O 8 de março entrou para a história das mulheres de Itajaí. Diversas atividades foram organizadas pelos bairros da cidade, mas uma caminhada de mulheres no centro da cidade, bem na avenida principal, chamou a atenção de todos e todas que passavam pela rua Hercílio Luz. Mulheres de todas as idades, de todos os credos, etnias e classes sociais, juntamente com homens e crianças, carregavam cartazes e bradavam “Mulheres na luta e na paz”, com gritos reivindicatórios por seus direitos como “Pelo fim da cultura do estupro! Não é não! Por salários iguais! Pelo fim da dupla jornada! Pelo direito de se mãe! Pelo direito de não ser mãe! Nem uma a menos! Dia da Mulher é dia de direitos”.
Itajaí amanheceu com fortes pancadas de chuva, mas o sol retornou bem na hora da caminhada para brindar as mulheres. O ato às 15h30, em frente ao Monumento do Marco Zero, foi proposto em aderência à Greve Internacional das Mulheres e contou com aproximadamente 60 manifestantes.
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Durante a caminhada, foram entregues panfletos para as mulheres e homens que transitavam pelas ruas contendo os direitos das mulheres, assegurados pela Constituição Federal, Plano Nacional de Políticas Públicas e alguns projetos de lei que ameaçam direitos. Ao receber o panfleto, uma mulher lamentou: “Dia das trouxas”. O lamento foi amparado por palavras de incentivo e motivação da mestranda em políticas públicas, Aline Perussolo. Não faltaram insultos machistas, completamente ignorados, como um homem de meia idade que gritou: “Lugar de mulher é no cabresto!” Fala típica de uma cultura machista e patriarcal ameaçada pelo feminismo e pelas lutas das mulheres.
O término da caminhada foi com um ato em frente à Casa de Cultura Didi Brandão com performances musicais e poéticas alusivas ao tema da violência por Ana Paula e Hang, além de diversas falas sobre violências, direitos e masculinidades. Agentes de trânsito e policiais militares deram a cobertura necessária e ficaram impactados/as com a organização e a força do movimento. Quem estava na rua filmou trechos da caminhada, bateu palmas, mulheres que saíram de suas casas talvez para pagar uma conta no banco ou o carnê de uma loja, também fizeram gritos de ordem para expressar a sua indignação diante de todas as desigualdades sociais e preconceitos machistas. Uma senhora na calçada, bastante emocionada, juntou sua voz ao gritar: “igualdade salarial agora!” Outra moça, ao ver a peça teatral sobre violências, derramou suas lágrimas e deixou sua alma ser lavada.
Texto enviado pela ativista Ana Cláudia de Oliveira.