Ainda era noite quando iniciou a movimentação no acampamento Egídio Brunetto em Araquari, norte de Santa Catarina. A sexta-feira, dia 8 de dezembro foi de muito trabalho para as cerca de 150 famílias que estavam acampadas na fazenda Florasa e integram o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST. Era dado início à desocupação da área registrada em nome da empresa que cultiva plantas ornamentais e que, através de uma decisão da justiça, conseguiu autorização para que as famílias saíssem da terra. Cumprindo o mandato da justiça, as famílias seguiram para outra terra, um terreno que de acordo com o movimento, está improdutivo há pelo menos 30 anos.

Por volta das 6 horas a bandeira do MST é hasteada em frente a nova área a ser ocupada. Tudo acontece pacificamente. Cada família se vira como pode para trazer seus poucos pertences. Enquanto os homens abrem caminho e limpam a área para a construção dos barracos, as mulheres se ocupam em cuidar das crianças e descarregar os carros e caminhões. Aos poucos, as primeiras lonas pretas são erguidas e os barracos começam a aparecer.

O sol forte e o trabalho pesado judiam. Mas não se vê desânimo nem reclamações. Nas rodas de conversas nos intervalos para beber água e aliviar o calor, ouve-se apenas palavras de otimismo e esperança. “A terra aqui é boa”. “Já encontramos um poço”. “Agora é começar a plantação de feijão e milho”. “Posso voltar a ter minha criação de galinha”.

Mulheres do acampamento lideram diversas tarefas e desempenham papel de coordenação. | Foto: Juliana Claudio/Catarinas |

Os rostos sofridos pela dura lida do campo e pela luta pelo direito a terra contrastam com os olhares brilhantes e repletos de otimismo. As famílias tinham até fevereiro de 2018 para sair da terra em que estavam. O acampamento começou na cidade de Garuva e depois se transferiu para Araquari, cidade que ficou famosa no país por sediar a fábrica da BMW no Brasil. Agora quem passa pela estrada, vê a bandeira vermelha do MST que dá a dica: aqui vivem famílias em busca de moradia digna e do direito a terra para plantar e colher!

Apontando para o horizonte um grupo de mulheres faz planos: Ali vamos fazer nossa horta de ervas medicinais, lá nossa biblioteca. Mulheres fortes, que carregam móveis, criam os filhos, participam ativamente das brigadas, tutelam seus companheiros, erguem lonas, plantam, colhem, produzem, alimentam sua família e seus sonhos. ­­­

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