O candidato Gean Loureiro, da coligação “Um novo olhar para Florianópolis” (PMDB/PSDB/DEM/PDT/PRB/PRTB/PSC/PTB/PTN/SD/PR/PRP/PPS/PPL/PTC), é o segundo a responder ao questionário proposto pelo Portal Catarinas para conhecer suas propostas com ênfase nas políticas públicas de equidade e que contemplem as mulheres.

1. Partidos políticos tem obrigatoriedade nas cotas de gêneros de candidaturas ao legislativo. Como você vê essa medida?

Gean Loureiro – Considero o sistema de cotas um bom instrumento para o fortalecimento da participação feminina na política.  As mulheres são mais de 50% da população, estão em maioria entre os eleitores e nos bancos universitários, respondem pelo sustento de quase 40% das famílias brasileiras,  mas o país exibe uma das mais tímidas representações femininas, quando o assunto é política. As mulheres são sub-representadas.  As cotas ajudam a criar a cultura da equidade.

2. Atualmente, Florianópolis tem uma Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para a Mulher, ligada ao gabinete do prefeito. Ela não tem recursos específicos e encontra dificuldades na implantação de política públicas. Qual seu plano para essa pasta? Há preocupação em garantir que ela seja dirigida por uma mulher que tenha amplo diálogo com o movimento social?

GL – Apesar de vinculada ao gabinete do prefeito, a Coordenadoria da Mulher, criada em 2008, na gestão da qual participei, é ligada à Secretaria da Assistência Social, uma das pastas que mais sofreu desmonte, na última gestão. Ainda é vista por grande parte da população – e de alguns gestores míopes –  como um órgão restrito a se ocupar da questão dos moradores de rua, quando possui uma proposta muito mais abrangente, socialmente falando, e faz um trabalho importantíssimo junto a movimentos sociais, fóruns e ongs. Temos que modernizar o discurso – e a ação! Caridade, não. Estamos falando de direito. O órgão abrange políticas para crianças e mulheres vítimas de violência, deficientes, a juventude sem perspectiva. Vamos aplicar os 10% da arrecadação da Prefeitura para a assistência social, sem enganação, como é hoje. Vamos garantir que as entidades sociais que prestam serviços na área recebam em dia – coisa que deixou de acontecer. Tenho reiteradamente me comprometido a fortalecer o trabalho social, incluindo a Coordenadoria da Mulher, que terá à frente uma profissional que, antes de mais nada, cultive o diálogo.

3. Quais suas propostas relativas à política pública de equidade, sobretudo quando o assunto é gênero?

GL – Minha ideia é promover uma ampla discussão com todos os segmentos sobre a questão do empoderamento e da equidade de gênero para a implantação de uma política pública que realmente atenda às mudanças que se fazem necessárias para uma sociedade mais igualitária.

4. Em sua opinião, é importante haver debate sobre as questões de gênero nas escolas municipais?

GL – Sim, é uma forma de não só diminuirmos as desigualdades, mas também a violência contra mulheres e o público LGBT. Escola é lugar de transformação social. E só a educação pode mudar esse cenário.

5. A mobilidade urbana é alvo de descontentamento para grande parte dxs moradorxs da capital, seja pela falta de linhas, pela qualidade dos ônibus, pelo preço da tarifa ou pelo modelo consorciado com as empresas privadas. Qual a sua opinião sobre esta demanda? Quais políticas você propõe para tornar o transporte mais eficiente, especialmente para as mulheres trabalhadoras e estudantes, que formam o maior contingente de usuárixs do transporte coletivo?

GL – Este é um dos temas centrais do meu plano de Governo. Fui presidente da Frente Parlamentar de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis e acompanho de perto o crescimento do fantasma da “imobilidade” na cidade.  Nós tivemos uma tentativa equivocada e frustrada de transporte integrado, há dez anos, que na verdade só gerou o caos. Queremos descentralizar a cidade; induzir o desenvolvimento nos bairros para que reúnam o morar, trabalhar e estudar. Vamos priorizar o pedestre e não apenas fazer projetos para que a cidade comporte mais carros. Por isso, a prioridade é oferecer um transporte coletivo moderno, rápido e eficiente, que integre vários modais – BRT, marítimo, rotas cicloviárias. Em nenhum lugar do mundo um só modal resolveu! É um grande desafio, sabemos. Não se muda isso de uma hora para outra. Não é tema que se esgote em um mandato, mas a médio e longo prazo. Mas nós vamos encarar.

6. Ainda sobre mobilidade urbana, quais as propostas para as pessoas que querem se deslocar para praias, bairros ou centro nos fins de semana, mas não encontram opções em função da falta de linhas/horários?

GL – Em paralelo à implantação deste novo modelo de transporte público – moderno, integrado e eficiente – vamos imediatamente promover uma reavaliação das linhas e horários que hoje atendem a cidade e propor os ajustes que se mostrarem necessários. Ouviremos o usuário.

7. Como você pensa a democratização dos espaços/áreas de lazer para a população trabalhadora?

GL – Este é outro de meus grandes projetos para Florianópolis: recuperar a dinâmica saudável das comunidades, a partir do incentivo a uma ocupação saudável da cidade.

Vamos estimular a população a viver mais os seus bairros, recuperar a proximidade uns dos outros e, por meio de parcerias com a iniciativa privada, criar/revitalizar áreas de convivência. Queremos ajudar a fortalecer iniciativas como o Vizinho Solidário, projeto de sucesso que pode ficar ainda mais efetivo se, por exemplo, forem incluídos representantes no Conselho da Cidade e nos fóruns para reivindicar recursos para melhoria urbana. Isso tem impacto direto na melhoria da segurança, porque essa é uma questão que depende de como a cidade se organiza e de como as pessoas se relacionam. O prefeito entra como o grande incentivador e organizador.

8. Sobre o deficit de vagas em creches, histórico em Florianópolis, qual sua proposta?

GL – Participei de uma gestão que investiu mais em Educação do que todas as anteriores juntas. Infelizmente, esta é mais uma área que sofreu cortes absurdos, na última administração, invertendo toda a lógica. Vamos rever isso, voltar a perseguir resultados diferenciados, como quando dobramos o número de vagas em período integral nas creches e os investimentos em alimentação escolar e ainda contratamos 1.800 professores. O aumento de vagas em creches é necessário e, o melhor: viável. Os recursos para obras estão previstos em programa do BID, mas não houve competência para tocar adiante. O programa está pronto, abrange mais de duas dezenas de creches.  Faremos as reformas e ampliações nas estruturas já existentes, concluiremos as que estão em construção e entregaremos as novas previstas.

9. Como você vê a participação de mulheres na política hoje?

GL – Já respondido.

10. Florianópolis tem índices expressivos no que diz respeito a violência contra a mulher. Quais suas propostas para enfrentar essa situação?

GL – Uma situação lamentável. Vamos fortalecer o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – CREMV, da Secretaria de Assistência Social. No meu plano de governo inclusive prevejo potencializar, em caráter emergencial, o serviço PAEFI/Sentinela (Programa de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos), para atender crianças e adolescentes vítimas de violência, e a construção de um abrigo municipal para mulheres vítimas de violência e em situação de rua. Vamos discutir com as entidades soluções de curto, médio e longo prazo para uma política de redução da violência contra a mulher e empoderamento feminino.

11. Qual o seu plano para garantir o funcionamento do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – CREMV com atendimento adequado às mulheres vítimas de violência?

GL – Respondido anteriormente

12. Considerações finais (caso necessário) sobre a plataforma da candidatura.

GL – O maior problema de Florianópolis hoje é de gestão.  É preciso “arrumar a casa”, enxugar gastos, rever prioridades, recuperar a capacidade de investimentos e fortalecer as parcerias público-privadas. Só assim poderemos realizar todos os projetos que a nossa cidade precisa, seja em termos de mobilidade urbana, segurança, saúde, educação, saneamento, desenvolvimento econômico ou mesmo social. Temos muito o que avançar em todas as frentes e isso só vamos conseguir lançando um novo jeito de olhar a cidade. Um jeito em que valores como a colaboração, a solidariedade e a vontade de fazer mais e melhor sejam a tônica dentro de uma gestão verdadeiramente participativa e humana.

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