Um grupo de Florianópolis (SC) se uniu para construir um aplicativo que promove segurança, assistência e prevenção às pessoas LGBTI, a partir de reuniões de cocriação com a comunidade. A idealização e o planejamento do app Nohs Somos já tomaram forma e o projeto agora segue para a etapa de financiamento coletivo. A startup deu início a uma vaquinha online e terá até 8 de julho de 2019 para arrecadar o valor estipulado de R$ 88 mil.

O aplicativo usa a tecnologia como ferramenta de apoio entre os usuários. São duas principais interfaces: na primeira, quando o usuário estiver em perigo, pode acionar o botão do pânico. Sua localização e as principais informações são enviadas para as pessoas próximas e seus amigos cadastrados no aplicativo, que podem prestar assistência e chamar a polícia.

“Em uma situação de risco, ligar para a polícia pode sim ser difícil. Vamos supor que a vítima não tenha tempo para informar seus dados durante a ligação. Isso pode levar minutos. Nesse momento, seus contatos conectados ao app conseguem ajudar, porque eles terão acesso a esses dados”, explica Bruno Jordão, diretor operacional da Somos.

Na segunda interface, o usuário conta com um mapa de segurança que mostra os lugares amigáveis e também eventos, estabelecimentos e profissionais LGBTIs e simpatizantes. Além disso, pode identificar no mapa se existem relatos de LGBTIfobia em alguma rua, por exemplo, ou antes de ir a um estabelecimento pode se informar quanto às avaliações que aquele local já teve sobre a receptividade e respeito ao público LGBTI.

“Temos que entender, também, que tipo de violência o aplicativo busca combater, já que os riscos de agressão não são iguais para todo mundo. Por exemplo, uma pessoa heterossexual, homossexual e transexual. As três, só por saírem de casa, já estão vulneráveis à violência urbana. A grande questão é: além dessa probabilidade, tem pessoas que sofrem o risco de serem agredidas simplesmente pela orientação sexual ou pela identidade de gênero, e é esse tipo de violência, em específico, que o aplicativo busca combater”, defende Nadyne Garcia, diretora de criação da Somos.

A versão beta será lançada em outubro e a previsão de lançamento nacional é no 1º semestre de 2020.

O aplicativo foi idealizado por cinco amigos que compõem a startup — os arquitetos Bruno Jordão e Hottmar Loch, a designer Nadyne Garcia, o jornalista Felipe Figueira e o desenvolvedor Douglas Gimli. A concepção do projeto teve início em março e reuniu diversas pessoas da comunidade LGBTI, que foram convidadas para reuniões de cocriação, onde eram debatidos os problemas que cada um enfrenta e quais melhorias poderiam ser agregadas ao app.

“Quando falamos que esse é um projeto NOSSO, estamos falando de todos que já contribuíram de alguma forma”, ressalta Hottmar Loch, diretor-geral.

A Cheesecake Labs, empresa com raízes no Vale do Silício e que entende de iniciativas de impacto social, irá desenvolver o aplicativo e custear parte do projeto. “É pelo embasamento nos valores e seriedade da Cheesecake Labs, com bagagem de mais de 100 produtos e aplicativos criados em seis anos de experiência, que formamos essa parceria para a concretização do Aplicativo Nohs Somos. Esta parceria é, ainda, um grande motivador para nós por estar sintonizado com o nosso valor de respeitar as pessoas e abraçar as diferenças”, diz Caroline Schmitz, vice-presidente de gestão de pessoas da companhia.

Outras funcionalidades previstas para o aplicativo, como integração com a Polícia e Disque Direitos Humanos, vêm sendo estudadas pela startup.

O jornalismo independente e de causa precisa do seu apoio!


Fazer uma matéria como essa exige muito tempo e dinheiro, por isso precisamos da sua contribuição para continuar oferecendo serviço de informação de acesso aberto e gratuito. Apoie o Catarinas hoje a realizar o que fazemos todos os dias!

Contribua com qualquer valor no pix [email protected]

ou

FAÇA UMA CONTRIBUIÇÃO MENSAL!

Últimas