Leilane Assunção, 37 anos, não resistiu a uma infecção motivada por fungos e morreu na manhã desta terça-feira (13), por volta das 5h, no hospital Giselda Trigueiro, em Natal, Rio Grande do Norte. Ela estava internada há 30 dias na unidade, teve uma melhora, mas foi levada para a UTI no final de semana após piora em seu estado de saúde.

De acordo com a Agência de reportagem Saiba Mais, a informação foi divulgada pela amiga e ex-colega do curso de história Lina Albuquerque, que acompanhou Leilane todo o tempo em que permaneceu internada. A historiadora, ativista e professora era colunista da Saiba Mais desde a fundação do projeto, em 31 de agosto de 2017. Na próxima coluna falaria sobre os dias de tratamento e a importância do SUS.

Leilane Assunção era doutora em Ciências Sociais e professora da Pós-Graduação em História da UFRN, mas a sua vitória pessoal nunca impediu que ela fosse vítima de preconceito dentro e fora da instituição, como relatou ao Blog Lide. Em entrevista ao Blog em dezembro de 2017,  ela disse não comemorar a sua conquista como primeira trans a ocupar o cargo de professora universitária, por se tratar de um caso isolado em meio à realidade de opressão vivenciada por outras pessoas trans.

“Eu sempre quis ter uma carreira acadêmica independente da minha orientação de gênero. Não foi surpreendente para mim enquanto indivíduo, mas isso toma uma proporção maior porque eu sou trans e somos uma população profundamente excluída desde a escola até o ensino superior. Eu não comemoro porque é o indício de algo muito ruim”, afirmou.

Atuante no movimento LGBT, Leilane lutava também pela descriminalização e legalização das drogas. Antiproibicionista, defendia que só a liberalização de todas as drogas poderia fazer frente e combater o tráfico e reduzir a mortalidade de pobres e negros nas periferias brasileiras.

Quando perguntada sobre suas expectativas, a professora afirmou não ser otimista para qualquer melhora na vida das pessoas trans em curto prazo de tempo. Ela argumentou que os movimentos sociais precisam se unir para “ganhar a consciência de maioria que realmente são e eleger um governo que volte a dialogar” e citou um quadrinho da Mafalda “Se a gente sofre junto por que a gente não luta junto?”.

Na dissertação de mestrado defendeu a tese sobre outra guerreira relacionada à mineira Clara Nunes, trabalho que pretendia lançar em livro.

Leilane deixa a mãe e cinco irmãs.

Ainda não há informações sobre velório e sepultamento.

 

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