Com 40 minutos de duração, obra resulta de estudos acadêmicos dos cursos de História e Jornalismo da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e pode ser acessada na plataforma YouTube. 

Como um mosaico de diversidades, o vídeo-documentário “Sete Vozes – Migrantes no Vale” apresenta depoimentos de sete pessoas que se deslocaram para o Vale do Itajaí. De diferentes origens e a partir de vivências próprias, cada uma delas revela interpretações particulares sobre a região. Esta reunião de depoimentos em 40 minutos de duração é uma tentativa de recolher impressões, editar perspectivas e entrecruzar olhares sobre percepções e experiências em Santa Catarina. A obra tem a direção geral do historiador Michel Honório da Silva e do jornalista Luiz Antonello e contou com a coordenação dos professores André Martinello e Magali Moser. Todos os depoimentos foram realizados e gravados nas dependências dos estúdios da FURB TV (em Blumenau/SC).

“Sete vozes” será exibido, nesta quinta-feira (16), durante uma live em que os criadores vão conversar sobre a produção e o tema. Assista no Canal FurbTV.

Do que se trata?

O documentário, mostra a percepção as experiências e motivações de 7 pessoas que residem, mas que não são nativas do estado de Santa Catarina.

Migrantes recentes, contemporâneos, recém-chegados, vindos de outras partes do País e do mundo… o que dizem do viver na região de Blumenau? O que dizem aqueles migrantes que optaram, mesmo que temporariamente, pelo Vale do Itajaí? O documentário é uma parada para escutá-los. A maior parte “desse elenco” é de pessoas originárias da região Nordeste do Brasil, uma do Norte e um da República Democrática do Congo (país do continente africano).

“Sete vozes, sete depoimentos, sete visões do Vale do Itajaí, um verdadeiro diálogo de experiências, colocando em evidência as perspectivas e pluralidades de ideias acerca das vivências de migrantes em Santa Catarina”, define o historiador e um dos diretores do documentário, Michel Honório da Silva.

Mais do que narrar suas experiências migratórias, essas pessoas exprimiram seus pensamentos, impressões e sentimentos. De certa forma, ao falarem de memórias e compreensões, diante das câmeras da FURB TV, permitem o acesso a trechos “vocalizados” de vivências, lembranças de onde procederam, saudades do que deixaram, percepções de oportunidades e limites de vivenciar o Vale do Itajaí.

“Ter a oportunidade de conhecer sete pessoas dessa forma é uma experiência única. Às vezes, nada é mais poderoso do que apenas ouvir o que o Outro tem a dizer”, relata o jornalista e também diretor do documentário, Luiz Antonello.

Documentário reflete sobre diferentes esferas da migração na região

O documentário quer ser também uma possibilidade de diálogo entre a universidade e a comunidade na qual está inserida. Na avaliação do grupo responsável pela obra, autointitulado Documental Amadora, é preciso socializar fazeres do mundo acadêmico em linguagens e discursos mais acessíveis.

Para o professor André Souza Martinello, atualmente ligado ao Departamento de Geografia da UDESC e membro do Laboratório de Planejamento Urbano e Regional (LabPlan na FAED), o documentário é uma tentativa de mostrar que a pesquisa acadêmica é mais do que artigos e publicações internas. “Nosso medo, do ponto de vista acadêmico, é utilizar plataformas que nem sempre dominamos e, ao mesmo tempo, perder rigor e qualidade do trabalho realizado na universidade. Ao se utilizar outras linguagens de produção de pesquisa no próprio processo, não significa abrir mão da seriedade do que se faz, mas buscar outros modos de fazer”, resume.

A execução do projeto de pesquisa contou com bolsa (artigo 170 – projeto Pipe da Secretaria de Educação do Estado de SC) e também envolveu a divisão de despesas extras entre os próprios idealizadores. Além parcerias fundamentais, com a própria FURB TV.

Ao se dispuserem a compartilhar suas subjetividades acerca do Vale, as sete pessoas ouvidas emprestaram os seus tempos e imagens para contribuir com a pesquisa acadêmica sobre novos migrantes nas primeiras décadas do século XXI. Reforçaram, em seus dizeres, a presença de uma sociedade múltipla e a necessidade de se ver aberta à diversidade. Desta forma, o documentário-depoimento pretende dialogar com o tempo presente. Depoimentos que se movem e se intercalam tal como o ato de migrar: e de fazer a vida, movimento.

“A experiência de trabalhar neste documentário foi singular ao longo da graduação e após minha formação acadêmica, estabelecendo uma conexão entre as vivências da universidade e minha formação identitária enquanto sujeito, descendente de migrantes nordestinos. Cada entrevista foi uma grande oportunidade de estabelecer na prática uma conexão entre a universidade e a comunidade que a forma”, observa Michel.

O documentário é resultado do projeto de pesquisa de iniciação científica de graduação em História da FURB (bolsa Pipe do artigo 170 Estado de SC) e de estágio de final de graduação em Jornalismo da FURB. Ambos os cursos se vinculam ao Centro de Ciências Humanas e da Comunicação (CCHC) da Universidade Regional de Blumenau (FURB), onde se agregam pesquisadores(as), acadêmicos(as) e demais profissionais, visando contribuir para uma agenda de pesquisa que deseja ver e dar visibilidade a uma presença populacional cada vez mais diversa e plural.

Percurso de produção

O projeto de iniciação científica na graduação contou com a orientação e supervisão dos professores Celso Kraemer e André Souza Martinello. O objetivo buscava levantar informações sobre imigrantes no século 21 no Vale do Itajaí, com ênfase para migrantes vindos do Nordeste brasileiro. Entre as tarefas do projeto, estava contatar (i)migrantes que se dispusessem a dar entrevistas. A partir do “material bruto” das entrevistas, no final de sua graduação em Jornalismo, como atividade de seu estágio e sob a supervisão da professora Magali Moser, Luiz Antonello focou na edição das entrevistas a partir de eixos temáticos. A edição final ficou por conta da jornalista Rafaela Martins. Quase toda a trilha sonora (fora uma pequena citação de Tim Maia) também é do Vale do Itajaí, com músicas da criativa blumenauense Banda Magú.

Sete Vozes – Migrantes no Vale
Direção geral: Michel Honório da Silva e Luiz Antonello
Coordenação do documentário: Magali Moser e André Souza Martinello
Narração, direção de arte e edição: Luiz Antonello
Edição final: Rafaela Martins
Direção de filmagem e captura: Gilson Martins – FURB TV
Orientação de pesquisa: Celso Kraemer e André Souza Martinello
Supervisão de estágio: Magali Moser
Entrevistas realizadas por: Michel Honório da Silva e André Souza Martinello

O jornalismo independente e de causa precisa do seu apoio!


Fazer uma matéria como essa exige muito tempo e dinheiro, por isso precisamos da sua contribuição para continuar oferecendo serviço de informação de acesso aberto e gratuito. Apoie o Catarinas hoje a realizar o que fazemos todos os dias!

Contribua com qualquer valor no pix [email protected]

ou

FAÇA UMA CONTRIBUIÇÃO MENSAL!

Últimas