Destacamos a fala da cozinheira Xica da Silva em texto do livro “Quem precisa de justiça climática no Brasil?”:

“Justiça climática é o cuidado com o meio ambiente e com o ser humano”.

Francisca Maria da Silva, mais conhecida como Xica da Silva, nasceu em 1964, em Ipanema, no estado de Minas Gerais. Ela conta que sua ancestralidade está ligada a mulheres benzedeiras de um quilombo, refletindo a herança de resistência da sua família. “Tanto a família do meu pai quanto a da minha mãe foram escravizadas, ‘pegas no laço’ para serem ‘domesticadas’”, relatou no livro, sobre uma realidade que ainda ocorre com muitas mulheres nos sertões do país.

A mais nova de doze irmãos, viveu a infância na roça em meio às plantações e criações de animais. Aos 12 anos, mudou-se para trabalhar em engenho de cana-de-açúcar. Aos 14, começou a atuar como babá. Sua trajetória escolar foi curta, tendo estudado até o 6º ano do ensino fundamental.

Aos 18 anos, mudou-se para Belo Horizonte, onde teve as primeiras experiências como cozinheira. Aos 22, conheceu seu ex-marido e teve três filhas. Enfrentou, durante muitos anos, um ciclo de agressões e privações por parte do companheiro. 

Em 1999, passou pelo Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Benvinda) e depois ficou abrigada na Casa de Acolhimento Sempre Viva.

A partir do apoio e da apresentação da Economia Solidária, fundou a empresa de buffet “Amigos de Xica”. Ao longo de sua trajetória, se aprofundou e se tornou referência nas áreas de soberania alimentar e justiça climática, abordando essas questões de maneira interconectada.

“Só há saúde se houver soberania alimentar, se tivermos um clima saudável, sem poluição, sem agredir o meio ambiente”, defende.

Completou os ensinos fundamental e médio por meio do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Em 1992, conquistou o diploma de chef de cozinha no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Atualmente, integra o Conselho Nacional de Economia Solidária.

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