Cirene Cândido*, integrante do Coletivo NEGRAS Petistas – Santa Catarina, fez um breve relato sobre o que vivenciou no Encontro Nacional de Mulheres Negras.

 

O Encontro Nacional de Mulheres Negras: contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Mundo, aconteceu de 6 a 9 de dezembro, em Goiânia (GO). O primeiro primeiro encontro foi realizado há 30 anos, na cidade de Valença, no Rio de Janeiro, tendo como objetivo a reafirmação da autonomia, das lutas e identidades das mulheres negras. Aproximadamente mil ativistas do campo, da cidade, das periferias, quilombolas, religiosas de matriz africana, trabalhadoras domésticas, jovens e de todas as idades, se mobilizaram em seus estados por todo o país para estarem presentes.

Trazendo o histórico e os desafios da mobilização para afirmação do protagonismo na luta política, da sua identidade e, até mesmo, da sua existência. Esse encontro reforça a importância de ter uma ação de caráter nacional articulada com Marcha das Mulheres Negras, contra o racismo e a Marcha e o Bem Viver, que aconteceu em 2015 e mobilizou diferentes movimentos de várias forças política, conduzindo mais de 50 mil ativistas para Brasília.

Com a presença de mulheres do cenário político como a Deputada Federal (PT), Benedita da Silva, a deputada eleita Renata Soares (PSOL), Arielle Franco, irmã de Marielle Franco vereadora negra e lésbica executada no Rio de Janeiro, cuja trajetória política “provoca” e incentiva ativistas a seguirem seus passos e as motiva a apoiar outras mulheres negras a ocuparem espaços políticos.

A escritora e feminista americana Angela Davis foi convidada de honra, trazendo apoio e motivação à luta diária, falando dos tempos difíceis que virão, e da necessidade de união e solidariedade entre as mulheres.

Em cenário de acolhida, o Encontro Nacional de Mulheres Negras ofereceu a escritora Conceição Evaristo a primeira Cadeira da Academia Afrodescendente de Diáspora de Letras, Cultura e Ciências –  o assento leva o nome da escritora Carolina Maria de Jesus. A academia foi criada pelo coletivo Lélia Gonzáles para romper com o sistema imposto aos saberes e produções artísticos e literários, no qual mulheres e homens negras/os não são reconhecidos.

A exposição de fotografia pelos corredores trazia rostos e expressões de mulheres que fizeram e contribuíram com a história de resistência das mulheres negras, tais como Teresa de Benguela, Lélia Gonzalez, Silvia Catanhede, Catarina Mina, Luiza Bairros, Carolina Maria de Jesus, entre outras. Também acontecia simultaneamente a feira do empreendedorismo negro, com muitos produtos direcionados a temático afro. Escritoras como Sueli Carneiro, Cidinha Silva, Cristiane Sobral, Helena Theodoro, estiverem presentes, autografando seus livros e participando das trocas de saberes.

O Encontro Nacional de Mulheres Negras promoveu a reflexão de temas como o enfrentamento ao racismo religioso e racismo institucional, inclusão da juventude negra no mercado de trabalho, ativismo negro, memórias e saberes das tradições africanas, entre tantas outras reflexões. Ao final do evento, o que se traz para casa, é a esperança, amizade, fortalecimento na luta diária revigorado e o comprometimento de que “Ninguém solta a mão de ninguém”. Meus passos vem de longe: reafirmando a autonomia das lutas e identidades das mulheres negras no mundo.

*Cirene tem formação em gestão ambiental, é feminista, ativista e integrante da delegação de Santa Catarina no evento.

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