Por Denise Espírito Santo. 

O projeto AfroPerformaCidades nasce do Colóquio Internacional Performa(ti) Cidades, em setembro de 2014, onde realizávamos na UERJ o primeiro de uma série de encontros sobre Performance, Corpo e Cidade. Tendo por horizonte temático um debate sobre “o que pode um corpo em estado performativo” e quais ligações encontraríamos entre esses corpxs e as produções estéticas oriundas dos diversos territórios de alteridade da cidade, o Colóquio agregou um conjunto expressivo de artistas-pesquisadores do Brasil e do exterior.

Tal encontro nos inspirou a tecer modos de ação e programas performativos para/com/as cidades, fossem esses enquanto experimentos poéticos ou na modalidade de um programa de formação para jovens artistas do interior do estado, como foi o caso do projeto Zonas de Contato e da publicação “Usos e abusos de uma poética do corpo (Outras Letras, 2014)”, que reuniu textos de artistas convidados nas duas edições deste programa de formação artística.

Diante do contexto político e social em que nos encontramos, onde a democracia brasileira se deteriora e assistimos perplexos à escalada do fascismo, resolvemos reeditar o colóquio no contexto das pautas contra o racismo que vigoram o ano todo e especialmente, durante a Semana da Consciência Negra. Pensando, agora, num recorte de gênero e atentos sobretudo às discussões sobre o racismo estrutural que fundamenta as relações sociais no Brasil e atinge de modo mais violento as mulheres negras, a juventude pobre e periférica, a comunidade LGBTQI e xs corpxs dissidentes.

Com isso, o Colóquio assume este nome –  AfroPerformaCidades, com o intuito de reunir durante os três dias no Centro Cultural da UERJ e outros espaços do Campi Maracanã, artistas e intelectuais mulheres, negras, para rodas de conversa, recital de canções afrodiaspóricas e uma mostra de performances, voltadas para ampliar esse debate mais do que necessário e urgente.

Denise Espírito Santo é coordenadora do AfroPerformaCidades/Foto: George Magaraia

Confiram a programação, artistas e pesquisadoras convidadas:

Dia 28 de novembro
18h – lançamento da publicação Medeia e suas margens; trata-se de uma publicação em formato de jornal reunindo textos e trabalhos diversos referentes aos processos partilhados ao longo de 2017 que deram origem ao espetáculo de mesmo nome;
19h – recital Vocalidades Negras com Sulamita Lage e Antonilde Rosa Pires; este visa referenciar o legado da cultura, música africana e afrodiaspórica no repertório de tradição da música clássica, especificamente da música de câmara  vocal e pianística.

Janaina Damasceno/Foto: Arquivo pessoal

Dia 29 de novembro
18h – mostra Corpas de performance, curadoria de Danielle Anatólio, participações de Carlla Maranhão, Cida Silva, Jaqueline Calazans, Sulamita Costa; Corpas, feminino plural, pretende promover trocas e ampliar visibilidade de artistas negras.
20h – roda de conversa sobre Afrovisualidades com Janaina Damasceno e mediação de Danielle Anatólio

Dia 30 de novembro

18h – roda de conversa Corpos e danças afrodiaspóricas com Carmen Luz e mediação de Eloisa Brantes;

Carmen Luz/Foto: Arquivo pessoal

20h – Performance Brado, com Priscila Rezende.

Priscila Rezende durante apresentação do Brado/Foto: arquivo pessoal

Anestesiar a crueldade, o sofrimento, a dor que assola a cada vida negra que se vai vítima da violência, da injustiça e do racismo é com certeza um desejo constante. Mas ao mesmo tempo é necessário não deixar que estes fatos não caiam no esquecimento, não deixar que essas vidas sejam enterradas fisicamente e também no tempo, tornando-se apenas mais um número estatístico. Assim, a artista enuncia seus nomes para que não sejam somente apagados. Declara suas vidas e suas mortes para dar significado à essa memória e torná-la presente e simbolicamente vivente.

Serviço:
Data: 28 a 30 de Novembro 2018
Onde: Teatro Odylo Costa filho e Centro Cultural da UERJ – Coart
Informações: [email protected]
Haverá certificado de participação
Entrada gratuita.

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