*Publicado em Universa em colaboração com Catarinas.

Condenado  por violação sexual pelo TJ-SC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), em abril deste ano, em 2ª instância, o ginecologista e obstetra catarinense Edison Fedrizzi teve a licença do exercício profissional cassada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), na terça-feira (11). 

A informação foi confirmada pelo CRM-SC (Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina) após a publicação de reportagem de Universa mostrando que o médico continuava dando aulas na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) mesmo após a condenação – ministrar aulas na área fica proibido quando uma licença é cassada. 

Fedrizzi foi denunciado pelo MP-SC (Ministério Público de Santa Catarina) em 2018 por crime de violação sexual mediante fraude. Segundo testemunhas e vítimas, sob o argumento de realizar exames ginecológicos, ele fazia perguntas relacionadas à vida sexual das pacientes e as tocava em partes íntimas se dizendo alguém que poderia ensiná-las a alcançar o orgasmo.

O médico foi condenado em primeira instância em agosto de 2020. Em abril deste ano, a 3ª Câmara Criminal do TJ-SC  manteve a condenação e a pena de oito anos, 11 meses e 10 dias de reclusão, “em razão da existência de provas robustas”. O processo corre sob segredo de justiça e o Fedrizzi ainda não está preso, pois recorre da decisão. 

Antes da decisão do conselho federal, o CRM-SC havia instaurado uma investigação sigilosa sobre o caso e decidiram pela cassação de Fedrizzi. 

O médico foi procurado pela reportagem para comentar a decisão do CFM, mas não respondeu ao pedido de entrevista até a publicação deste texto. O espaço segue aberto e, caso haja manifestação, será incluída aqui.

Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina decide pela cassação do ginecologista e obstetra Edison Fedrizzi | Imagem: reprodução/CRM-SC.

Professor voltou a dar aulas após condenação

Com a publicação da decisão, as aulas dadas por Fedrizzi, como médico, também devem ser suspensas.

“A autarquia cumpre os trâmites processuais e informa que em razão da penalidade máxima imposta, o profissional perdeu a habilitação para exercer a medicina no país, não podendo desempenhar qualquer ato médico, incluindo lecionar atividade médica”, afirma, em nota, o CRM-SC.

Não há possibilidade de recorrer desta decisão. 

Desde o início do segundo semestre, alunos da UFSC questionam a presença de Fedrizzi no corpo docente da universidade. Conforme noticiou Universa, ele voltou a ministrar disciplinas teóricas e práticas vinculadas ao módulo Saúde da Mulher do GDO (Departamento de Ginecologia e Obstetrícia) da universidade. 

Procurada, a UFSC informou, em nota, que tomou conhecimento da cassação do registro profissional do médico, o que implicará o seu afastamento das atividades que exijam tal condição. “Será solicitado ao CRM-SC o acesso à íntegra da decisão para que sejam tomadas as medidas cabíveis”, afirma.

Antes disso, porém, a instuição informou que ele seguia no corpo docente. Indignados com seu retorno, 240 alunos assinaram uma carta do Calimed (Centro Acadêmico Livre de Medicina) exigindo da direção do curso a substituição imediata do docente. 

Como forma de protesto, os alunos também não estavam frequentando as aulas  ministradas por ele. A ausência, no entanto, gerou preocupação sobre uma possível reprovação nas disciplinas.

“Tenho medo de que os alunos não tenham as faltas anuladas, que esse conteúdo perdido não seja reposto e, sobretudo, que estudantes envolvidos nessa mobilização sejam perseguidos por baixo dos panos dentro da instituição”, declarou uma estudante que prefere não se identificar.

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  • Fernanda Pessoa

    Jornalista com experiência em coberturas multimídias de temas vinculados a direitos humanos e movimentos sociais, especi...

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