Amanhã (6), às 18h, está previsto mais um ato Fora Temer, em Florianópolis. Será o terceiro depois do golpe parlamentar que levou Michel Temer à presidência. O ato “Ocupa Beira-Mar #Fora Temer” terá concentração no Trapiche da Beira-Mar Norte. “Nosso ato é pacífico e esperamos que a polícia respeite nosso direito à livre manifestação e não atue com violência contra nós”, dizem os organizadores no evento criado no Facebook.
Na manifestação realizada na última sexta-feira (2), a Polícia Militar de Santa Catarina montou uma estratégia de guerra para impedir que xs manifestantes chegassem à Beira-Mar. Balas de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta foram usados pela polícia para barrar a passagem das pessoas que participavam do ato. A manifestação deixou um rastro de pichações em prédios e destruição de lixeiras nas ruas centrais. Várixs manifestantes se feriram.
No sábado, o Ocupa Minc SC, um dos movimentos que integram a organização do ato, divulgou nota pública para denunciar o “cenário de intimidação” e a violência empregada pela polícia. A Comissão de Direitos Humanos da OAB/SC havia divulgado nota, no dia do ato, exigindo que o estado de Santa Catarina tratasse as manifestações populares “com o mesmo respeito e cordialidade demonstrados frente às manifestações a favor do impeachment”.
Abaixo a nota assinada pelo presidente da OAB/SC Sandro Sell:
“As manifestações populares sobre o impeachment são parte da democracia. Um povo que não pode se manifestar sobre o destino político do seu país ou que é recepcionado por “operações de guerra” por parte da polícia vive num Estado de exceção. Por isso espera-se da Polícia Militar catarinense que trate os manifestantes de hoje com o mesmo respeito que soube tratar os manifestantes pró-impeachment de antes. Polícia é para proteger a cidadania. Para baixar a pancadaria, basta um bando armado e sem comando. Em suma, espera-se dos manifestantes e de nossa polícia uma lição de tolerância, pacifismo e cultura política democrática no mais elevado nível.”
Em seu site, a PM divulgou, no sábado (3), a nota “Atuação da Polícia Militar nas manifestações sociais”, que segue abaixo na íntegra:
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“Em relação a sua participação frente às manifestações ocorridas na noite de ontem na Capital, a Polícia Militar de Santa Catarina esclarece que:
1. Os organizadores do evento, mais uma vez, descumpriram medidas previstas na Constituição Federal (e que garantem a realização de tais atos), ao deixarem de comunicar a autoridade competente.
2. Ainda que, sem dispor de informações como dados sobre previsão de público, itinerário e duração do evento, a capacidade de pronta-resposta permitiu que a Polícia Militar se fizesse presente para garantir a segurança da população em seu livre direito de manifestação.
3. A Corporação jamais deu causa ao início dos confrontos. A ação de vândalos, contudo, exigiu – e sempre exigirá – o uso progressivo da força, à medida em que o patrimônio público e privado for ameaçado e violado, como ocorrido ontem.Desde o princípio, nossa motivação era a de realizar um ato pacífico contra o governo Temer e o golpe que se estabeleceu em nosso país. Manifestar é um direito constitucional de todos os cidadãos e cidadãs.”
Representantes do Ocupa Minc SC disseram em nota que desde o princípio estavam motivados para realizar um “ato pacífico contra o governo Temer e o golpe que se estabeleceu no país”. “Manifestar é um direito constitucional de todos os cidadãos e cidadãs”, dizem na nota. Abaixo o texto completo:
“Desde o início da tarde, um cenário de intimidação já se desenhava pela cidade. Viaturas e helicópteros rondavam as universidades públicas. No centro, um efetivo desproporcional em número e armamento nos aguardava, criando assim um clima de guerra e confronto anterior à manifestação, totalmente incompatível com qualquer governo que se pretenda democrático. A preocupação com tal situação já havia sido expressa pela Comissão de Direitos Humanos da OAB, que soltou uma nota exigindo que o estado de Santa Catarina nos tratasse com o mesmo respeito e cordialidade demonstrados frente às manifestações a favor do “impeachment”. Durante o ato, dialogamos sobre a atual situação do país, com alegria, música, gritos de ordem, bandeiras e faixas. Até onde os manifestantes conduziram o ritmo e o trajeto, tudo ocorreu com tranquilidade. Porém, o comando da polícia militar subitamente decidiu fechar o diálogo com os manifestantes, impedindo a continuação da caminhada. Como bem comprovam as imagens feitas durante esse momento – em que nos encontrávamos completamente encurralados na estreita rua Crispim Mira –, a polícia tentou dispersar a manifestação de forma totalmente irresponsável, iniciando uma chuva de bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha, avançando com a cavalaria para cima da multidão. Em meio ao caos provocado pela polícia, algumas pessoas ficaram feridas e um rapaz chegou a ter convulsões provocadas pela inalação de gás. A polícia militar agiu de forma estúpida e violenta, impossibilitando todas as alternativas de trajeto e impedindo nossa circulação pela cidade. Nós repudiamos veementemente as ações truculentas da polícia militar. Responsabilizamos o comando da Polícia Militar de Santa Catarina e o coronel (sem identificação), que estava à frente das guarnições, pelo desencadeamento de todas as ações que aconteceram após a repressão violenta de um ato pacífico, impedindo a dispersão dos manifestantes e colocando em risco a vida de milhares de pessoas.
Chamamos a responsabilidade das autoridades pertinentes, em especial, do governador do estado e do prefeito, pela manutenção do diálogo e garantia da livre manifestação democrática da população de Florianópolis. É preciso que se abra diálogo urgente, pois não temos dúvida que a violência só fará aumentar mais a indignação popular. Que fique claro, os manifestantes voltarão em número cada vez maior para as ruas, para darmos um basta ao golpe, ao governo Temer, e a todos os ataques aos nossos direitos sociais.”
No ato que reuniu cerca de 100 mil pessoas, ontem (4), em São Paulo, a PM também repreendeu manifestantes com violência. Em um dos casos, policiais atropelaram de forma intencional um manifestante e depois ainda o prenderam sem preocupação com o estado de saúde dele.