Em entrevista ao “Mulheres Semeando a Vida”, Geni Núñez fala sobre a necessidade de reflorestarmos o imaginário, o corpo como território, a relação de reciprocidade entre humanos e não humanos e a urgência da demarcação de terras indígenas.

Durante todo o mês de agosto, o Portal Catarinas em parceria com o Prosa, grupo de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), promove a campanha “Mulheres Semeando a Vida” que tem como protagonistas duas indígenas e quatro camponesas que no presente estão construindo o Bem Viver, através de práticas agroecológicas. 

Hoje, momento que mais de 170 povos indígenas estão representados no acampamento “Luta pela Vida”, em Brasília, em defesa dos direitos originários e contra a tese do chamado “Marco Temporal, vamos conhecer um pouco mais da luta e vida de Geni Núñez, indígena Guarani, de 30 anos, integrante da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), que possui graduação e mestrado na área da Psicologia.

Em entrevista, Geni explica o porquê da demarcação das terras indígenas ser pauta prioritária para todo o movimento indígena. “O princípio do direito à terra se relaciona com várias outras questões. Por exemplo, a pesquisadora Sandra Benites, que também é Guarani, comenta que o combate ao epistemicídio também se dá pela demarcação de terra porque é pelo modo de vida que se constrói o saber, é pelo modo de vida que se constrói a percepção de mundo”, diz.

Além disso, ela lembra que o direito à terra é fundamental para a superação das violências coloniais que no presente subalternizam os povos indígenas. “Outro ponto é a autonomia, se a gente tivesse o direito à terra não seria necessário que a gente demandasse cestas básicas, por exemplo. A gente tem falado que nós não somos povos pobres, somos povos empobrecidos com essa violência. Se não houvesse isso a gente teria a dignidade de plantar e colher o próprio alimento”, aponta Geni.

Além disso, Geni fala sobre a relação de parentesco entre humanos e não humanos; os princípios que norteiam a Comissão Guarani Yvyrupa; a monocultura como um sistema que perpassa não somente o modelo de produção agrícola, mas a sexualidade, a religião e o pensamento da sociedade ocidental; e das práticas para o fortalecimento das mulheres Guarani.

“Temos pensado nessa metáfora da monocultura não só para se referir a soja, mas também a todo um sistema: a monocultura do pensamento, da sexualidade, da religião. Todos esses sistemas são muito articulados entre si. Como oposto desse princípio da monocultura a gente tem o princípio da floresta que é esta diversidade”, afirma.

Confira a entrevista:

Portal Catarinas – Geni, você poderia falar sobre você e sua trajetória na luta indígena?

Geni Núñez – O meu nome é Geni Núñez, tenho 30 anos, moro aqui em Florianópolis, mas vim do Mato Grosso do Sul e a minha atuação vem de várias frentes. Um primeiro espaço foi na própria venda de artesanato na cidade com a minha mãe, algo que é bastante comum. A minha trajetória é de uma vida na cidade por conta da minha mãe que é Guarani ser casada com um homem branco. Foi muito importante, durante todo o meu caminho, ter o apoio do meu Povo para que a luta fosse em união mesmo. Porque da cidade eu consigo atuar em algumas frentes que, às vezes, é difícil para os parentes que estão na aldeia, nesse sentido tenho facilitando processos das nossas lutas coletivas. No momento, faço parte da Comissão Guarani Yvyrupa na função de assistente. A minha formação é em psicologia na graduação e no mestrado e, atualmente, estou no doutorado em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E isso é muito novo para todos nós. Eu passei a vida toda, nos últimos mais de dez anos, sendo a única aluna indígena na Universidade em quase todos os espaços em que eu estava.

Nas demais entrevistas, um ponto era a identificação de gênero nas apresentações, algo que você não trouxe. Você se considera mulher? 

Para mim é uma mitologia esse negócio do gênero, é uma mitologia do mundo colonial. E eu não acredito nessa mitologia. No entanto, em vários espaços é através desses termos que é posto, é lido, é escrito. Mas quando há espaço para problematiza, eu tento apontar essa questão, depois a gente pode até falar um pouquinho mais sobre isso, de uma recusa da não binariedade do gênero. Então, é nesse lugar que se aproxima um pouco mais do meu desconforto com esse sistema.

E como se dá a atuação da Comissão Guarani Yvyrupa?

Então, para quem não conhece, a CGY tem uma atuação jurídica. A equipe de assistência tem vários advogados e advogadas, temos esse cuidado em ter uma uma paridade de gênero. E nós temos também uma assistência técnica que atua mais. A falta de demarcação de terras é a pauta principal, não só nossa, mas de todo o movimento indígena. Essa é a nossa grande pauta de luta e a Comissão Guarani Yvyrupa surge em 2006, após um grande encontro que reuniu mais de 300 lideranças de todo nosso território. É importante frisar que o nosso povo é presente em vários países: no Brasil, na Bolívia, no Uruguai, na Argentina, mas a CGY tem um enfoque maior no Brasil ainda que haja troca com os parentes de outras regiões. Até porque a questão da fronteira é complexa para nós. Se a gente pensar, por exemplo, nos parentes que vivem no Paraná, há uma mistura entre Paraguai e Argentina. Aqui no Brasil também ocorre, nós temos vários: é o mesmo povo, mas com várias divisões internas, uma espécie de subgrupo. Nós temos o subgrupo Nhandewa, Kaiowá, Mbyá-Guarani, Avá-Guarani. É um povo muito diverso mesmo dentro da própria insígnia Guarani. Na CGY o enfoque maior de luta é entre os povos Mbyá e Nhandeva, porque os parentes Kaiowá têm outra organização política que é a Aty Guasu, que é mais tocada na região de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. 

Quais são os pilares da atuação de vocês?

O princípio do direito à terra se relaciona com várias outras questões. Por exemplo, a Sandra Benites, que também é Guarani, comenta que o combate ao epistemicídio também se dá pela demarcação de terra porque é pelo modo de vida que se constrói o saber, é pelo modo de vida que se constrói a percepção de mundo. E tem uma frase que a gente utiliza que é sem “sem tekó não há tekoá” e o contrário “sem tekoá não há tekó”, no sentido de que sem o direito à terra não tem como ter o modo de vida, esse modo de vida que a gente chama “nhanderekó”, que é o modo de se relacionar com a vida. Outro princípio é o da floresta. Temos pensado nessa metáfora da monocultura não só para se referir à soja, mas também a todo um sistema: a monocultura do pensamento, da sexualidade, da religião. Todos esses sistemas são muito articulados entre si. Como oposto desse princípio da monocultura a gente tem o princípio da floresta que é esta diversidade, a importância de uma coexistência de vários seres sem que haja uma hierarquia entre eles. Eu penso muito nesse caminho, que é uma ideia radical de certa forma, de termos o direito inalienável de viver em diversidade, de não ter um único deus, uma única sexualidade, um único tipo de vida, de vivermos esse princípio da Floresta. A gente até brinca que a gente nunca se propôs a salvar, acho que essa outra questão, do salvacionismo… Até mesmo em ambientes que falam sobre a questão ambiental a gente observa que há ainda um salvacionismo. Eu até lembro, acho que foi no passado, que tinha aquela tag #SOSAmazônia e a gente tem dito: não somos nós que salvamos a Amazônia, é ela que nos salva. 

Outro ponto é a autonomia, se a gente tivesse o direito à terra não seria necessário que a gente demandasse cestas básicas, por exemplo. A gente tem falado que nós não somos povos pobres, somos povos empobrecidos com essa violência.

Se não houvesse isso a gente teria a dignidade de plantar e colher o próprio alimento. Mesmo em terras que já estão demarcadas, isso não garante que elas não vão sofrer invasões e muitas dessas terras já estão muito machucadas. Às vezes é difícil o plantio porque a terra está muito ferida pelas violências do agronegócio dentro dessa exploração. 

Pode falar um pouco mais sobre isso?

Aqui no Sul, especialmente na Terra Indígena Morro dos Cavalos, vem acontecendo um processo muito lindo de reflorestamento no sentido que a gente sempre pensa nessa vinculação da cura das violências sofridas pela terra, porque não tem cura de saúde mental do indivíduo, se não houver cura da terra. A gente está sempre trabalhando de maneira interconectada nessas questões todas e eu tenho pensado que isso envolve um reflorestamento da nossa imaginação, porque a gente entende o nosso corpo como um território. O nosso corpo também é um território, ele também é alvo dessas violências, é explorado e a gente se sente exausta como a terra também se sente. 

Tem até aquela frase que “índio só quer saber de terra, sombra e água fresca”. As pessoas falam e de alguma forma essa frase está correta, porque é uma coisa muito preciosa, sombra e água fresca, para todo mundo. E que a gente tenha terra, sombra e água fresca.

A lógica do desenvolvimento neste tempo, essa é uma questão que a Kerexu sempre traz, é muito colonial. Propomos substituir o desenvolvimento pelo envolvimento: entre a gente, com a terra. Então, qual é a qualidade desse vínculo? E esses são princípios de Bem Viver não apenas pra gente, mas para todos. De alguma forma as nossas pautas beneficiam todo mundo, inclusive não humanos, no sentido desse cuidado com a terra, com os seus, com os demais seres. Esses são princípios que a gente traz. 

O que é Bem Viver?

Uma questão que é muito importante nisso tudo é não lidar com a vida como propriedade. Pra gente Nhanderu que criou os rios, as plantas, nos criou. Nós não somos donos. Toda vez que eu lembro e falo sobre isso me soa muito absurdo que determinados humanos realmente acham que são donos, proprietários de um rio, de outros seres, que a própria ideia da escravização também aciona isso, de você vender outras pessoas. 

Essa ideia de lidar com a terra, com a vida como propriedade é algo que a gente vê como antagônico ao Bem Viver.

O Bem Viver ele pensa a ideia de uma convivência e de uma concomitância. E até uma frase que a gente usa bastante que é “por um mundo onde caibam vários mundos”. A gente não tem o objetivo de converter, de submeter todo mundo à nossa perspectiva, mas a gente reivindica o direito de tê-la, dentre várias outras. Dentro desse processo, envolve até a questão do espírito, da alma, porque quando os jesuítas chegaram aqui foi uma das primeiras perguntas, “tem alma ou não tem alma”. Se tivesse alma era humano, se não tivesse alma era bicho. O parente Anastácio Peralta, que é Guarani-Kaiowá, sempre comenta que essa pergunta do “tem alma ou não tem alma”. A gente responde que sim, temos alma, mas o rio, as árvores, o vento também têm alma. Nesse sentido, estamos falando também da possibilidade não só de a gente sobreviver, mas da gente viver com alegria. Isso para mim é muito importante, o que a gente chama de vy’a, que é essa felicidade, essa alegria da vida. 

Saiba mais sobre Bem Viver no terceiro episódio do podcast “Mulheres Semeando a Vida”.

Como é a relação entre humanos e não humanos como parentes?

A gente utiliza o termo parente não só para outros indígenas, mas também para o rio, para as árvores, para vários outros seres. É um parentesco que não se guia por um certo narcisismo da imagem, “só é parente quem tem a mesma cara do que eu”. Mas é parente quem torna possível a nossa vida literalmente, inclusive enquanto a gente está aqui respirando, enquanto a gente toma água e se alimenta. Então essa relação de parentesco é estendida no nível muito mais capilar, muito mais amplo do que essa família consanguínea. Tem um documentário do parente Alberto Tavares, “A Origem Da Alma”, no qual ele comenta que as árvores, dentro das nossas perspectivas, foram criadas como sombra para os espíritos. A gente se aproveita também dessas sombras tendo em vista que nem a sombra das árvores foi feita para nós. Ela tem outras funções para além dessa função humana. 

O que a gente tem trazido é que não ver todos esses seres como seres que importam é também o que autoriza a violência deles, que autoriza essa matança indiscriminada das vidas. Eu penso que quando se diz que nós povos indígenas são os principais responsáveis no mundo pelo cuidado das florestas e da biodiversidade, isso não se dissocia das perspectivas que a gente tem em relação a essas vidas. Isso vai orientar o modo como a gente vai construir o vínculo.

O humano não está no centro desse pensamento…

Na questão dos ritos, por exemplo, nós temos o nhemongaraí que são os ritos de nomeação das crianças e nessa consagração a gente tem a consagração da erva-mate e do milho. Toda a construção da nossa espiritualidade passa pela relação que a gente tem com a natureza. E o milho é outra figura que utilizamos muito como uma ilustração do nosso modo de vida, porque enquanto milho do agronegócio é sempre amarelo, é sempre da mesma cor, do mesmo jeito, o nosso milho, que a gente chama avaxi, é colorido. De novo para ilustrar aquilo que a gente traz desse princípio da diversidade, de várias cores, de vários tamanhos, de vários gostos. Não um único formato. E até pensando mesmo que essa questão do alimento envolve para gente algo muito, com muito sagrado, porque o alimento não é apenas como algo que mata a nossa fome, mas algo que tem uma uma construção espiritual muito forte. 

Saiba mais sobre o milho na visão Guarani no primeiro episódio do nosso podcast.

Vocês têm ações para promover a justiça de gênero na CGY?

Uma das três frentes que a gente tem na Comissão Guarani Yvyrupa são os encontros das kunhangue, encontro das mulheres. Nesses encontros, por conta de toda essa questão do vírus e tudo mais, está bem difícil, mas a gente tem feito encontros fechados na própria aldeia para que não haja essa questão de disseminar o vírus. Vários deles acontecem apenas com as pessoas que já estão em convivência. Nesses encontros a gente fala muito sobre machismo, sobre violências de diversas ordens, sobre questões específicas coletivas. 

Esse é um espaço importante e é muito lindo porque nesse último, que eu fui, houve várias falas feitas pelas nossas mais velhas, cada uma delas ocupava até duas horas de fala.

É outra lógica do tempo, porque às vezes a gente está na Universidade e é quinze, vinte minutos cravado. Então são espaços muito bonitos de uma escuta que a gente leva vários dias e escuta tanto as mais novas e também as mães, as avós.

No final desse encontro a gente faz um apanhado das principais pautas que foram trazidas e como enfrentá-las. Isso porque o próprio processo de invasão cristã nas aldeias apregoa, tem apregoado por séculos, qual é o lugar que a mulher deve estar, que ela deve ser submissa, que ser LGBT é uma aberração e isso produz efeitos sim em muitos espaços indígenas. A gente julga que não é porque esses discursos não são de nossa autoria que eles não nos afetam na nossa prática. 

Podemos observar a importância da noção de cuidado para vocês. Como isso se expressa?

Lembrei daquela expressão que as pessoas falam “não tem que ficar cuidando da vida dos outros”. Nessa frase observamos que o cuidado é usado como sinônimo de controle. Me parece que quando as pessoas dizem “não cuida da minha vida” elas querem dizer “não controle a minha vida”. E essa profunda relação de controle e cuidado está posta mesmo em muitos espaços. 

O que a gente pensa como cuidado é um cuidado circular em que eu cuido ao mesmo tempo que sou cuidado. Isso porque, historicamente, as funções de cuidado estavam muito mal distribuídas de modo que muitas pessoas se sentiram e se sentem em uma certa dupla jornada, tripla jornada. Tem toda uma reflexão sobre isso. De como essas ações de cuidado ficam desigualmente postas. Mesmo que a terra nos cuide, a gente também cuida dela. Não é um processo de mão única.

Tem até uma história de que a Kerexu conta que, de manhã, as crianças acordam para ir nadar, por exemplo, no rio e aí não são somente as crianças que se acordam com a temperatura da água é o rio que acorda com a chegada das crianças. A gente traz essa visão de uma relação de reciprocidade em que a gente cuida ao mesmo tempo que é cuidado. E se esse cuidado é coletivo ele não pesa para uma pessoa específica, não esgota essa pessoa. A gente tem pensado cuidado nesse sentido de uma reciprocidade. E até para fazer esse link com a questão da autonomia. Não é autonomia no sentido de basta a si mesmo, tem autonomia de dar conta de todas as coisas. A gente precisa de muita gente para estar vivo, precisa do ar, da água, de muitos seres para existir. Não tem como mesmo a gente ser completamente autônomo. O ponto é de que forma esse cuidado está posto, de que forma ele está distribuído. 

Qual o seu sonho para o futuro?

A gente diz que a travessia da vida é uma travessia sem origem e destino. Então, que a gente tenha talvez que construir uma qualidade dessa travessia. Eu penso muito de que quando não tiver mais nesse corpo que eu estou agora e me transformar em minhocas, formigas, outros seres (…). A noção do tempo que a gente traz é muito o tempo não linear, que não seja do que eu fui, do que eu sou, do que eu serei, mas de uma continuidade. Dentro disso tudo, esse amanhã, vou falar assim para não falar “futuro”, é onde a gente possa lidar com os problemas. Eu gosto muito do Fanon [Frantz Fanon] quando ele traz essa questão também, que a gente possa lidar com os problemas de maneira humana. Eu não tenho o sonho de uma vida sem problemas, tipo aqueles cartazes das Testemunhas de Jeová, que aparecem lá o gato com o leão. Não é uma vida sem conflito e sem problema, mas é uma vida em que os conflitos e os problemas não sejam opressivos de tal maneira que a gente não consiga caminhar com eles, que a gente não consiga viver feliz a partir disso. 

Diante disso tudo, esse amanhã, e até pensando assim na minha área da psicologia, as duas grandes psicopatologias do nosso tempo que são ansiedade e depressão, elas têm uma relação muito direta com o tempo. Seja esse tempo de estar estagnado, de não conseguir se movimentar, seja esse tempo acelerado da ansiedade. Eu nunca ouvi alguém dizendo que tem uma crise de pânico com algo que é muito maravilhoso, porque o amanhã que oprime nesse sintoma é sempre um amanhã muito terrível que assombra as pessoas. É sempre um roubo. A gente sente muito forte de que esse modo de vida ele nos rouba não só o passado, em narrar a nossa história de um jeito deturpado, como o nosso presente, como o nosso futuro. Parece que sempre o amanhã vai ser a comprovação da angústia. E o amanhã é um tempo que a gente não tem. Ele pode ser inclusive pior, infelizmente, do que a gente imagina, mas é algo que a gente não tem.

Essa abertura, essa generosidade e de lidar com os fluxos da vida como algo que a gente não necessariamente controla nos ajuda a diminuir a nossa importância. E, com isso, não quer dizer que, pelo fato da gente não poder fazer tudo, que a gente não possa fazer nada. É importante sair desses extremos. Mas daí nesse sentido de construir uma saúde coletiva mesmo do nosso tempo. Uma saúde que envolva convivência, concomitância, que não tenha a dominação com o seu horizonte.

Tem uma frase que eu acho que é do Fernando Pessoa, e eu não sabia que tantos outros parentes gostavam. Edson Kaiapó, Aline Kaiapó, Kerexu, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara, todos nós citamos o poeta em algum momento, porque embora seja pouco usual há pessoas que mesmo não tendo esse contato com nenhum Povo Indígena ou Povo Quilombola conseguem ter a recepção dessa interconexão. Eu acho que os poetas conseguem ter algumas ferramentas nisso tudo. E ele comenta: “às vezes ouço passar o vento e só de ouvir passar o vento já vale a pena ter nascido”. Então, não falta nada. A gente tem tudo o que a gente precisa nessa vida, não precisa esperar do futuro algo que falte agora. Mas é só realmente que a gente possa viver sem tanta violência.

Mulheres Semeando a Vida” faz parte do projeto Narrando a Utopia, uma iniciativa de Puentes para imaginar um futuro feminista, interseccional e inspirador. 

Agradecemos a consultoria das mulheres indígenas e camponesas da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). 

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