Uma imersão no universo do cinema brasileiro dirigido por mulheres é o que propõe o Festival Lanterna Mágica de Cinema, que ocorre de 12 a 15 de dezembro, no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. Formada por mim, Fernanda Ozório, além de Marina Argenta, Cris Siqueira, Yasmine Evaristo e Minom Pinho, a equipe de curadoria deste ano busca estimular o debate sobre a importância da representatividade feminina na indústria audiovisual e apresenta uma seleção de filmes que abrangem diferentes épocas e estilos, oferecendo ao público uma visão ampla da produção cinematográfica brasileira.

Tal produção vem se destacando pela originalidade das narrativas, que muitas vezes desafiam os padrões tradicionais do cinema. Ao longo das últimas décadas, cineastas brasileiras vêm construindo narrativas singulares e desafiadoras, expandindo os limites da representação nas telas. Ao oferecer um espaço para que essas histórias sejam contadas, estamos contribuindo para a construção de um cinema mais plural e inclusivo, capaz de refletir a complexidade da nossa sociedade atual.

Apesar de, tecnicamente, mulheres e homens serem capazes igualmente de desempenharem quaisquer funções necessárias numa produção, a presença de mulheres promove uma mudança significativa na forma como as histórias são contadas. As narrativas ganham muito nas temáticas abordadas, personagens e as relações interpessoais são enriquecidas por uma perspectiva feminina, incluindo suas pluralidades e contradições.

Nos anos 90, com o fim da censura, novas vozes surgiram no cinema nacional, entre elas, as de diversas cineastas que buscavam colocar nas telas temas antes marginalizados. Nomes como Laís Bodanzky e Carla Camurati se destacaram imprimindo suas identidades de forma ousada e inovadora – Carla, inclusive, receberá uma homenagem do Festival no sábado (14). 

Hoje, o cinema brasileiro contemporâneo dirigido por mulheres apresenta uma diversidade temática e estética ainda maior, refletindo as recentes transformações sociais e culturais do país e trazendo na pauta temas como racismo, desigualdade social, representatividade LGBTQIA+ e a luta por equidade de gênero.

Exibir essas obras em um festival de cinema no Brasil, que ocorre na rua de um bairro bucólico e histórico, em uma praça localizada num dos pontos turísticos mais tradicionais da Ilha, é motivo de orgulho para a nossa equipe. Acreditamos que eventos como o nosso desempenham um papel fundamental na democratização do acesso ao cinema.

Ao descentralizar a exibição e oferecer programação gratuita, os festivais ampliam o alcance do cinema e das reflexões que ele proporciona. 

Ainda há muito a se fazer em relação ao maior reconhecimento das mulheres no cinema, mas o Festival Lanterna Mágica se propõe a abrir este espaço dedicado à celebração da obra de tantas diretoras já ocultas ao longo da história, e permitir que as cineastas agora atuantes também tenham este importante espaço do Festival onde seus trabalhos são protagonistas e suas trajetórias valorizadas. 

Saiba mais pelo @festivallanternamagica

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  • Fernanda Ozório

    Historiadora, realizadora audiovisual e produtora cultural desde 2011. Idealizadora do Festival Lanterna Mágica de Cinem...

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