Neste sábado (24), a Escola Olodum Sul, em Florianópolis (SC), recebe a programação cultural e social do projeto Pautas Sociais do Sesc, que tem como tema “Mulheres e seus Territórios”. O projeto itinerante acontece de norte a sul de Florianópolis durante o mês de setembro, reunindo mulheres de diferentes idades e localidades, como empreendedoras, mães, artistas, criadoras, educadoras, militantes, cuidadoras e estudantes. A programação conta com oficinas de tranças, confecção de Abayomis, biodança, corpografias e autocuidado destinadas às mulheres da comunidade em torno da Escola Olodum Sul.

Entre as atrações deste sábado estão a Feira “Amefricanas”, com participação da Feira Afro Artesanal e de empreendedoras locais, e as oficinas de escritura: Falemos!, com Flávia Pimenta, e de fuxico: Fuxiquemos!, com Solange Adão. O palco artístico e cultural conta com a apresentação do Coletivo de Mulheres Negras Pegada Nagô, que dança, canta, interpreta e conta a história do povo negro brasileiro. Reunindo poemas de Solange Adão, Dandara Manoela, Bruna Barreto e Ricardo Conceição, apresentam o espetáculo “Caminho”, no qual pela batida do tambor relatam a escravidão arbitrária do povo preto, seus ritos, mitos.

A partir das 17h, a programação conta com a Roda de Conversa: Bem Viver e Mulheridades, trazendo como tema a economia do cuidado. “Falar de economia do cuidado é algo complexo, contraditório, combativo, satisfatório, libertador e também esperançoso”, adianta Michelle Thomaz de Almeida, protestante progressista e feminista, convidada para a roda. 

A Cia de Dança Finesse Black I, da Escola Olodum Sul, encerra a programação. O projeto social da Escola Olodum Sul, a única fora de Salvador, tem foco na formação de crianças e jovens de comunidades periféricas. 

Economia do cuidado e o Bem Viver

Será ao lado de Shirlen Martins, liderança e educadora social do Quilombo Vidal Martins, no bairro do Rio Vermelho, em Florianópolis, que bem viver e mulheridades se cruzam, assim como territórios e cuidados. “Nós, mulheres, sentimos, sofremos, adoecemos, enfrentamos, lutamos, assistimos e respiramos todos os desprazeres, imposições e opressões que envolvem a economia do cuidado”, destaca Almeida.

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Quilombo Vidal Martins, Rio Vermelho | Imagem: reprodução.

A ativista situa que a economia do cuidado “é o processo de invisibilidade sobre todo o trabalho não remunerado desenvolvido sobre o cuidado dos corpos e tudo que isso envolve dentro da sociedade capitalista: cuidado com a casa, com a alimentação da família, e geração, cuidado e formação das crianças e idosos”.

Ao mesmo tempo que a economia do cuidado se apresenta como um contraponto ao modelo capitalista. “Diz respeito à carga absurda que carregamos emocional e mentalmente em termos do que é imposto como nosso dever ser dentro de uma sociedade que é patriarcal, machista, misógina, sexista, racista, homofóbica e aporofóbica”, avalia.

Porém, a ativista sinaliza contradições relacionadas ao tema, como a economia do cuidado ainda é ligada a um modelo patriarcal. “Economia do cuidado é um nome ‘bonito’ que foi dado para classificar várias formas de opressão que a mulher – crianças, adolescentes e idosas – sofrem em uma sociedade excludente, perversa, desigual e injusta”.

Michelle Almeida durante a visita do candidato a presidência nas eleições de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva, a Florianópolis | Imagem: reprodução.

A entrevistada nos convida a olhar com generosidade para a trajetória de luta que pode nos guiar. “Se olharmos para trás podemos ver que muitas mulheres maravilhosas deram passos absolutamente importantes e conquistaram imprescindíveis liberdades, daí nossa responsabilidade, inspiração e esperança, fontes de onde nos alimentamos e inflamamos para a luta”, conclui a ativista.

Mulheres e seus territórios

O projeto itinerante teve a abertura da edição de 2022 em âmbito nacional em 1º de setembro, no YouTube. Participaram Eliane Potiguara, primeira escritora indígena do Brasil, doutora “honoris causa”, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Carla Akotirene, assistente social, mestra e doutoranda em Estudos Interdisciplinares sobre Gênero, Mulheres e Feminismo, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), autora do livro “O que é interseccionalidade?”.

O lançamento que contou com versos e sentimentos, a partir de vivências, cosmovisão e religião, pautou-se na historicidade das mulheres indígenas e negras na base piramidal dos cuidados. Segundo a organização, esses cuidados estão vinculados aos afetos e à política, um lugar de insubmissão e pertencimento, um lugar ressignificado e transformador, um lugar de muitos caminhos e caminhar.

Live Mulheres e seus territórios, organizado pelo Sesc | Imagem: reprodução.

Serviço

O que: Pautas Sociais Sesc – Mulheres e seus Territórios”

Quando: 24 de setembro.

Onde: Escola Olodum Sul – Rua Gualberto Senna, 400 – Jardim Atlântico, Florianópolis-SC (ao lado da UPA Continente.

Mais informações: Secretaria de Serviços da Escola Olodum Sul: 3304-4801.

Programação:

10h: Abertura do evento com a Feira “Amefricanas” – participação da Feira Afro Artesanal e de empreendedoras locais.

12h – 14h: Oficina de Fuxico: fuxiquemos!, com Solange Adão.

14h – 16h: Oficina de escritura: falemos!, com Flávia Pimenta.

16h – 17h: Apresentação Cultural Pegada Nagô – Coletivo de Mulheres Negras

17h – 19h: Roda de Conversa: Bem Viver e Mulheridades, participação de Shirlen Martins, do Quilombo Vidal Martins de Fpolis e Michelle Thomaz de Almeida, assistente social da Escola Olodum Sul.

19h: Encerramento com a apresentação da Cia de Dança Finesse Black (Escola Olodum Sul).

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