Além da comercialização de produtos, programação prevê espaços de diálogos e atrações culturais

A Feira Estadual da Reforma Agrária é mais que a simples comercialização de produtos. É uma oportunidade de ampliar o diálogo entre o campo e a cidade, debater políticas públicas para a agricultura familiar e camponesa, incentivar o acesso à comida de verdade, com preço justo e livre de agrotóxicos.

“O espaço da feira é muito rico, é parte da cultura popular brasileira. É comercialização de alimentos, mas também é um espaço de troca, cultura e prosa”, explica Juliana Adriano, coordenadora do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) em Santa Catarina.

Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo, em 2017. Foto: Juliana Adriano.

A abertura do evento acontece nesta quinta-feira (17), a partir das 10 horas, e a programação segue até o sábado (19), na Escola Sul da CUT, em Ponta das Canas, no norte da Ilha. Serão comercializados alimentos saudáveis (in natura e industrializados) produzidos nos assentamentos e acampamentos da reforma agrária das diversas regiões do estado, assim como artesanatos. 

Também virão produtos da reforma agrária de outros estados, além da participação de diferentes movimentos sociais, organizações da agricultura familiar e da economia solidária. Durante os três dias serão realizadas apresentações culturais e seminários temáticos sobre a atual conjuntura que vivemos no país. 

Plantação agroecológica no Assentamento Dom José Gomes, em Chapecó (SC). Foto: Juliana Adriano.

Diálogo entre campo e cidade

Entre os temas está o PL 6.299, chamado de “pacote do veneno”, que foi aprovado na Câmara dos Deputados em fevereiro e segue para apreciação no Senado. O projeto flexibiliza ainda mais o uso de agrotóxicos no país, viola diversos artigos da Constituição, acordos e tratados ratificados pelo Brasil.  

Juliana aponta que enquanto outros países estão proibindo o uso de agrotóxicos, no Brasil o volume é cada vez maior e o controle cada vez menor. “Pela legislação temos uma quantidade mínima de agrotóxico que podemos consumir, mas na prática o que vemos é a população envenenada, com câncer, a mortandade dos ecossistemas, a destruição como um todo. Temos que difundir e dialogar sobre isso com a sociedade, fazendo nossos atos e marcando o pé da nossa posição”, defende. 

Ao contrário do agronegócio, que depende de fertilizantes e agrotóxicos para se manter, a agroecologia utiliza alternativas naturais para cuidar do solo e produzir comida saudável. Esta forma de agricultura sustentável é defendida pelo MST e, por isso, no sábado, a conferência principal do evento traz o tema “Agroecologia e alimentos saudáveis para toda a população”.  

“Organizar essa feira, em Florianópolis, tem como objetivo dialogar com o povo que mora nesta cidade sobre o direito à uma alimentação saudável realmente nutritiva, que dê conta de respeitar os seres humanos e a natureza. Este é o caminho da agroecologia que buscamos construir, seria esse modo de viver no campo que não tem exploração de ser humano para ser humano e de ser humano para a natureza”, afirma. 

Criança do assentamento compartilha alimento com crianças da cidade na Feira Nacional da Reforma Agrária, em SP. Foto: Juliana Adriano.

Ainda no sábado (19), será realizada uma ação de solidariedade organizada pela feira com doação de alimentos para comunidades do norte de Florianópolis. A realização da Feira Estadual da Reforma Agrária é do MST, por meio da Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA/SC). 

A Feira Estadual da Reforma Agrária seguirá todos os protocolos para enfrentamento à pandemia de Covid-19 e reforça o pedido para o público sobre a utilização de máscaras e o distanciamento seguro entre todos.     

Confira a programação completa: 

Quinta-feira (17)

Comercialização: 10h às 20h

10h – Abertura da Feira

17h – Roda de Conversa: Por que lutar contra o “Pacote do veneno”? Lançamento – Dossiê contra o pacote do veneno e em defesa da vida 19h – Homenagem a Révero Ribeiro: Contação de história “Causos do Frankolino” e MST

20h – Apresentação teatral: Poeira

Sexta-feira (18)

Comercialização: 8h às 20h

10h30 – Roda de Conversa: Feiras da agricultura familiar

Durante a tarde: Teatro lambe-lambe

14h30 – Roda de Conversa: Processamento de alimentos na agricultura camponesa

16h – Roda de Viola com Leonel, Zé Pinto e convidados

17h – Encontro d@s Amig@sConjuntura política e conjuntura agrária com João Paulo Rodrigues (Direção Nacional do MST)

20h – Apresentações culturais

RAP – Batalha do norte

Viola Caipira

Sábado (19)

Comercialização: 8h às 16h

Durante o dia: Teatro lambe-lambe

10h – Intervenção Cultural 10h30 – Conferência: Agroecologia e alimentos saudáveis para toda a população

Lançamento: Dicionário de Agroecologia e Educação

Durante a tarde: Ato de Solidariedade

13h30 – Apresentação Musical: A Araucária

14h30 – “Bloco” Africatarina (música)

Serviço

O quê: Feira Estadual da Reforma Agrária

Quando: Quinta (17) e Sexta (18), das 10h às 20h | Sábado (19) das 8h às 16h 

Onde: Na Escola Sul da CUT, localizada na Avenida Luiz Boiteux Piazza, 4810, em Ponta das Canas, em Florianópolis 

Quanto: Gratuito

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  • Fernanda Pessoa

    Jornalista com experiência em coberturas multimídias de temas vinculados a direitos humanos e movimentos sociais, especi...

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