Gloria Anzaldúa: abraçar as identidades lésbicas pra desafiar as estruturas de poder
Agosto é mês do orgulho e da visibilidade lésbica.
Destacamos a reflexão da escritora e ativista lésbica Gloria Anzaldúa: “A fronteira da sexualidade é um lugar de transformação. Ao abraçar as nossas identidades lésbicas, desafiamos os binários sexuais e questionamos as estruturas de poder”.
Nascida em 1942 no Vale do Rio Grande no Texas, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, Anzaldúa se definia como “uma mulher de fronteira” que cresceu entre duas culturas distintas. Ela estudou Artes e Literatura Inglesa na Universidade Pan American e obteve o mestrado em educação artística e literatura pela Universidade de Austin.
Em 1974, seu envolvimento com o feminismo se intensificou e a escritora começou a participar ativamente de encontros políticos. Esse engajamento a levou a refletir sobre suas vivências como mulher chicana (identidade étnica e cultural para mexicano-americanos) e de cor, integrando essas discussões nos movimentos em que estava envolvida.
Leia mais
- Rebeca Andrade inspira crianças
- Mariana Prandini: criança tem aborto legal negado em Goiás
- Fumaça das queimadas alerta Florianópolis sobre crise ambiental e falta de ações concretas
- Além dos Molotovs: manual reúne símbolos antifascistas de 50 movimentos no mundo
- 5 casos que mobilizaram o debate sobre aborto seguro no Brasil
Seus estudos são considerados fundamentais para a filosofia latina, com contribuições para os campos dos feminismos, teoria cultural e teoria queer. Entre seus principais trabalhos, está o ensaio “Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do Terceiro Mundo”, no qual convoca essas mulheres para escreverem sobre suas realidades.
“A mulher de cor iniciante é invisível no mundo dominante dos homens brancos e no mundo feminista das mulheres brancas, apesar de que, neste último, isto esteja gradualmente mudando. A lésbica de cor não é somente invisível, ela não existe”, descreveu no ensaio.
Para ela, uma mulher que escreve é temida por contar e registrar sua realidade. “Nunca vi tanto poder para motivar e transformar os outros como aquele presente na escrita das mulheres de cor”, afirmou.
Agosto é marcado como o Mês da Visibilidade Lésbica, destacando duas datas importantes para a comunidade. Em 19 de agosto é celebrado o Dia do Orgulho Lésbico, em memória à primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil. Já o dia 29 é reconhecido como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data foi criada em 1996, durante o 1° Seminário Nacional de Lésbicas (antigo Senale, hoje Senalesbi).