A Grande Assembleia Das Mulheres Kaiowa e Guarani do Mato Grosso do Sul é realizada na capital federal de 2 a 6 de setembro. Elas lutam contra o ‘marco temporal’ e participam da 2ª Marcha Mulheres Indígenas, de 7 a 11.

Em Brasília-DF, as mulheres indígenas Kaiowa e Guarani participaram da Mobilização Nacional Luta Pela Vida: Nossa História Não Começa em 1988. Acompanham o julgamento da tese do ‘marco temporal’ no Supremo Tribunal Federal (STF) que terá a votação retomada na quarta-feira (8). Em meio a essas lutas denunciam, em uma grande assembleia, as violências vividas no estado do Mato Grosso do Sul e o feminicídio da jovem Raíssa, de 11 anos.

A programação do encontro discute entre outros assuntos a violência estrutural contra as Mulheres Kaiowa e Guarani, o crime de intolerância religiosa contra as Nhandesys, e as violências obstétrica, sexual e psicológica. Apoiam o evento em uma coalizão por justiça para as meninas e mulheres indígenas, entre outras organizações, a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), ONU Mulheres, Instituto Marielle Franco, Coalizão Negra por Direitos, Levante Feminista Contra o Feminicídio e Marchas Mundial das Mulheres (MMM).

Grande assembleia denuncia o feminicídio de Raissa Guarani-Kaiowá, de apenas 11 anos, em 9 de agosto, no município de Dourados, Mato Grosso do Sul/Imagem: divulgação

Todas dizem #RaíssaPresente!

Uma Audiência Pública Internacional será realizada com o tema “Corpos silenciados, vozes presentes – A Violência contra as Mulheres Kaiowa e Guarani”, com o lançamento do Mapa virtual com os dados. 

No encontro ocorre o lançamento do documentário Kuna Porã: Matriarcas Kaiowá e Guarani, de Fabiana Assis Fernandes, produzido pela Casa dos Ventos. Filme sobre escuta, amor e resistência, foi idealizado e concebido em conjunto com suas protagonistas, entre elas, anciãs, parteiras, rezadoras, artesãs, agentes de saúde e professoras. Elas expressam através dos relatos de suas lutas coletivas e práticas cotidianas as especificidades de ser mulher Kaiowá e Guarani no imaginário social de suas aldeias e acampamentos na região cone sul de MS.

Os direitos dos Povos Indígenas e a agenda anti-indígena, pela tese do marco temporal, serão discutidos, abordando projetos de lei como o PL Nº 490/07 que altera o Estatuto do Índio e a Demarcação de Terras; o PL 2633/20 – ‘PL da Grilagem’; o PL 3729/04 da Nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental; o PL 191/2020 da ‘Mineração em Terras Indígenas’ e o PDL 177/2021 que trata da Denúncia da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Temas como mudanças climáticas, florestas destruídas, terras envenenadas, a extinção do “humano” também serão abordados.

Acompanhe a programação.

Kuñangue e os direitos dos povos

Na conjuntura de extermínio de vidas indígenas, as mulheres Kaiowa e Guarani conversam em assembleia sobre seus direitos originários. Sem elas não há vida, território, saúde e educação. São seus saberes e práticas que permitem a produção e reprodução na continuidade dos valores ancestrais. A valorização desses conhecimentos por meio da conscientização social pode contribuir na construção de políticas coletivas que favoreçam a vida dessas mulheres.

A Nhandesy Kunhã Yvoty, Dona Lulu, que é conselheira da Kuñangue Aty Guasu, Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá, denuncia violências que está sofrendo em seu próprio território. Uma das denúncias foi feita em razão do vereador indígena Tato Souza (PT) da cidade de Amambai, no Mato Grosso do Sul, apoiar um dos agressores da idosa, condenado por violência doméstica e que vem descumprindo uma medida protetiva de urgência.

Veja o documento oficial da denúncia.

Acompanhe a denúncia da Nhandesy de Amambai (MS)

Vereador Tato Souza (PT) reivindica direito de resposta

Diante da denúncia publicada pelo Portal Catarinas, a assessoria de imprensa do vereador indígena Jayson de Souza Morais, conhecido como Tato Souza (PT), procurou nossa equipe para reivindicar um direito de resposta.

“Nunca desrespeitei a dona Lucila, ao contrário, sempre que pude eu a ajudei com roupas, calçados e alimentos, como sempre trabalho com os nossos mestres tradicionais. Não compactuo com qualquer tipo de discriminação. Desconheço os relatos de que isso têm acontecido com a dona Lucila. Não tenho interesse em terras que pertençam a ela. São falsas, irresponsáveis e sem fundamento as acusações feitas contra minha pessoa nesta matéria”, afirmou em nota enviada ao Portal Catarinas.

Leia o documento completo.

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  • Vandreza Amante

    Jornalista feminista, antirracista e descolonial atua com foco nos olhares das mulheres indígenas. A cada dia se descobr...

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