Após a mãe da adolescente de 13 anos, que recebeu um bilhete de um homem de 36 anos enquanto brincava no parque do seu condomínio, conforme noticiamos na última segunda-feira (7), ter denunciado a falta de amparo por parte dos agentes da Delegacia de Plantão de Palhoça à Corregedoria Geral da Polícia Civil (CPC), o departamento pediu prioridade no caso. 

A Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso da Capital – DPCAMI ficará responsável pelo caso vinculado à menor e pedirá retificação do Boletim de Ocorrência para incluir a tipificação de assédio. Um dos motivos que fez Cristiane seguir buscando respostas das autoridades, além de querer justiça para sua filha, foi porque “o boletim dá a impressão de que eu fui relatar a situação contra mim mesmo”. O registro foi feito com base somente na denúncia de “vias de fato”, quando atos violentos são praticados contra alguém.

Na tarde desta segunda-feira, em reunião com uma das autoridades responsáveis pela investigação, ela entregou o bilhete enviado pelo homem. “Eu entreguei o bilhete para ela, que disse não ter entendido porque não estava anexado como prova”, contou. Em entrevista para o Catarinas, Cristiane Cordeiro, mãe da menina, explicou que, na delegacia especializada, “a investigação que vai para a frente é a do assédio e, a princípio, o homem agredido não prestou queixa contra mim”. 

A denunciante foi informada que “a apuração está em andamento, que a Polícia tem todos os depoimentos e, em seguida, o caso deve ir para a mão do juiz”. Em entrevista, a coordenadora das Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI), a delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila, disse ao saber do caso que, no mínimo, ele viraria um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), quando um um fato tipificado configura uma infração de menor potencial ofensivo. 

A coordenadora das DPCAMI, através do contato da nossa reportagem, foi responsável por fazer a ponte entre a mãe da adolescente e a delegacia especializada de Palhoça, incentivando que fosse realizada uma investigação ouvindo a menina, a responsável e o homem.  “A forma como ele escreveu não seria claramente uma importunação sexual, mas tem um conteúdo estranho por trás. Precisamos investigar e olhar quem é esse sujeito, se ele não tem outro antecedente. Saber a idade da menina e mandar um bilhete desse é algo que preocupa muito”, advertiu. 

Cristiane Cordeiro, que trabalha como representante comercial, foi quem escreveu para o Catarinas para denunciar a situação. “Eu não consegui trabalhar desde que aconteceu, enquanto as coisas não se resolvem parece que o tempo parou”, revelou. Para a filha, escolhe o que e como contar as novidades do caso. “Não quero privá-la dos acontecimentos, mas estou contando somente alguns pontos específicos para não alimentar mais essa história. No dia, ela ficou em um estado de nervos, não queria ter ido para a delegacia, entrou em pânico quando chegamos lá e chamaram o homem para a sala em que estávamos. Eu quero que o que aconteceu com a minha filha não passe impune”, relatou. 

 

Relembre o caso

No dia 31 de outubro, a menina de 13 anos, recebeu um bilhete enquanto brincava no parque do seu condomínio, em Palhoça, com outras crianças. Com os dizeres “Pode chamar!!! Te achei linda…” e três corações desenhados, o recado foi enviado por um homem de 36 anos que visitava o condomínio vizinho. Após tomar conhecimento do ocorrido, a mãe da menina, Cristiane Cordeiro, confrontou o autor da nota e acabou agredindo-o. O conflito foi parar na delegacia de plantão do município, onde foi registrado um Boletim de Ocorrência. Porém, o registro somente incluiu a agressão cometida pela representante comercial, sem a tipificação do assédio contra a menor. 

Além disso, segundo o relato da mãe, faltou cuidado por parte dos agentes em relação à adolescente. “Ela ficou apavorada, porque colocaram ele praticamente na mesma sala que a gente”, contou. A impressão em relação à aparência da menina também foi realizada na presença delas. “A agente confirmou que ela poderia ser confundida por uma mulher maior de 18 anos na minha frente e da minha filha, descredibilizando não só o ocorrido, mas desamparando a menina”, lamentou. 

Em entrevista, a delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila advertiu que a abordagem dos agentes não poderia ter sido realizada desta forma. “Não pode ser feita a impressão assim, na frente de todos e, principalmente, na frente da criança”. Para a coordenadora, nada impedia que o agente policial registrasse a conduta do homem em relação à criança, além da agressão física cometida pela mãe. “A orientação que damos é deixar que o delegado faça a análise, o agente poderia ter registrado um boletim de ocorrência com a versão da mãe, teria que ter anexado uma cópia do bilhete, não sei porque não o fez”, comentou. 

O autor do bilhete respondeu o primeiro contato que fizemos por whatsapp, disse estar bastante abalado com toda a interpretação feita sobre o assunto. “Eu fui bastante agredido por essa mulher, pelo irmão dela e algumas outras pessoas”. O rapaz havia demonstrado interesse em conversar, porém deixou de responder às nossas mensagens. No boletim de ocorrência consta a agressão somente por parte da mãe da menina.

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  • Fernanda Pessoa

    Jornalista com experiência em coberturas multimídias de temas vinculados a direitos humanos e movimentos sociais, especi...

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