Professoras, professores e estudantes do curso de História da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Chapecó manifestaram apoio à professora Marlene de Fáveri, em frente ao Fórum do município, na última terça-feira (16), durante audiência do processo de danos morais, movido pela ex-aluna Ana Caroline Campagnolo. Marlene é professora de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Entenda o caso

“Não posso orientar quem não acredita naquilo que estuda”, afirma Marlene de Fáveri

A segunda audiência teve como objetivo ouvir as partes e as testemunhas do processo. O professor universitário do curso de Letras da  UFFS, Fernando Gebra, testemunhou em favor da autora da ação. As cinco testemunhas da professora Marlene, no entanto, serão ouvidas em Florianópolis, em 6 de julho.

Em seu testemunho, o professor ressaltou as qualidades de Ana Caroline durante o período em que ela cursou uma disciplina na UFFS, mas afirmou nunca ter trabalhado na UDESC ou ter sido aluno ou colega da professora Marlene.

Antes da audiência, Daniela Félix, uma das advogadas da defesa da professora, afirmou que todas as provas apresentadas pela autora são questionáveis, inclusive estão sendo contestadas através de laudo técnico. “Com toda a pertinência e material probatório, vamos mostrar, ao longo do que nos cabe fazer enquanto defesa, que não houve esse assédio alegado e que o demérito do desempenho acadêmico dela é por conta própria e não por responsabilidades de terceiros”, disse.

Foto: Flávia Durgante

Escola Sem Partido
Para Daniela, é necessário que se entenda que o que está sendo discutido, para além do processo. Trata-se, segundo ela, do debate sobre o Programa Escola Sem Partido, avanço da judicialização e tolhimento da liberdade de Cátedra dos professores e do exercício da livre docência. “Por isso esse julgamento é importante, ele de fato representa simbolicamente a primeira ação judicializada no Brasil. A gente já tem relatos de muitos casos de assédio de alunos por conta da tal da ideologia de gênero, por conta da doutrinação política ideológica. Esse, no entanto, é o primeiro caso e por isso precisa ter uma resposta exemplar da Justiça, sob pena de vermos crescer no judiciário brasileiro casos de alunos que  acham legítimo questionar os argumentos científicos e acadêmicos dos planos de ensino das disciplinas”, enfatizou.

Daniela ainda ressaltou que esse é o caráter que traz a notoriedade para esse caso e que ampliou não só a divulgação do processo, como também os apoios de toda a comunidade acadêmica, da área e História, de muitas instituições acadêmicas e organizações políticas.

O representante do Sindicato dos Docentes da UFFS (Sinduffs), Fernando Vojniak, reafirmou que processos como esse movido contra a professora Marlene surgem de forças conservadoras que estão crescendo no Brasil, como o Escola Sem Partido. Segundo ele, defensores do programa patrocinam projetos de lei que tramitam no Congresso, questionam conteúdos da escola e querem judicializar o conhecimento. “Assim, queremos manifestar nosso incondicional apoio à Marlene e repudiamos veementemente a autora da ação e o programa Escola Sem Partido, pois acreditamos que debates sobre esses temas devem ocorrer nas instâncias acadêmicas e não no judiciário”, argumenta Fernando.

 

 

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