Escolas e universidades em todo Brasil seguem ocupadas por estudantes mobilizadxs contra cortes de direitos e de orçamento para setores como a educação. Na tarde da terça-feira (25), foi a vez da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) ser ocupada por um grupo de estudantes contrários às ações do Governo Temer, como a Medida Provisória (MP) 746, que prevê a reforma do ensino médio, a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 241, aprovada ontem em segunda votação, na Câmara Federal; e o Projeto de lei 193/2016, conhecido pelos movimentos de educação como “lei da mordaça”. No início da tarde de hoje (26), integrantes da ocupação receberam uma notificação de reintegração de posse. Até o fechamento da matéria, não havia movimento de desocupação do local.
Em nota, o movimento “Udesc ocupada pela democracia” explica que xs estudantes estão mobilizadxs desde o dia 18 de abril e que ocupam a partir desta semana, por tempo indeterminado, a reitoria da universidade. O coletivo conta com estudantes dos diversos centros de ensino. A ação desencadeada nesta terça partiu do Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed), percorreu o Centro de Artes (Ceart) e o Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag), culminando com a ocupação da sede da Reitoria por cerca de 150 pessoas.
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“Os cortes com educação afetam diretamente as universidades e a Udesc já sofre com falta de recursos. Também ocupamos a universidade para demonstrar nosso descontentamento com medidas como a reforma do ensino médio e a lei da mordaça. Especificamente nós, da área da educação, como futuros professorxs, seremos afetadxs também em nossa profissão”, destaca uma estudante de História que compõe a Comissão de Infraestrutura da ocupação.
Os/as estudantes também apresentam uma pauta de reivindicação específica, relativa a assistência estudantil. “A assistência estudantil na Udesc é precária, não há moradias universitárias e o preço da refeição no Restaurante Universitário (RU) é de R$ 6,50, o que não é condizente com a realidade dos estudantes. Além disso, só temos RU nos câmpus da capital e de Joinville”, reforça a estudante de Teatro que compõe a Comissão de Comunicação do “Ocupa Udesc”.
Hoje pela manhã, representantes do movimento se reuniram com a reitoria que reconheceu a legitimidade das mobilizações estudantis, mas reforçou que o direito ao protesto não pode impedir que os servidores acessem seu local de trabalho e mantenham as funções administrativas. “Estamos abertos ao diálogo com a reitoria que disse reconhecer a legitimidade do movimento, no entanto, já tivemos a luz cortada fim da manhã”, afirma a estudante de Teatro.
Às 17h está marcada uma assembleia geral que pretende reunir estudantes, técnicos e professores. Para amanhã (27), já está previsto um aulão sobre a PEC 241 e uma programação cultural ainda sem horário definidos.
Em nota, a reitoria da universidade informa que acompanha a manifestação e respeita o movimento estudantil, mas que “discorda da atitude de cercear o direito de ir e vir de técnicos e professores da universidade que precisam manter suas atividades de trabalho”. Ainda segundo o documento “a universidade está tomando as medidas judiciais cabíveis para garantir a manutenção das atividades na instituição. A orientação é de que os alunos venham às aulas normalmente e os servidores, ao trabalho”.