Elenira e Coletiva Popular por Floripa é uma candidatura coletiva formada por sete pessoas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para a câmara municipal de Florianópolis. A candidatura é integrada por pessoas brancas e negras, trans e cis e com diversidade também na orientação sexual, com integrantes que são hétero, lésbica e bissexual. O grupo é formado por Elenira Vilela, Lumen Freitas, Janete Teixeira, Angélica Costa, Davi Souza, Fabi Gonçalves e Wesley Lima.
A Coletiva Popular é a primeira candidatura a responder ao questionário proposto pelo Catarinas para divulgar as candidaturas comprometidas com a agenda política feminista, antirracista, LGBT inclusiva e anticapacitista no estado. As entrevistas são publicadas diariamente por ordem de chegada. Pelo número de respostas recebidas, em alguns dias, mais de uma entrevista será publicada. O questionário foi dividido em cinco eixos temáticos:
- Perfil
- Apoio e financiamento
- Propostas
- Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários
- Violência política e desinformação
Acompanhe a entrevista com Elenira e Coletiva Popular por Floripa
Perfil
Resuma sua trajetória de vida/militância e o que a motivou a disputar estas eleições.
Somos uma coletiva plural de pessoas que representam a classe trabalhadora. Temos pessoas jovens a idosas, professoras, cobradora, microempresária, policial travesti antifascista, ambulante e estudante. Temos trajetórias políticas diversas que vão do movimento estudantil, sindical, de defesa dos animais, do meio ambiente, de uma segurança pública que respeite os direitos humanos, pelo direito à moradia, defesa dos serviços públicos, do movimento LGBTQIAPN+, pela democratização da comunicação, antirracistas e transfeministas.
Nossa coletiva é apoiada pela Frente Feminista 8M SC, pelo compromisso com a construção de um mundo sem desigualdade de gênero, raça e classe. Na coletiva há pessoas de todas as regiões da cidade.
Chamamos as nossas candidatas de porta-vozes. Somos 5 mulheres mães, das quais 3 já são também avós em um grupo de 7 pessoas. Somos socialistas. Elenira Vilela, que colocou o nome para registro no TRE, é militante há 36 anos, uma mãe da diversidade – tem uma filha trans e um filho negro bi -, nasceu na clandestinidade, quando sua família era perseguida pela ditadura militar e iniciou sua luta aos 12 anos no movimento estudantil.
Quais personalidades políticas são suas referências?
De Vilma Reis à Conceição Evaristo, de Lênin a Lula, de Sara York a Herbert Daniel, de Angela Davis a Antonieta de Barros, passando por Simone de Beauvoir e Rosa de Luxemburgo, mas também por Jeruse Romão e Marlene De Fáveri. Nossas referências são as pessoas que lutaram e lutam pelo fim do capitalismo e de toda forma de opressão e exploração.
Apoio e financiamento
Você tem conseguido verba para a campanha? Quais?
Sim: apoio e recursos do partido, financiamento colaborativo e doações diretas.
Você enfrenta desafios para arrecadar os recursos necessários para sua campanha? Se sim, quais são os principais?
Sim. Problemas internos ao partido e ser uma candidatura em que a maioria das pessoas é remediada ou pobre, assim como nosso círculo de apoiadores.
Qual é a importância do financiamento coletivo para a viabilidade de sua candidatura?
Fundamental, estamos com chances concretas de eleição, mas as dificuldades financeiras em conseguir custear determinadas despesas pode significar a não eleição.
Propostas
Quais são os principais temas a serem debatidos no município e suas propostas para cada um?
Pela pluralidade da composição da coletiva, temos propostas em muitas áreas, que passam pela educação, como a criação de mais duas unidades de Instituto Federal na cidade; pela defesa das mulheres, como a priorização das mulheres vítimas de violência nas políticas habitacionais; a luta pelas políticas de moradia popular; o controle sobre as ações da guarda municipal e a formação desse corpo com referência nos direitos humanos; a criação de comitê de prevenção a desastres naturais e mitigação da crise climática; a manutenção das UPAs sem terceirização ou qualquer forma de privatização; o fim da escala 6×1.
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Também, a defesa dos direitos da população em situação de rua, com a defesa do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) público, laico e com profissionais habilitados, e dos trabalhadores e trabalhadoras informais; defesa de serviços públicos e regulamentação para a defesa de animais; o apoio aos cursinhos populares gratuitos para que a população de baixa renda, especialmente mulheres pobres e negras, possam acessar as universidades; pela democratização do acesso aos bens culturais e aumento do financiamento para o setor cultural, entre outras.
Quem forma sua base eleitoral? Quais são suas mensagens centrais? E seu slogan de campanha?
Novamente, devido à composição da coletiva, nossa base é bastante ampla, incluindo pessoas da classe trabalhadora de muitos setores, como a educação e o transporte, trabalhadores informais, estudantes, mulheres de periferia, pessoas LGBTQIAPN+, militantes do movimento ambiental, cultural e de defesa dos animais, servidoras(es) públicos de vários setores, entre outros.
Tem propostas para promover a igualdade de gênero, LGBTQIA+ e racial no âmbito municipal? Se sim, quais?
Sim. A coletiva esteve por três meses na Câmara, para ilustrar, fizemos a proposta da prioridade para mulheres vítimas de violência nos programas habitacionais, a campanha do banco vermelho e da semana escolar de conscientização contra a violência contra as mulheres.
Propomos o treinamento de trabalhadoras da educação e da saúde para o acolhimento de pessoas LGBTQIAPN+. Lutamos pelo retorno da distribuição de terapia de hormonização para pessoas trans. Propusemos a instituição do Dia da Mulher Florianopolitana Leonor de Barros, educadora negra descendente de pessoas escravizadas e a alteração do nome do elevador de Dias Velho para o nome da primeira catarinense engenheira civil, com a retirada da estátua do escravista de exposição na rua.
Propomos políticas que reduzam o racismo por meio de treinamentos às forças de segurança públicas e privadas para que não exerçam hipervigilância contra pessoas negras, entre outras.
Você tem propostas relacionadas à política do cuidado? Se sim, quais?
Sim. Fortalecimento e aumento das unidades dos restaurantes populares. Política no SUS de cuidado para mães neurodivergentes e neuroatípicas. Fortalecimento da educação em todos os níveis, da educação infantil, privilegiando o atendimento em tempo integral, até a pós-graduação, com programas de educação para pessoas idosas, entre outras.
A implementação da Central de atendimento em Libras para população surda, já aprovada há mais de 10 anos e ainda não implementada. Regulamentação do Tratado de Marraqueche para acesso à literatura de pessoas cegas ou pessoas com deficiência física, entre outras.
Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários
Como pretende enfrentar discursos reacionários que comprometem a equidade de gênero e racial, especialmente na educação?
Propusemos a semana contra os crimes cibernéticos, somos a favor da liberdade de cátedra e lutamos contra toda interferência fascista ou teocrática na educação, pela democratização da comunicação e pela regulamentação das mídias para prevenir o discurso de ódio, entre outras.
Como avalia a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas municipais?
Fundamental, a própria ideia de candidatura coletiva tem o objetivo de ampliar a participação. O PT criou o orçamento participativo e evoluiu para a ideia de planejamento participativo. Essa é uma referência fundamental na nossa luta pelo avanço de uma democracia representativa frágil e ainda dominada pelo poder econômico para uma democracia efetiva, sem discriminação e popular.
Sua plataforma propõe formas de ampliar a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas? Se sim, como?
Sim. É necessário ampliar e fortalecer conselhos populares, realizar mais audiências públicas, fortalecer movimentos sociais e a obrigação de gestores e parlamentares em ouvi-los cada vez mais, alternando os meios, adotando plebiscitos e outras formas de participação que garantam ampliação da capacidade de decisão popular.
Qual o papel das minorias políticas na transformação dos serviços de saúde e educação municipais?
Imensa. O Brasil tem um dos maiores e melhores sistemas de saúde pública do mundo porque foi construído de maneira popular e inclui a participação em sua estrutura, dando poder desde os conselhos locais de saúde ao conselho nacional.
A educação precisa evoluir nessa direção, fortalecendo conselhos de escola e grêmios livres. Já na saúde é preciso cobrar que a prefeitura e a câmara executem e implementem o que já está garantido em lei.
Violência política e desinformação
Já sofreu ataques, incluindo intimidação, durante a sua trajetória devido à sua agenda política? Em caso positivo, pode compartilhar algum caso?
Sim. O último foi o ataque da rede bolsonarista, que criaram uma fake news contra nossa porta-voz que registra a candidatura, tendo sofrido ameaças de morte e de estupro e tendo sido denunciada diretamente pela Michelle Bolsonaro por falsa ameaça de morte, denúncia que foi arquivada pelo judiciário por falta de fundamentos.
Nesta campanha, sofreu ataques nas redes sociais ou nas ruas? Se sim, quais?
Na pré campanha, como consequências da falsa denúncia.
Sua candidatura tem sido alvo de desinformação? Se sim, como?
Não.
Tem ações específicas para combater a desinformação? Se sim, quais?
Não.