Catarinas recebe Moção de Reconhecimento por sua atuação pelo direito ao aborto
Homenagem foi entregue pela vereadora Luciana Boiteux, na Câmara do Rio de Janeiro
Nesta quarta-feira (27), o mandato de Luciana Boiteux (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro, entregou uma Moção de Reconhecimento ao Portal Catarinas, na Câmara Municipal da capital carioca, em referência à sua atuação pelo direito ao aborto no Brasil. “É uma mídia que vem se destacando nessa luta e que a gente está muito orgulhosa de poder homenagear aqui hoje”, disse a parlamentar na solenidade.
O Catarinas foi representado pela jornalista Kelly Ribeiro, que foi convidada a compor a mesa e, em sua fala, destacou o papel fundamental que o jornalismo independente e feminista cumpre no Brasil ao informar sobre aborto, a partir de uma perspectiva de saúde, esperançando uma postura ética e democrática também para os grandes jornais.
“Não existe democracia sem informação de qualidade. E faz parte do trabalho jornalístico apresentar e aprofundar informações que garantam a existência dessa democracia. Afinal, também não existe democracia sem liberdade de imprensa”, falou a repórter do Portal.
A sessão de homenagem ocorreu em alusão ao 28 de setembro, Dia de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto na América Latina e Caribe. Junto ao Catarinas, outras cinco mídias feministas, que desenvolvem trabalhos de comunicação e/ou de jornalismo, foram homenageadas: Intervozes, Gênero e Número, Revista Azmina, Nem Presa Nem Morta e Senta Direito Garota!
Também compuseram a mesa, ao lado de Luciana Boiteux e Kelly Ribeiro, Beatriz Galli, do Ipas; Lúcia Xavier, da Criola; e Rebeca Mendes, do Projeto Vivas.
As demais homenageadas foram as ativistas Lia Manso, Tatianny Araújo, Leila Linhares, Virginia Figueiredo, Jaqueline Pitanguy, Angela Freitas, Hildete Pereira, Eleutéria Amora, Ana Paula Sciamarella, Sonia Corrêa, Dilveia Quintela e Juliana Reis; as cineastas Eunice Gutman, Carla Gallo, Theresa Jessouroun, Renata Corrêa, Carol Araújo, Rogéria Peixinho, Juliana Rojas, Helena Solberg, Amanda Kamancheck e Ana Rezende.
Marielle, presente!
Durante a cerimônia, Boiteux também fez menção à vereadora Marielle Franco, vítima de feminicídio político por sua luta pelos direitos das mulheres.
“Vivemos anos de profundo retrocesso, desde o golpe contra Dilma, passando ainda por esse pesadelo dos quatro anos de Bolsonaro, mas também precisamos reconhecer as tantas mulheres que estiveram na luta – e essa tribuna não se chama Marielle Franco à toa. Marielle Franco, mulher de luta, continua nos inspirando”, disse.
A vereadora anunciou que a estátua de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro receberia um lenço verde. “Marielle, se estivesse viva, estaria conosco nessa luta.”
Confira o discurso de Kelly Ribeiro na íntegra
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“Desde sua criação, o Catarinas se posiciona na linha de frente dos debates relativos à descriminalização do aborto e denuncia os inúmeros problemas que a criminalização do procedimento acarreta para as vidas das brasileiras.
Nos últimos dois anos, o Portal, por exemplo, denunciou situações graves de violação do direito ao aborto, envolvendo crianças vítimas de estupro. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em junho de 2022, quando juíza e promotora induziram uma menina de 11 anos a desistir do aborto. A denúncia jornalística teve repercussão nacional e impactou diretamente para que fosse realizado o aborto legal da criança.
No entanto, a repercussão na mídia tradicional desse caso e de tantos outros revela que o tema precisa ser visto de modo mais amplo e aprofundado. Como a questão de saúde pública, que de fato é.
É preciso reafirmar o direito à autonomia das mulheres de decidir sobre seu corpo e seus projetos de vida, incluindo nessas coberturas as questões interseccionais, afinal mulheres negras e pobres são as que mais morrem em procedimentos não seguros.
E como bem escreveu a ministra Rosa Weber em seu voto: “a maternidade é escolha, não obrigação coercitiva”.
Não existe democracia sem informação de qualidade. E faz parte do trabalho jornalístico apresentar e aprofundar informações que garantam a existência dessa democracia. Afinal também não existe democracia sem liberdade de imprensa.
O jornalismo vive numa constante adaptação e consequentemente os profissionais que trabalham com ele também. Mas é dever de todo jornalista opor-se ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E a criminalização do aborto no nosso país viola direitos fundamentais das meninas e mulheres.
Esse compromisso de aprofundar o tema, trazer pesquisas, entrevistar especialistas, destacar as recomendações internacionais, contar histórias que humanizem os números, é um compromisso já selado pelo jornalismo independente, feminista, antirracista e anticapacitista, mas que ainda precisa ser assumido pela mídia tradicional. Mas enquanto isso não acontece, seguimos criando nossas estratégias para comunicar e alertar sobre o negacionismo científico que é impedir o acesso seguro ao aborto. Um trabalho que não acaba no 28 de setembro. Baseado em argumento científicos e dados que corroboram com
Citando aqui a jornalista e diretora executiva do Portal Catarinas, Paula Guimarães, com quem tenho o prazer de trabalhar: “O jornalismo cumpre papel cidadão, ético e fundamental ao assumir a legalização do aborto como parte de uma sociedade justa”.
Obrigada.”