Todos os sábados elas se reúnem das 11h às 13h, no Quilombo Estúdio, em Florianópolis, para expressarem a magia e a força do toque do tambor num bloco formado só por mulheres. Há um mês e meio, as artistas da banda Cores de Aidê chamaram outras mulheres para formar o bloco. Hoje elas são 50, mas querem chegar a 500.

“Não precisa ter instrumento, mas se tiver, pode trazer pra somar. Não precisa já ‘saber’ tocar. Só precisa estar muito a fim de fazer Floripa tremer com nossa força”, diz Dandara Manoela, cantora da banda e uma das organizadoras do bloco. Ela convida as mulheres para participarem da iniciativa. “A ideia é estender a todas as mulheres que se interessem pela alegria que o toque do tambor nos dá.”

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Como extensão da banda, o bloco tem uma proposta similar, porém deve atuar em eventos de maiores proporções, para além do carnaval, como interversões artísticas na rua, passeatas, marchas e, principalmente, nos próprios encontros semanais.

As letras de protestos são acompanhadas do batuque do surdo, repique, xequere e caixa. Cauane Maia, também cantora da banda, explica que as composições trazem denúncias de opressões e uma exaltação ao feminino: “não enquanto supremacia, mas reconhecendo a sua importância e potencialidade, para além das amarras do machismo, patriarcado e misoginia social.”

O nome faz referência à figura mitológica de Aidê, mulher negra que permeia os cordéis nordestinos e cantigas de capoeira em busca da liberdade plena.  Aidê tinha magia no cantar e representa a capacidade da mulher de transcender a todas as mazelas. “Os valores de Aidê são inegociáveis, assim como os nossos”, afirma a cantora.

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Um chamado à transgressão
A ideia do bloco é transgredir. Como Aidê, essas mulheres escolheram o samba-reggae, ritmo afro-brasileiro que emergiu nos anos 80 em Salvador/BA, com suas letras de protesto e valorização da identidade do povo negro.  

Cauane lembra que a percussão é um espaço de predominância masculina e o gênero samba-reggae não tem muita difusão fora do nordeste brasileiro. “Uma banda feminina tocá-lo no sul do país é subverter a lógica. É um ato de transformação para todas nós que nos desafiamos a respeitar a essência desse ritmo, por entendê-lo como uma importante ferramenta artística para visibilizar a nossa diversidade e todas as lutas travadas por mulheres plurais”, acredita.

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Há um ano e meio, a banda foi idealizada pela regente Sarah Massignan Gomes. Elas são em 15 mulheres, duas na dança e duas no vocal, as outras se dividem nos instrumentos surdo fundo, surdo marcação, repique, caixa e xequerê.

Serviço:
Bloco Cores de Aidê
Quando: sábados
Horário: 11h15 às 13h
Local: Rua do Quilombo, 240 – bairro Itacorubi
Contato: (48) 9912-9943

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  • Paula Guimarães

    Paula Guimarães é jornalista e cofundadora do Portal Catarinas. Escreve sobre direitos humanos das meninas e mulheres. É...

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