Uma vez, participei de uma roda de conversa e, quando fui me apresentar, me descrevi, primeiramente, como mãe, depois como microempreendedora, e expliquei por que o Hugo, meu filho, é o maior empreendimento, o maior negócio, o maior projeto da minha vida.

À primeira vista, a maternidade e o empreendedorismo podem parecer mundos distintos. Um envolve fraldas, choros e noites mal dormidas; o outro, planos de negócio, metas e riscos calculados. Mas, para quem vive os dois na pele, é fácil perceber que há muito em comum entre ser mãe e ser empreendedora. Ambas são jornadas desafiadoras, intensas e profundamente transformadoras.

Quando enfatizo que o Hugo é o maior projeto da minha vida, não digo isso no sentido de ser aquela mulher romântica, a mãe que coloca sua cria acima de tudo como a sua maior definição. Destaco isso no sentido da responsabilidade de entregar para o mundo um homem que seja justo, que respeite as mulheres e saiba como esse novo formato de sociedade precisa acontecer para que possamos eliminar tantas dores.

Essa é a maior responsabilidade que eu carrego desde o dia em que o resultado do exame disse que eu seria mãe de um menino.

A maternidade começa com o desconhecido — um teste positivo, uma barriga que cresce, um bebê que chega sem manual. O empreendedorismo também nasce assim: uma ideia, um sonho, uma necessidade que gera ação. Em ambos os casos, não há garantias. Mas existe um motor muito forte: a paixão. Mães planejam o parto, o enxoval e a rotina. Empreendedores montam planos de negócios, estratégias de marketing e projeções financeiras. Mas, na prática, tanto mães quanto empreendedores aprendem rápido que imprevistos acontecem — e o segredo está na adaptação.

Muitas mães se sentem sozinhas, especialmente nos primeiros meses. Empreendedores também passam por isso: decisões difíceis, inseguranças e medo do fracasso. Em ambos os caminhos, contar com uma rede de apoio — seja familiar, profissional ou emocional — faz toda a diferença.

A mãe aprende a ser multitarefa, a improvisar e a fazer mais com menos. A empreendedora também. Quando os recursos são limitados e os desafios são diários, criatividade e resiliência deixam de ser qualidades desejáveis e se tornam habilidades de sobrevivência.

Um bebê não anda do dia para a noite. Um negócio também não. Ambos exigem tempo, cuidado e investimento emocional e físico. Mas, assim como ver um filho dar os primeiros passos é emocionante, ver seu negócio crescer, alcançar clientes e fazer a diferença no mundo é profundamente gratificante.

Mães se cobram por não serem perfeitas. Empreendedoras também. A pressão por dar conta de tudo — por estar presente e ser produtiva o tempo todo — é real. E aprender a lidar com isso com gentileza e realismo é uma lição constante.

Tanto gerar um filho quanto criar um negócio exige entrega, superação e um tipo de coragem que transforma. São caminhos que ensinam, fortalecem e revelam versões poderosas de quem os percorre. Quando uma mulher abraça a maternidade e o empreendedorismo, ela não apenas dá vida — ela transforma a sua.

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  • Bia Vargas

    Catarinense de 38 anos começou a empreender quando foi mãe. Voluntária social desde os 13 anos passando por grupo de jov...

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