debates, principalmente para as discussões feministas antiproibicionistas.

“Dificilmente uma mulher mãe que fala abertamente sobre sexo e drogas é aceita, a maioria sofre preconceito e discriminação, é vista como incapaz ou indigna de ser mãe. Então, espero que o livro possa contribuir para este debate: que uma mulher mãe também pode falar sobre esses assuntos, que ela também trepa e usa drogas. E que isso não a faz menos mãe”, pontua.

“Sou filha de mãe e pai poetas, ambos do movimento da poesia marginal, que surgiu no Brasil durante a ditadura militar. Este fenômeno literário da poesia marginal tem influência direta na literatura beat, de contracultura, ou seja, eu nasci e fui criada neste meio”, conta sobre suas origens.

Maíra faz mestrado em história na UDESC, estuda a história da poesia marginal. Seu primeiro livro, a obra independente “Para Maria Alice”, publicado em 2019, reúne cartas para a filha ao longo de seus primeiros sete anos. Quem apoiar o Diário de uma Mãeconheira, vai ganhar o e-book “Para Maria Alice”.

“Nestas cartas eu desabafo sobre saudades, maternidade à distância, guarda compartilhada, machismo, feminismo, drogas, que lugar de mãe é onde ela quiser, por uma maternidade antiproibicionista”, relata sobre o primeiro livro.

Serviço

O Diário de Uma Mãeconheira será o primeiro livro de Maíra a ser lançado pela Moluscomix, inaugurando uma nova fase da editora, que é voltada ao humor, ao mercado canábico e à contracultura.

A publicação terá 224 páginas e o miolo impresso em “verde-verdade”. A campanha do Catarse para O Diário de Uma Maconheira termina em 10 de abril. Para conhecer mais sobre Maíra Castanheiro, confira seu perfil nas redes sociais.

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