A cantora Elza Soares faleceu hoje, 20 de janeiro, aos 91 anos, por causas naturais. “A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, diz o comunicado postado pela equipe da cantora no Instagram.

Elza Soares se consolidou como uma das vozes mais marcantes e importantes da música brasileira, sendo em 2016 reconhecida com o Grammy Latino de Melhor Álbum MPB por A Mulher do Fim do Mundo (2015).

A música “Maria da Vila Matilde”, que integrou o álbum, virou hino dos movimentos em defesa das mulheres por abordar a violência doméstica e transformar em refrão o código numérico da Central de Atendimento à Mulher, o 180.

“Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180. Vou entregar teu nome. E explicar meu endereço. Aqui você não entra mais. Eu digo que não te conheço. E jogo água fervendo. Se você se aventurar”.

Símbolo de resistência, Elza é uma “deusa inspiradora” para muitas mulheres por carregar em seu trabalho uma resposta potente às violências comuns à maioria das brasileiras, sobreviventes do racismo, das desigualdades sociais e de gênero. Ela também canta “a carne mais barata do mercado (incorporando o ‘não’) é a carne negra”, em forte referência e protesto ao racismo no Brasil.

A cantora lançou 34 álbuns ao longo da carreira, com músicas ligadas ao samba, jazz, hip hop, funk e música eletrônica. Seu último álbum foi “Planeta Fome”, lançado em 2020.

Na época em que Elza decidiu cantar, aos 13 anos, depois de ter se casado, perdido um filho e ter o outro doente, achava que se tivesse alimentos para ela e para os filhos, não teria mais fome. “Planeta fome continua, não mudou nada, eu mudei, mas o planeta continua o mesmo. Temos outras fomes: fome de respeito, fome de saúde, fome de tudo, aliás, estamos com mais fome ainda”, falou ao Catarinas em março de 2020.

Elza esteve em Florianópolis na véspera do 8 de março de 2020 e deixou um recado para as mulheres que iriam marchar por seus direitos no próximo dia:

“Vamos mulheres, vamos para as ruas, eu só lamento não estar com vocês. Vamos buscar nossos direitos, vamos lá, vamos gritar, vamos mulherada”.

O nome de Elza está escrito na história brasileira. O Catarinas sente muito essa perda e se solidariza com amigos, familiares e fãs da cantora. 

Fica o legado da resistência pessoal e artística ao patriarcado e ao racismo! Obrigada por multiplicar as vozes de tantas de nós.

#ElzaPresente

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