Pornô Trans: Mulheres buscam mais “trans lésbicas” que homens
As mulheres têm 134% mais probabilidade de buscar por “lésbica trans” comparado aos homens.
O Pornhub Insights revelou dados, no mínimo curiosos, sobre o interesse em pornografia trans ao redor do mundo, destacando informações específicas de visualização entre diferentes grupos demográficos e países no início de 2024. Este ainda não é o relatório final do ano que geralmente é publicado em dezembro, mas nos dá um vislumbre de como tem se organizado a busca por pornografia trans.
Em 2023, o Brasil, que nunca fica de fora dessa lista, demonstrou o paradoxo de viver entre o desejo e o ódio em relação às travestis e transexuais, tendo ficado em primeiro lugar como nos anos anteriores, será que este ano perderemos o posto? Ainda é cedo para marcar uma tendência, mas iremos analisar o que há disponível em relação a 2024.
O primeiro ano em que o RedTube colocou o Brasil como o país que mais consome pornografia com pessoas trans foi em 2016. Desde então, estivemos sempre presentes na lista e permanecemos na liderança de outros sites internacionais como o maior público para esses vídeos.
Perfil dos Espectadores
Os dados publicados mostram que o público com mais de 55 anos é o mais propenso a consumir pornografia trans, com uma probabilidade 16% maior em relação a outras faixas etárias. Entre as gerações, as buscas por transgender não aparecem entre as 8 categorias mais procuradas pela Geração Z (18 a 24 anos). Já na geração Y (25 a 34 anos) aparece em 7º, na Geração X (35 a 54 anos) em 3º, em 2º entre boomers (+55 anos).
E quanto aos termos mais procurados, “trans” e “transgender” foram os que tiveram mais buscas. Especificamente, as buscas por mulheres trans são 262% mais populares do que aquelas por homens trans. Outras buscas populares incluem em 3º lugar “transgender f*cks girl” e em 4º “trans f*cks straight” – essa última merece destaque e nos revela muitas camadas de discussões que podem surgir a partir desse dado.
Entre as categorias mais pesquisadas, “lésbicas transgênero” aparece em 7º lugar e “lésbicas trans” em 11º. “Black Trans” também tem uma busca significativa, com termos como “transgênero negro”, “transgênero ébano” e “trans negro” ocupando posições de destaque. E aqui é importante apontar o cruzamento entre a fetichização em torno das identidades trans e o racismo que hipersexualiza grupos étnicos e raciais.
Buscas por gênero
A análise dos interesses de pesquisa por gênero revelou que os homens são 176% mais propensos a buscar por “trans japonês” e 92% mais por “trans gótico” do que as mulheres. Além disso, em geral, os homens têm 15% mais chance de assistir a conteúdos trans comparados às mulheres.
Em contraste, as mulheres têm 205% mais probabilidade de buscar por “desenho animado trans” e 134% mais por “lésbica trans” comparado aos homens. Trans lésbicas existem e são desejadas por mulheres, isso não é nenhuma novidade, aliás.
Vale ressaltar que o desejo e a dificuldade de assumir atração por mulheres trans não é exclusividade dos homens cis. Mulheres cis, especialmente lésbicas e bissexuais, também enfrentam medo e receio de se envolver ou sentir atração por mulheres trans e travestis.
Neste contexto, não estou me referindo a mulheres que não sentem atração por pessoas trans, mas sim àquelas que sentem e são reprimidas por vários estereótipos prejudiciais e, evidentemente, pelos efeitos da transfobia, como o medo de perder a aceitação em ambientes lésbicos, com familiares, amigos, entre outros.
E como apontado no relatório de 2023, publicado aqui no portal catarinas, entre as mulheres cis que visitaram o site, elas viram pornografia trans 175% mais vezes do que os homens cis. O que demonstra que pessoas trans não precisam “pressionar” lésbicas para fazerem sexo – ou qualquer outra pessoa, a fazer sexo. Pessoas cis só precisam admitir que elas acham que somos gostosas e que têm desejos por nossos corpos.
Variações Regionais
Nos primeiros meses de 2024, observando a escala global, a Itália lidera as visualizações de pornografia trans, com uma probabilidade 100,5% maior do que a média mundial. O Brasil ocupa o segundo lugar, com uma probabilidade 62,9% maior de visualizações, seguido pela Espanha (53,4%) e pela República Dominicana (52,1%). Nos Estados Unidos, o Nordeste mostra um interesse particularmente elevado em conteúdo trans.
Essas informações oferecem uma visão mais ampla sobre as preferências e tendências relacionadas à pornografia trans, destacando a variedade de interesses e o aumento desse segmento em várias regiões e entre diversos grupos demográficos.