Liderança indígena e ativista, Nandja Xokleng, de 37 anos, é candidata a vereadora de Blumenau (SC) pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Mulher cisgênero e heterossexual, Nandja tem longa trajetória de luta contra a invisibilidade dos povos originários em Santa Catarina e no Brasil. Como a única candidatura indígena em Blumenau, ela busca representar a voz dos povos ancestrais na política local, promovendo a inclusão e a defesa dos territórios originários. Sua candidatura é marcada por um compromisso com a justiça social, a preservação ambiental e a resistência frente ao nazismo e à discriminação que permeia a região.

Nandja é a vigésima primeira candidata a responder ao questionário proposto pelo Catarinas para divulgar as candidaturas comprometidas com a agenda política feminista, antirracista, LGBT inclusiva e anticapacitista em Santa Catarina. As entrevistas são publicadas diariamente por ordem de chegada. Dado o volume de respostas recebidas, vamos publicar mais de uma entrevista em determinados dias. 

O questionário foi dividido em cinco eixos temáticos, abordando questões centrais para a análise das candidaturas:

Acompanhe a entrevista com Nandja

Perfil 

Resuma sua trajetória de vida/militância e o que a motivou a disputar estas eleições.

Sou militante desde criança e sempre lutei por nossos territórios ancestrais que levantamos a bandeira contra o Marco Temporal. Tenho lutado sempre contra a desigualdade social e a invisibilidade dos povos originários no estado de Santa Catarina e no Brasil.

Quais personalidades políticas são suas referências?

Célia Xakriabá, Jandira Feghali, Sâmia Bomfim e Erika Hilton.

Apoio e financiamento

Você tem conseguido verba para a campanha? Quais?

Sim. Apoio e recursos do partido.

Você enfrenta desafios para arrecadar os recursos necessários para sua campanha? Se sim, quais são os principais?

Sim. Somos historicamente invisibilizados no país e dentro de um partido político não é diferente. Nunca somos prioridade por mais que eu seja a que representa a pauta nacional.

Recebi 3 mil reais para fazer campanha a vereadora em Blumenau onde tudo é extremamente difícil por conta do bolsonarismo e do nazismo.

Qual é a importância do financiamento coletivo para a viabilidade de sua candidatura?

Nossa campanha é uma campanha de futuro e contra a crise climática, também uma forma de inclusão e um espaço importante de dizer que ainda existimos e resistimos.

Com recurso com certeza será importante nas ruas, na internet para divulgar a única candidatura indígena de Blumenau.

Propostas

Quais são os principais temas a serem debatidos no município e suas propostas para cada um?

Saúde, educação e mobilidade urbana.

Quem forma sua base eleitoral? Quais são suas mensagens centrais? E seu slogan de campanha?

Minha base eleitoral é meu território. 

O slogan da minha campanha é “Nunca mais uma Blumenau sem nós”.

Tem propostas para promover a igualdade de gênero, LGBTQIA+ e racial no âmbito municipal? Se sim, quais?

Sim. Fazer propostas de leis na cidade e inclusão através de formação continuada.

Você tem propostas relacionadas à política do cuidado? Se sim, quais?

Sim. Minhas pautas centrais são meio ambiente, moradia digna e cultura. Dentro destas pautas tem restaurante  popular como pauta também.

Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários

Como pretende enfrentar discursos reacionários que comprometem a equidade de gênero e racial, especialmente na educação?

Minha principal forma de enfrentar é ser eleita. Quando for eleita, serei o próprio enfrentamento com minha presença.

Como avalia a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas municipais? 

Minha avaliação aqui em Blumenau é que as pessoas não têm espaço de fala em movimentos nenhum.

Sua plataforma propõe formas de ampliar a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas? Se sim, como?

Sim. Participando de conselhos, associações e criação de uma secretaria de diversidades na prefeitura.

Qual o papel das minorias políticas na transformação dos serviços de saúde e educação municipais?

É fundamental a participação das minorias que contribuíram na criação de políticas a partir das suas realidades.

Violência política e desinformação

Já sofreu ataques, incluindo intimidação, durante a sua trajetória devido à sua agenda política? Em caso positivo, pode compartilhar algum caso?

Sim. Falo sobre cultura e isso é ofensa para europeus de Blumenau que pisam em outras culturas que não seja germânica.

Nesta campanha, sofreu ataques nas redes sociais ou nas ruas? Se sim, quais?

Sim. Para se esconder e ir morar no mato e ficar quieta na minha oca porque índio não fica com celular de última geração.

Sua candidatura tem sido alvo de desinformação? Se sim, como?

Não.

Tem ações específicas para combater a desinformação? Se sim, quais?

Sim. Educação continuada começando pelas crianças, denunciar e cobrar dos poderes públicos ações sobre.

O jornalismo independente e de causa precisa do seu apoio!


Fazer uma matéria como essa exige muito tempo e dinheiro, por isso precisamos da sua contribuição para continuar oferecendo serviço de informação de acesso aberto e gratuito. Apoie o Catarinas hoje a realizar o que fazemos todos os dias!

Contribua com qualquer valor no pix [email protected]

ou

FAÇA UMA CONTRIBUIÇÃO MENSAL!

Últimas