A possibilidade de me fortalecer coletivamente com pessoas pretas, me ensinou, através de uma amiga/irmã psicóloga um mantra que busco repetir quase sempre:

– O racismo não vai me matar hoje!

Essa frase me salva do desespero, da quase morte, da tristeza, do banzo. Viver num país que nos odeia e que utiliza do racismo com maestria para nos executar, nos deixar morrer e negar a nossa existência, exige de nós uma força inexplicável.

Vejo pessoas pretas lutando por suas vidas todos os dias, desde o sequestro do continente africano. Incansáveis, altivos, inquebráveis em sua nobreza e ancestralidade. De repente, nem dá tempo pra chorar os nossos mortos e viver o luto, até isso o racismo tirou de nós.

Mas jamais esqueceremos aquelas e aqueles que o racismo levou com a conivência de uma sociedade silenciosa e mais preocupada com os indicadores econômicos.

Hoje é dia de repetir, pra mim, para os meus: O racismo não vai me matar hoje!
Ouso acrescentar, que ele jamais será capaz de me fazer esquecer toda a sua brutalidade e crueldade.

E nessa tríade da morte: entre o vírus, o tiro e a fome, nos queremos vivas! Nos queremos vivos!

 

  • Cauane Maia

    Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestr...

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