Elaine Sallas, 40 anos, é produtora cultural, professora de artes e candidata a vereadora de Florianópolis (SC) pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Mulher negra, lésbica e ativista, Elaine coloca no centro de sua campanha o direito à cidade, defendendo uma vida plena e digna, em oposição à mercantilização dos territórios e das pessoas. Com um histórico de militância em movimentos sociais e culturais, sua candidatura representa uma luta coletiva, pautada na construção de uma cidade mais justa, inclusiva e equitativa para todas as pessoas.
Elaine é a vigésima sexta e última candidata a responder ao questionário proposto pelo Catarinas para divulgar as candidaturas comprometidas com a agenda política feminista, antirracista, LGBT inclusiva e anticapacitista em Santa Catarina. As entrevistas são publicadas diariamente por ordem de chegada. Dado o volume de respostas recebidas, vamos publicar mais de uma entrevista em determinados dias.
O questionário foi dividido em cinco eixos temáticos, abordando questões centrais para a análise das candidaturas:
- Perfil
- Apoio e financiamento
- Propostas
- Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários
- Violência política e desinformação
Acompanhe a entrevista com Elaine
Perfil
Resuma sua trajetória de vida/militância e o que a motivou a disputar estas eleições.
Nasci em uma família de mulheres pardas, em Araçatuba (SP), e, aos sete anos, atuei pela primeira vez em uma peça teatral num centro espírita kardecista. Na adolescência, tanto na escola quanto em oficinas de teatro oferecidas pela prefeitura, entendi a importância da arte e o poder emancipatório da cultura e da educação.
Incentivada por uma de minhas irmãs mais velhas, que me aconselhou a fazer licenciatura por ser uma forma rápida de inserção no mercado de trabalho, prestei vestibular para Licenciatura em Artes Cênicas na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e, sozinha, me mudei para Florianópolis.
Sou produtora cultural, professora de artes da rede pública, graduada em Artes Cênicas, especialista em Arte no Campo e mestre em Teatro. Mulher negra, do Povo do Axé, lésbica, ativista e articuladora da Setorial de Cultura LGBT de Florianópolis. Fui idealizadora da Mostra Dissidente de Teatro Político, conselheira estadual e municipal de Cultura, Delegada na 4ª Conferência Nacional de Cultura (2024) e dirigente sindical.
Ao estar nesses espaços de participação social, na formação dos conselhos e nos movimentos sociais, ouvi o clamor das bases e me qualifiquei para disputar um cargo eletivo. Entendo a candidatura como uma tarefa coletiva e tenho muita confiança de que, junto com as bases e com o conhecimento acumulado nos processos de formação, faremos a diferença.
Com um gabinete aberto e próximo de quem nasceu em Florianópolis ou escolheu a capital para morar, vamos exercitar outros modos de fazer política e, assim, amplificar as vozes do povo na Câmara de Vereadores de Florianópolis.
Quais personalidades políticas são suas referências?
Meu primeiro ídolo foi Che Guevara. Na adolescência, tinha camisetas, revistas e reportagens sobre sua vida e sua história. Por eu ter tido essa percepção tão nova, minha família diz que sou militante por vocação. Então o Che, pra mim, sempre foi uma representação da utopia de ter feito o que sempre acreditou.
Mãe Beata de Yemanjá, Mãe Stella de Oxóssi, Makota Valdina, Mãe Bete de Oxum são também representações políticas muito fortes para mim; são oráculos de sapiência, reguladoras do leme do meu barco. Sempre volto em suas falas, entrevistas, comunicados, aprendo e reaprendo. Elas foram e são cruciais para a institucionalização dos direitos dos povos de santo; são referências enquanto patrimônio e memória das religiões de matrizes africanas; são patrimônios imateriais do Brasil – sou louca por elas. Este ano tive a honra de conhecer pessoalmente Mãe Bete de Oxum e de poder cantar com ela. Foi a realização de um sonho.
Na contemporaneidade, não há como falar de política representativa sem citar Erika Hilton: nascida na periferia e também moldada pelo clamor das bases, uma mulher trans, preta, que partiu de uma coletiva e percebeu no processo que seria mais eficaz um trabalho representativo coletivizado com o povo. Difícil imaginar a política brasileira hoje sem Erika, com sua retórica eficaz e suas defesas pelas causas LGBTs.
Fora do eixo político, mas de fundamental relevância para minha constituição enquanto pessoa, está Stella do Patrocínio, que viveu mais de 30 anos de sua vida internada forçadamente na Colônia Juliano Moreira, manicômio do Rio de Janeiro. Ali foram gravados seus diversos falatórios, que nos apresentam uma análise extraordinária da sociedade. O “Reino dos Bichos e dos Animais é o Meu Nome” é um dos meus livros favoritos na vida.
Apoio e financiamento
Você tem conseguido verba para a campanha? Quais?
Sim: apoio e recursos do partido, financiamento colaborativo e doações diretas.
Você enfrenta desafios para arrecadar os recursos necessários para sua campanha? Se sim, quais são os principais?
Sim. Os valores são escassos, e o montante precisa ser dividido entre vários setores (recursos humanos, produção de materiais, estrutura de campanha etc.). Cada um deles precisa do trabalho de diversos profissionais para funcionar e, hoje, ninguém consegue trabalhar com exclusividade para a campanha.
A dificuldade também se aplica ao fato de sermos uma candidatura que vem dos movimentos sociais e, por sabermos de todas as ausências existentes na vida das pessoas, não montamos mobilizações para arrecadar recursos. Tentamos existir na base da militância e, apesar disso, somos muito gratos à força de trabalho que temos conseguido agregar no processo eleitoral.
As pessoas entenderem que qualquer tipo de produção dentro de uma campanha política requer dinheiro. Existe toda uma estrutura pensada para você de fato impactar, e a concorrência com outros candidatos se torna desleal no sentido de aporte para a divulgação e produção de conteúdos.
O descrédito que a política vive é outro ponto. A cada ano, percebemos menos interesse da população em participar do processo eleitoral. Não há mais espaço para as pessoas ouvirem os seus candidatos. Isso agora é feito via redes sociais. Não há debate de ideias, há competição.
Temos uma responsabilidade muito grande de gerir o fundo eleitoral como quem gere recurso público, pois é isso o que de fato ele é. Empenhamo-nos muito em fazer do processo eletivo um pleito pedagógico e gerador de acúmulos com um programa construído de forma participativa, bem distante da ideia de queimar recurso para converter votos.
Nossa campanha se construiu ao longo dos anos, pois a escuta ativa sempre foi a maneira de nós trabalharmos, e os recursos destinados à campanha nos permitem estar em lugares nos quais, fora do período eleitoral, não seria possível chegar, por eu ser professora e trabalhar 40 horas semanais. Isso é qualificar o estar nos territórios enquanto figura pública.
Qual é a importância do financiamento coletivo para a viabilidade de sua candidatura?
Não estruturamos nossa campanha dependendo do financiamento coletivo, por entender esse lugar de precarização no qual as pessoas que nos apoiam estão inseridas. Mas os recursos obtidos voluntariamente foram fundamentais para garantir uma estrutura mínima nas primeiras semanas de trabalho. Pudemos iniciar nossas atividades enquanto esperávamos a resolução das burocracias do lento processo de liberação do fundo eleitoral e partidário.
Propostas
Quais são os principais temas a serem debatidos no município e suas propostas para cada um?
Participação Social com igualdade de gênero e raça. Proteger os direitos humanos. Fortalecer os conselhos de direito. Garantir transparência nos dados públicos. Aplicar plebiscitos e referendos para assegurar ampla participação social na tomada de decisões.
Ocupação dos Espaços Públicos para cultura, arte, lazer e descanso, garantindo infraestrutura adequada para acolher a população. Incentivar artes e esportes em áreas públicas para atividades calendarizadas com acesso democratizado. Por mais praças e parques na cidade.
Cultura, Memória e Direitos LGBTQIAPN+: acesso, fomento e promoção da cultura de forma descentralizada e inclusiva. Mapear e salvaguardar o patrimônio cultural. Promover programas de valorização dos saberes tradicionais. Fomentar a criação e a manutenção de espaços de manifestação cultural. Garantir visibilidade e respeito, em especial à produção artística negra, periférica e LGBT.
Reestruturação da Saúde Básica: garantir a cobertura total do Programa Estratégia de Saúde da Família (ESF). Lutar pela revogação da lei de organizações sociais – OSs em Florianópolis. Lutar pelo Centro de Referência de Parto Humanizado e Saúde das pessoas que gestam. Criar um programa de rede de apoio municipal para acolhimento às famílias cuidadoras de idosos vulnerabilizados.
Educação Integral e de Qualidade: garantir vagas integrais em creches e escolas. Fiscalizar a infraestrutura. Valorizar os professores. Promover formação antirracista. Criar assembleias de crianças. Erradicar o analfabetismo.
Segurança Pública: distribuir a guarda municipal em diferentes áreas. Garantir treinamento em direitos humanos. Promover segurança cidadã. Usar tecnologias não letais. Fortalecer o Programa Patrulha Maria da Penha.
Mobilidade Urbana e Meio Ambiente: aplicar gradativamente a Tarifa Zero, começando com gratuidade aos domingos. Ampliar as linhas de ônibus e ciclovias. Garantir acessibilidade em toda a cidade. Atualizar o Plano Diretor para proteger a natureza e o patrimônio. Desenvolver planos para lidar com as mudanças climáticas e seus efeitos. Ampliar a coleta de resíduos e o saneamento básico. Aumentar o verde urbano. Fortalecer a Comcap.
Quem forma sua base eleitoral? Quais são suas mensagens centrais? E seu slogan de campanha?
Nossa mensagem central é o Direito à Cidade, um direito humano e coletivo que diz respeito tanto a quem vive aqui hoje quanto às gerações vindouras. É um compromisso ético e político que defende um bem comum essencial a uma vida plena e digna, em oposição à mercantilização dos territórios, da natureza e das pessoas.
Temos uma base sólida, construída ao longo de 20 anos, desde o processo da universidade, da inserção nos movimentos sociais, da Ocupa Minc, de todos os lugares nos quais estivemos construindo de forma militante.
Entendo que meu alicerce é a cultura, mas não só. Ampliei esse pilar ao longo do tempo nas áreas técnicas, como professora, na atuação sindical e na pauta de gênero com a criação da Setorial LGBT. Reivindicar esse espaço e dar dignidade à vida dessas pessoas em relação ao trabalho e à renda foi transformador.
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Construímos uma base orgânica e um projeto concreto de pertencimento, de viver, conviver e lutar pela educação, pela cultura, pela comunidade LGBTQIAPN+ e por todas as pessoas trabalhadoras e conscientes de que a forma como vivemos é limitada, pois tiram elementos básicos necessários à vida de qualquer ser humano, como o tempo de fruição, de olhar o mar, de se encantar com coisas simples. Essa forma de trabalho e de consumo está tirando o encantamento, o sabor das nossas vidas.
O nosso slogan é “Que Nós Façamos!”, uma tradução aproximada do significado da palavra Axé, que sempre está comigo, no boné que cobre minha cabeça, e já faz parte da minha identidade. Outra curiosidade, descoberta durante a campanha, é que a frase também está na Internacional Socialista e faz parte do entendimento de uma vida coletiva dizendo “Façamos nós por nossas mãos”.
Tem propostas para promover a igualdade de gênero, LGBTQIA+ e racial no âmbito municipal? Se sim, quais?
Sim. Nosso eixo programático é o direito à cidade e, nesse sentido, não tem como falar de direito à cidade sem falar de igualdade de gênero e sem pautar as pessoas LGBTQIAPN+, porque nossa cidade é uma das capitais com o maior número de pessoas LGBTs, a maioria vivendo aqui por entender que Floripa é um pouco mais segura em relação a outras cidades.
A proteção e o respeito à diversidade são essenciais para a construção de uma cidade mais justa. Temos que garantir dignidade à população LGBTQIAPN+, implementar leis já existentes nesse âmbito, combater a LGBTfobia e assegurar que o Plano Municipal de Direitos LGBTQIAPN+ seja efetivamente aplicado.
Historicamente, a questão racial é o grande dilema de Florianópolis. Temos todo o Maciço do Morro da Cruz, grande e presente na cidade, com comunidades negras tradicionais, mas, ainda assim, somos mais reconhecidos pela cultura açoriana.
Nosso programa fala justamente disto: pautar o legado histórico de memória do povo negro de Florianópolis. Dentro dele, estão as escolas de samba, os mestres e mestras do saber, as lavadeiras e o contexto de bairros como o Monte Serrat, o Morro do Céu, a Mariquinha e o Mocotó, onde estão as histórias, os saberes e fazeres do povo negro.
Preservar a memória da professora catarinense Antonieta de Barros, a primeira deputada mulher negra do Brasil; de Cruz e Sousa, o grande nome do simbolismo brasileiro, e outros nomes como o escritor Ildefonso Juvenal da Silva e o jornalista Gustavo de Lacerda, importantíssimos para a cultura catarinense, apesar de muitas vezes não terem suas histórias lembradas ou visibilizadas, também será nosso papel.
Da história atual, não podemos nos esquecer da professora Jeruse Romão, biógrafa de Antonieta de Barros e coordenadora da criação e implementação dos conteúdos didáticos sobre a história negra catarinense, nem de Dona Valdeonira Silva dos Anjos, a primeira mestra do saber titulada em Santa Catarina pela sabedoria na arte do fuxico, com quase 90 anos.
Você tem propostas relacionadas à política do cuidado? Se sim, quais?
Sim. Nosso projeto prevê a instituição de vagas integrais nas creches e em escolas públicas do município, adequando espaço físico com biblioteca, laboratórios e espaços arborizados e fornecimento de alimentação agroecológica para toda a comunidade escolar.
Além de incentivar o programa permanente de erradicação do analfabetismo na cidade e a implementação gradativa do projeto Lixo Zero nas escolas da rede.
A criação de um programa de rede de apoio municipal, para acolhimento às famílias que são cuidadoras de idosos vulnerabilizados, garantindo equipe multidisciplinar, além de espaço de sociabilidade para fortalecer e amparar a pessoa idosa, bem como ofertar uma rede de apoio pública para a pessoa cuidadora, apostando em atividades integrativas.
A proteção da função social da moradia contra atos de expropriação ou demolições e despejos arbitrários, A ampliação do acesso ao solo urbano para a população mais pobre, combatendo a especulação imobiliária.
A ampliação do fundo público municipal (FMHIS) para o financiamento e a construção de moradias de qualidade para a população de baixa renda. Vamos lutar pela construção imediata da Casa de passagem indígena e pela garantia de titulação do Quilombo Vidal Martins.
Garantir a cobertura total do Programa Estratégia de Saúde da Família, lutar pelo Centro de Referência de Parto Humanizado e Saúde das pessoas que gestam. Mas principalmente criar o entendimento que a política do cuidado está em políticas públicas estruturadas para que o entendimento de saúde e bem-estar social esteja associada a uma vida menos acelerada, com segurança pública, lazer, descanso, entretenimento, movimento do corpo, estar perto da natureza, contemplar e que a vida não esteja pautada apenas no trabalho. Por isso defendemos também o fim da escala 6X1.
Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários
Como pretende enfrentar discursos reacionários que comprometem a equidade de gênero e racial, especialmente na educação?
Somente a educação consciente pode mostrar aos estudantes a diferença entre o discurso de ódio que assombra nossas escolas e a liberdade de expressão, aquela constitucionalmente colocada no artigo 5º. Combater de forma enérgica a propagação de fake news, prática bastante corriqueira nos meios de comunicação atuais. É necessário responsabilizar figuras políticas que usam desse meio para se autopromover.
Precisamos fortalecer e valorizar os professores que vêm sendo atacados diuturnamente por uma corja política, afetando diretamente as atividades docentes e a liberdade de cátedra. Precisamos combater e denunciar as censuras que vêm acontecendo em diversos meios e de diversas formas, seja censura institucional, política, educacional ou artística. Ditadura nunca mais!
Não podemos aceitar que todas as conquistas alcançadas em décadas de luta para combater a desigualdade social, o preconceito e o racismo sejam perdidas para o discurso fanático, fantasioso e perverso de pessoas que não respeitam a diversidade e os direitos humanos, e que fazem do discurso de ódio um projeto de poder.
Como avalia a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas municipais?
Precisamos ampliar as formas e os alcances para uma participação mais efetiva da sociedade civil na construção da política. Disseminar para todo o povo da cidade que temos direitos e que devemos reivindicá-los. Trabalhar com participação da sociedade civil é umas das prioridades do nosso programa, aprofundando a escuta nos territórios com um gabinete descentralizado. Precisamos fortalecer a criação e a manutenção dos conselhos de direito.
Entendemos que, somente com a valorização da iniciativa popular, podemos criar projetos de lei válidos para a promoção da igualdade de gênero e raça, para a proteção dos direitos humanos e para a justiça social na cidade de Florianópolis. Garantir a transparência da gestão pública, aplicar plebiscitos e referendos para assegurar ampla participação social nas tomadas de decisões.
Sua plataforma propõe formas de ampliar a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas? Se sim, como?
Sim. Temos uma metodologia que foi muito eficaz no processo de constituição do gabinete do grande mestre do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, quando foi vereador no Rio de Janeiro, chamado Teatro Legislativo. Também temos exemplos da experiência de organização descentralizada do gabinete da vereadora carioca Marielle Franco, brutalmente assassinada em 2018.
Qual o papel das minorias políticas na transformação dos serviços de saúde e educação municipais?
Na verdade, somos maioria, minorizadas pela heterocisnormatividade branca e colonizada. Tendo isso delineado, precisamos assegurar, sobretudo, que se cumpram todas as leis e diretrizes criadas em defesa das nossas que não estão sendo executadas.
Precisamos garantir dignidade e segurança para a população LGBTQIAPN+, implementar leis já existentes nesse âmbito, combater a LGBTfobia e assegurar que o Plano Municipal de Direitos LGBTQIAPN+ seja efetivamente aplicado, com atuação intersecretarias e destinação de rubricas para que ações e metas saiam do papel.
Acesso à cultura, saúde, educação de qualidade e segurança cidadã são meios fundamentais para a emancipação do nosso povo. Uma cidade na qual possamos seguir sem medo, que acolha as pessoas que estão vulnerabilizadas, que respeite cada um de nós.
Uma saúde que não se paute apenas pela doença, mas principalmente pela garantia de uma vida plena com política pública garantida. Moradia, comida na mesa e acesso a direitos faz com que nossa dignidade não esteja a prêmio e isso melhora o modo de viver.
Uma cidade onde possamos nos relacionar de forma íntegra com a natureza cuidada nos fornece vitalidade. Mas precisamos requalificar os serviços públicos de saúde, de educação e de assistência social. Precisamos de uma cidade culturalmente viável, onde ocupar os espaços públicos não seja visto como crime.
Reativar a UPA Sul, ampliar oferta de servidores públicos de carreira, revogar a lei das terceirizações, que é danosa para a gestão pública. No âmbito da educação, precisamos construir o entendimento de que um modo de vida pautado pelo dinheiro e consumo, sem preservação ambiental e cuidados coletivos, vai extinguir nossas possibilidades de vida.
Esse modo de produção de vida já faliu, e temos vivido a ressaca do processo. Reinventar modos de vida, modos de produção, para a manutenção da nossa própria existência e, principalmente, entendermos que a saída é coletiva. Não está no individualismo, na fragmentação, no acúmulo e no modo capitalista que destrói nosso modo subjetivo, material e simbólico de viver.
Violência política e desinformação
Já sofreu ataques, incluindo intimidação, durante a sua trajetória devido à sua agenda política? Em caso positivo, pode compartilhar algum caso?
Sim. Quem está na luta, na linha de frente dos movimentos sociais é sempre alvo, ainda mais quando se é mulher, negra, LGBT. Muitos dos nossos algozes estão nos meios políticos, lobos em pele de cordeiro. Tem os haters que nesta campanha estiveram em menor número que na campanha de 2020 e agora não têm expressividade. Nesse momento, é importante que a gente consiga dar visibilidade para os nossos avanços.
Sofri perseguição política antes do início da campanha, com calúnias, difamações e ameaças relacionados ao fato de ser uma potencial candidata. Registrei pelo menos cinco boletins de ocorrência neste período.
Nesta campanha, sofreu ataques nas redes sociais ou nas ruas? Se sim, quais?
Não.
Sua candidatura tem sido alvo de desinformação? Se sim, como?
Sim. Candidaturas de outros partidos têm questionado os valores do fundo eleitoral recebidos, todavia, sem contextualizar as diretrizes de distribuição.
Tem ações específicas para combater a desinformação? Se sim, quais?
Sim. Em todos os nossos conteúdos, sempre verificamos as fontes para confirmar a veracidade das informações. Também estamos sempre atentos às notícias falsas que possam ser veiculadas a respeito da nossa campanha, das causas que defendemos ou de nossos apoiadores, com uma equipe estratégica para rapidamente agir diante desses conteúdos e, se for o caso, acionar os meios legais para que tais informações enganosas não se propaguem. Em caso de desinformações veiculadas por outras candidaturas, acionamos o jurídico do partido para ver o que pode ser feito.