Movimento feminista oferece programação online com debates sobre vacinação, aborto, violência contra as mulheres e convoca catarinenses a participarem da mobilização.

O Dia Internacional das Mulheres (8) está chegando e junto com ele estão as diversas lutas travadas para a tão almejada equidade de gênero. O momento pandêmico exacerbou as opressões e violências sofridas pelas mulheres. O índice de feminicídio no Brasil aumentou, as mães estão sobrecarregadas, as mulheres são maioria na linha de frente no combate à Covid19. O auxílio emergencial acabou, a vacina não é prioridade do governo. Um governo, aliás, que tem trabalhado insistentemente pela redução dos nossos direitos reprodutivos e individuais. A união das mulheres mais do que nunca é primordial para o combate ao patriarcado. É por tudo isso e por muito mais que o Movimento 8M de Santa Catarina montou uma programação online que começa nesta quarta-feira (3), às 20h.

A agenda virtual vai até o dia 8, com lives diárias em que convidadas especialistas vão debater a vacinação, a renda básica, o direito ao aborto e o fim da violência contra as mulheres. Além disso, o movimento faz um chamado para todas as mulheres de Santa Catarina aderirem à mobilização política para o dia 8 de março, desta vez nas redes sociais devido à necessidade do isolamento social.

“É um um desafio para gente que estamos acostumadas a ocupar as ruas, ter que migrar para o online, mas a condição que estamos colocadas é a de cuidado, então não podemos botar a vida de outras mulheres em risco”, afirma Vanda Pinedo, integrante do 8MSC.

Neste ano, o movimento nomeou as ações do mês de março de “Jornada Schirlei Azevedo”. Uma homenagem à catarinense, militante, feminista e atuante assídua na luta pela igualdade de direitos que faleceu em 24 de abril de 2020 vítima de câncer.

“Não foi preciso convencer ninguém do movimento para darmos o nome da jornada de Schirlei Azevedo. Ela foi a protagonista do movimento 8M em Florianópolis. Atuou na construção desta organização plural. Ela era uma formadora na área de violência e feminismo, atuou na Secretaria Nacional de Mulheres do PT. Ela era uma gigante e muito agregadora, muito simpática e muito querida, muito batalhadora. Se ela tinha dez reais e tinha uma mulher precisando, ela entregava os 10 reais, o que ela tinha ela dividia, mulher que sofria violência, ela acolhia. A Schirlei tinha compromisso com a luta pela libertação das mulheres”, conta Marta Vanelli, professora e integrante do 8M-SC há 3 anos.

Schirlei Azevedo
Schirlei Azevedo é a grande homenageada deste ano no mês das mulheres. (Foto: Reprodução)

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Leia a carta de chamamento pelo fim das opressões contra as mulheres divulgada pelo 8M-SC:

Por um 8 de março impactante

“Queremos convidar as mulheres de Santa Catarina em sua diversidade para colocarem suas denúncias, lutas e reivindicações nas ruas! Neste 8 de março, como em todos os outros dias, queremos muito mais do que flores: desejamos que nossos direitos, corpos e escolhas sejam respeitadas. O 8M-SC, organização pela Greve Internacional de Mulheres, o histórico 8 de março, surge com um propósito: continuar nossa luta, sem a qual nossas conquistas jamais seriam possíveis. Nosso enfrentamento não é de hoje e não pode parar enquanto o machismo demonstrar uma mísera fagulha.

No último ano, nossas vidas foram completamente alteradas devido não só à pandemia da COVID-19 mas também à postura negligente e genocida de prefeitos, governadores e do presidente. Não garantiram renda básica para que trabalhadoras e trabalhadores pudessem manter o isolamento e proteger suas vidas e de suas famílias. Não é coincidência que a maioria das mortes no país tenha raça, classe e gênero bem explícitos. Por isso, lutaremos pela renda básica, pela garantia de vacinação para todes de forma gratuita e pelo fim desse projeto conservador e assassino que o Bolsonaro representa!

Bolsonaro e seu governo são inimigos das mulheres! No início de 2020, o presidente afirmou que não reforçaria investimentos para as políticas de combate à violência contra a mulher. Enquanto isso, em Santa Catarina, durante a quarentena, em média 5 mulheres são vítimas de violência doméstica a cada hora, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de SC. Além disso, temos visto o ataque ao já restrito acesso que as mulheres têm ao aborto legal, explícito no caso da menina de 10 anos que foi assediada pelo próprio Ministério para não realizar a interrupção de uma gestação de alto risco causada por um estupro.

Motivos não faltam para tomarmos as ruas com nossas denúncias, lutas e reivindicações, pois as mulheres trabalhadoras, de norte a sul do país, no campo e na cidade, nas terras indígenas e nos quilombos, vêm sendo atacadas e tendo seus direitos ceifados. Chamamos todas as manas, coletivos de mulheres, frentes feministas, organizações movidas por mulheres e movimentos de mulheres trabalhadoras que defendem nossa integridade, que lutam e sonham com o fim de toda violência contra a mulher, para se unirem e construírem atos em suas cidades neste dia simbólico!

Mulheres trabalhadoras, negras, transexuais, lésbicas, bissexuais, indígenas, camponesas, gordas, mães, idosas, deficientes, surdas, cegas, cadeirantes, de todas as matizes religiosas, dos diversos territórios do estado, vamos juntas construir as mobilizações do Dia Internacional de Luta das Mulheres em Santa Catarina e fazer parte desta tsunami feminista que tomará o mundo no dia 8 de março!”

Serviço

O que: Programação online para o mês das mulheres com debates sobre diversos temas.
Quando: de 03 a 08 de março
Onde: Facebook do 8M-SC

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