O dia amanheceu quente em diversas cidades catarinenses, mas não eram os termômetros que marcavam a alta temperatura. Uma série de ações, coordenadas pelo movimento grevista deste 30 de junho, mobilizaram centenas em diversas rodovias pelo estado. Articulada pelas centrais sindicais e movimentos sociais, a greve é a quinta ação de massas do ano organizada em resistência às reformas trabalhista e previdenciária.
Na capital, manifestantes armaram uma barricada na entrada da ponte Colombo Salles que liga o continente à ilha, por volta das 6h da manhã. Mais de cem pessoas interditaram a via. Em resposta, houve ofensiva policial com disparos de balas de borracha e bombas de efeito moral. A ação durou cerca de uma hora e três manifestantes ficaram feridos. No Norte da Ilha, na rodovia SC 401, outro piquete foi organizado por manifestantes que também atearam fogo em pneus e obstruíram as vias nos dois sentidos.
Ainda pela manhã, houve paralisação de duas horas do transporte público e uma concentração ocorre agora na Praça do Sintraturb, no centro da cidade. A partir das 15h, está previsto ato no local e passeata.
Confronto em Navegantes
O maior confronto da manhã aconteceu em Navegantes. Por volta das 5h30, cerca de 500 manifestantes fecharam a BR 470, no acesso ao Porto. A expectativa dos grevistas era impactar as atividades portuárias que dependem do fluxo de cargas que trafega pela rodovia. Logo no início da ação, a Polícia Militar (PM) usou táticas de repressão, também disparando balas de borracha e bombas de efeito moral. Neste ponto, a ação durou cerca de uma hora. Em seguida, os manifestantes seguiram em caminhada até a BR-101, próximo ao trevo de acesso à Navegantes, interditando a via no sentido norte. Uma nova repressão, com tiros de bala de borracha e bomba de efeito moral dispersou os manifestantes.
A PM encurralou um grupo e prendeu um dos ativistas. O segundo preso foi capturado quando estava dialogando com os policiais. Eles foram encaminhados à Delegacia de Navegantes e, em seguida, enviados para a Central de Plantão Policial, em Itajaí. Até o meio-dia, os ativistas continuam detidos. A atendente da Central evitou repassar informações à reportagem por telefone sobre a prisão. Segundo ela, a transferência para a Central teve “motivações administrativas”.
Leia mais
A repórter Sílvia Medeiros, do Portal Catarinas, também teve seu celular apreendido por um policial militar. Questionada sobre se seria manifestantes, a jornalista apresentou identificação da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e conseguiu recuperar o aparelho. O documento foi fotografado pelo policial. Segundo Sílvia, o PM chegou a dizer que ela seria ‘um dos que pagariam mil reais”. O valor a que se refere é uma alusão à proposta de transação penal ofertada pelo Ministério Público nas ações dos juizados especiais criminais.
Parciais pelo estado
O Portal Catarinas levantou algumas ações que ocorreram nesta manhã de sexta em municípios do estado e atualizará informações ao longo do dia.
Grevistas de Blumenau se concentram desde as 9h da manhã na Praça da Prefeitura e organizam passeata para o início da tarde. Já em Rio do Sul, no Alto Vale, manifestantes realizaram uma caminhada até a BR-470 e também interditaram a via. Em Caçador um ato organizado pelo movimento social e sindical da cidade andou pelas principais ruas da cidade.
Em Chapecó, ainda de madrugada, as garagens das empresas que oferecem o serviço de transporte público foram fechadas por um grupo de cem manifestantes durante uma hora. A polícia utilizou gás de pimenta para dispersar a ação. A partir das 10h, as vias de acesso à cidade, na BR 282, foram interditadas em ambos sentidos e permanece trancada até o fechamento desta matéria.
No sul do estado, uma concentração de esforços vindos de diversas cidades da região deu início às atividades de resistência às reformas em Araranguá. A manifestação começou em frente à Agência da Previdência Social e, sob chuva, seguiu em caminhada até a BR 101, interditando o acesso norte de Araranguá. Em Morro da Fumaça, a BR- 101 também foi fechada por manifestantes.
Categorias paralisadas
Além das intervenções e atos, o dia 30 de junho começou com a greve e paralisação de várias categorias. O transporte público de Florianópolis ficou suspenso das 8 às 11 da manhã em adesão à greve geral. O Sintraturb, sindicato dos trabalhadores do transporte, prevê ainda paralisação entre as 15h e 17h. Os trabalhadores da agência central do INSS em Florianópolis também aderiram o movimento. Os servidores públicos municipais de Blumenau fazem um dia todo de paralisação.
À tarde, a partir das 15h, trabalhadores/as do serviço público municipal (Sintrasem) realizam ato no centro da capital.