O Portal Maruim de jornalismo independente será lançado hoje (18) em Florianópolis, no Palácio Cruz e Sousa, a partir das 18h.

Jornalismo engajado ou engajamento no jornalismo? A pergunta parece querer confundir a resposta, mas as duas expressões podem ajudar a construir ideias sobre novas perspectivas do jornalismo. Por um lado, o jornalismo engajado é o compromisso com os princípios básicos dos direitos humanos e com a pluralidade. Por outro, o fazer jornalístico em sua forma mais genuína é o engajamento no próprio jornalismo. Na busca por novas narrativas que reflitam a realidade, a rua é o nascedouro.

Para o Coletivo Maruim que lança o seu portal de notícias hoje (18), estar nas ruas ouvindo as pessoas é o caminho. “Nosso conteúdo jornalístico tenta disputar as narrativas sobre a cidade. Os principais temas que exploramos são meio ambiente, mobilidade, segurança pública e ocupação do espaço urbano. Apostamos no conhecimento jornalístico e acreditamos na sua capacidade de superar o senso comum ao trabalhar com as contradições que vivemos no cotidiano”, afirma Joana Zanotto, jornalista do Maruim, que se formou há pouco mais de um ano, no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina.

Reportagem sobre mulheres catarinenses na atividade pesqueira. MARUIM
Reportagem sobre mulheres catarinenses na atividade pesqueira. MARUIM

A equipe de Maruim conta com a atuação de jornalistas que não se enquadraram à lógica dos veículos tradicionais de comunicação. São 16 jovens, entre 20 e 30 anos que se revezam na produção dos mais diversos formatos. A proposta audiovisual também é marca dos seus trabalhos que cobrem o cotidiano da cidade, as manifestações culturais e as pautas dos movimentos sociais.

O projeto nasceu há dois anos, quando a equipe, articulada por uma coordenação, começou a produzir conteúdo sobre a cidade e sobre os movimentos. Em junho de 2016, o grupo se consolidou com a fundação da associação de caráter público Coletivo de Jornalismo Maruim. “Nossa missão é produzir notícias e reportagens que contribuam para a transformação da realidade injusta e segregadora em que vivemos. Acreditamos em um diálogo aproximado e aberto com a comunidade da cidade na construção coletiva de uma rede que conecte as diversas histórias que tecem nossa realidade”, reforça.

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Reportagem Terreiro de areia. MARUIM

Mas nem tudo são flores. Nesses dois anos de trabalho, a equipe relata seu processo de crescimento e aprendizado, “Fomos aprendendo com as várias barreiras que atravessaram nossa caminhada, falta de verbas, dupla e tripla jornada dos integrantes do coletivo para conseguir encaminhar o projeto, falta de experiência. Buscando novas formas de governança e de viabilização de nossa produção, estamos hoje com as ideias mais maduras pelos inúmeros debates e discussões em que temos nos debruçado”, diz Joana.

Sustentabilidade e democratização da comunicação

Para o Coletivo Maruim, o jornalismo independente é sufocado pela falta de um marco regulatório das comunicações no Brasil e não pode haver democracia enquanto houver concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas famílias da elite brasileira.

Na mesma tônica, o Coletivo acredita que o modelo de jornalismo-negócio, nos moldes empresariais, está fadado à destruição. “Não há mais credibilidade nesse nicho, as manifestações nas ruas estão aí para mostrar a forma criativa como a população dá seu recado aos conglomerados”, destaca Joana.

Servidores públicos municipais protestam em sessão da Câmara. MARUIM
Servidores públicos municipais protestam em sessão da Câmara. MARUIM

Para enfrentar a concentração e o monopólio da comunicação, o Maruim aposta na rede de comunicação alternativa, com parceria entre os demais veículos de comunicação com essa perspectiva e que se colocam na cidade. “Colaboramos construindo um exemplo positivo de alternativa à mídia tradicional, mostrando que é possível se pensar novas formas de fazer jornalismo. Além disso, cobrimos temas relacionados à comunicação, participamos de oficinas e palestras relacionadas à causa e integramos o Fórum Nacional pela Democratização da Comunição (FNDC)”.

O Portal Maruim será lançado hoje (18), a partir das 18h, no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa. Na programação, uma roda de conversa deve iniciar as atividades da noite, com o tema “De qual jornalismo nossa cidade precisa?”

Como diz a música do Dazaranha que empresta nome ao Portal: “Maruim manifestou, Maruim que tá certo”.

 

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