Destacamos uma reflexão da atriz Fernanda Torres sobre o filme “Ainda Estou Aqui” (2024), em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo:

“Raramente narramos questões políticas pelo lado da família e da mulher. E nesse filme, você percebe o quanto isso é político”.

O longa é uma adaptação do livro de mesmo nome do jornalista Marcelo Rubens Paiva, que narra a trajetória de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.

Ambientalizada na década de 1970, a história acompanha a família Paiva – Rubens, Eunice e seus cinco filhos – que vivem no Rio de Janeiro, numa casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens é levado por militares à paisana e desaparece.

Forçada a abandonar sua rotina de quem vivia para os cuidados da casa e da família, Eunice, interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, se transforma em uma ativista dos direitos humanos, lutando pela verdade sobre o paradeiro de seu marido e enfrentando as consequências da repressão.

O filme explora não apenas o drama pessoal de Eunice, mas também o impacto do regime militar na vida de milhares de famílias brasileiras, destacando o papel das mulheres na resistência.

“Nós nunca soubemos sobre Eunice Paiva, de certa forma. Sabíamos sobre Rubens Paiva, mas ela nunca teve vontade de ser pública. E era uma heroína. Uma mulher que deixou de ser viúva para ser mãe, enfrentou a tragédia, evitou o melodrama e que acreditava que a maneira de lutar contra a ditadura e o autoritarismo era por meio da educação e da justiça”, afirmou Torres em coletiva de imprensa no 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Mais de um milhão de pessoas já assistiram ao filme no Brasil. O longa ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e é o representante do Brasil na disputa por uma vaga no Oscar.

A atuação de Torres tem sido destaque em críticas. Além de atriz desde os 13 anos, ela é escritora, cronista e roteirista. Em 1986, venceu o prêmio de Melhor Atriz no 39° Festival de Cannes, pelo trabalho no filme “Eu sei que vou te amar”.

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