O candidato Murilo Flores, da coligação “Florianópolis com Inteligência e Coração” (PSL/PSB/PHS/PROS/PMB), foi o primeiro a responder ao questionário proposto pelo Portal Catarinas. Todas as candidaturas foram convidadas a apresentar suas ideias e propostas com ênfase nas políticas públicas de equidade. Amanhã, é a vez do candidato Gean Loureiro.

1. Partidos políticos têm obrigatoriedade nas cotas de gêneros de candidaturas ao legislativo. Como você vê essa medida?
Murilo Flores – Nós cumprimos a cota, mas esse é um problema muito sério, porque tem sido difícil atrair as mulheres para a política. A política tem o perfil dos homens, foi construída pelos homens e as mulheres têm muita dificuldade de se adaptar a esse modelo construído pelo homem e por essa razão elas tem uma certa aversão a participar. Só veremos a mulher participar ativamente, quando esse modelo mudar. Até lá teremos muita dificuldade em cumprir essa necessidade de cota.

2. Atualmente, Florianópolis tem uma Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para a Mulher, ligada ao gabinete do prefeito. Ela não tem recursos específicos e encontra dificuldades na implantação de política públicas. Qual seu plano para essa pasta? Há preocupação em garantir que ela seja dirigida por uma mulher que tenha amplo diálogo com o movimento social?
MF – É fundamental para a interlocução. Inclusive não é tão relevante quanto muita gente pensa de que essas estruturas estejam ligadas diretamente ao gabinete prefeito. Isso não garante nada, como é o caso, onde se verifica, que não funciona. Na realidade, as pessoas são fundamentais. É preciso alguém com capacidade de interlocução e que tenha representatividade e diálogo com a sociedade, não só com as mulheres.

3. Quais suas propostas relativas à política pública de equidade, sobretudo quando o assunto é gênero?
MF – Eu entendo que, diferente das linhas que defendem o distanciamento da questão de gênero, eu acho que a escola precisa trabalhar essa questão. Isso precisa vir da base, estar no DNA das pessoas, isso precisa fazer parte da cultura e do comportamento das pessoas, para haver mudança. É muito mais fácil quando você faz esse trabalho desde a criança. É muito difícil mudar isso no adulto.

4. Em sua opinião, é importante haver debate sobre as questões de gênero nas escolas municipais?MF – Acredito que tenha respondido essa pergunta na questão anterior. O debate é muito importante e precisa ser feito nas escolas municipais.

5. A mobilidade urbana é alvo de descontentamento para grande parte dxs moradorxs da capital, seja pela falta de linhas, pela qualidade dos ônibus, pelo preço da tarifa ou pelo modelo consorciado com as empresas privadas. Qual a sua opinião sobre esta demanda? Quais políticas você propõe para tornar o transporte mais eficiente, especialmente para as mulheres trabalhadoras e estudantes, que formam o maior contingente de usuárixs do transporte coletivo?
MF – O foco que estamos defendendo é a substituição do carro pelo transporte público, ciclovia e pedestre, e o que mais vai impactar positivamente na mobilidade é o pedestre e o transporte público, porque vai atingir maciçamente um número de pessoas muito grande. Então, áreas no Centro da cidade precisam ter áreas com prioridade para pedestres, calçadas, condições de circular a pé com segurança e acessibilidade. No transporte público, o carro-chefe é o BRT, mas não é só o BRT, pois é preciso reformatar todo o conjunto de transporte público a favor do sistema do BRT que será nosso metrô em um curto espaço de tempo

6. Ainda sobre mobilidade urbana, quais as propostas para as pessoas que querem se deslocar para praias, bairros ou centro nos fins de semana, mas não encontram opções em função da falta de linhas/horários?
MF – A proposta é toda essa reformatação que está em curso e prevista no Plamus, o plano de mobilidade urbana que fez um estudo da região metropolitana . O governo do Estado já prepara uma licitação para o final do ano ou início de 2017, da parte que cabe ao Estado do BRT, e o BRT vai implicar em uma reformulação do contrato atual e das linhas atuais. Isso porque as próprias estações de embarque e desembarque serão espaços de ligação com o transporte coletivo tradicional.

7. Como você pensa a democratização dos espaços/áreas de lazer para a população trabalhadora?
Primeiro, é preciso qualificar os espaços de lazer. Nossas praças de lazer, boa parte, estão abandonadas ou foram delapidadas. Precisamos recuperar não só esses espaços, como as próprias ruas do Centro de Florianópolis, e transformá-los em espaços de uso para o lazer, cultura e esporte, de tal forma que a rua seja do cidadão e não do carro. É preciso promover eventos nestes lugares e criar um espaço onde a cidade seja mais das pessoas.

8. Sobre o déficit de vagas em creches, histórico em Florianópolis, qual sua proposta?
MF – O atual prefeito tem uma linha de financiamento do BID e vem construindo creches e aumentando as vagas. Mas precisamos olhar com carinho duas situações: as creches em período de verão e aquelas que precisam ter atendimento noturno. Não necessariamente todas precisam, mas é preciso analisar quais creches precisam estar abertas à noite, pois muitos pais e mães têm atividade profissional no período da noite.

9. Como você vê a participação de mulheres na política hoje?
MF – A participação ainda é muito pequena, embora já tenhamos inclusive uma presidente da República. Mas como afirmei antes, o modelo foi construído pelos homens, e por isso, as mulheres têm dificuldade de participar mais ativamente.

10. Florianópolis tem índices expressivos no que diz respeito à violência contra a mulher. Quais suas propostas para enfrentar essa situação?
MF- Precisamos promover cada vez mais o espaço de delegacias especializadas, pelo constrangimento que muitas vezes há, por despreparo do sistema policial no atendimento específico da mulher. Mas são fundamentais as campanhas de mudança de comportamento, e que as pessoas, em atos de cidadania, denunciem atitudes que, às vezes, a própria mulher tem dificuldade de lidar. É uma questão de atitude, além do aparato policial, e isso precisamos enfrentar com campanhas e exemplos.

11. Qual o seu plano para garantir o funcionamento do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – CREMV com atendimento adequado às mulheres vítimas de violência?
MF – Esse CREMV precisa sempre ser qualificado, expandido e que haja uma real condição de acolhimento dessas situações, porque são muito constrangedoras e têm todo um histórico. Há que ter um papel não só policial, mas de apoio psicológico, de assistência social, para que haja uma evolução neste campo.

12. Considerações finais (caso necessário) sobre a plataforma da candidatura.
MF – A população está cansada de politicagem e a nossa candidatura propõe que, na hora da decisão, façamos o que é melhor para a cidade, e não o que é melhor para o seu futuro político (uma nova eleição) ou para os cabos eleitorais, que muitas vezes são apadrinhados e ocupam cargos sem qualquer qualificação.

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