Conduzidos por um louco, seguimos sem rumo e sem direção, acompanhando mortes por Covid-19 ainda em ascensão e com a população cada vez mais desalentada.

Na mesma semana em que o país chega à triste marca de 500 mil mortes na pandemia, um relatório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que a transmissão comunitária da doença – quando não é possível rastrear a origem – ainda é extremamente alta no país.

O Brasil volta também a computar média móvel acima de 2 mil mortes diárias em decorrência da Covid-19. Mas o ritmo de vacinação continua lento, com pouco mais de 11,37% de brasileiros totalmente imunizados. Os que tomaram a primeira dose não passam de 30% da população brasileira.

Enquanto isso, o que faz o presidente? Continua desrespeitando medidas de isolamento social, andando sem máscaras, promovendo passeios de moto e situações de total desrespeito a qualquer lei.

A mensagem que ele passa é a de que, além de ser contra a vacinação, é avesso a regras. De forma bem paulatina, esse discurso negacionista orquestrado vai fazendo eco na sociedade e ganhando força e adeptos.

Não por acaso, pesquisa da feita pelo Jornal Folha, divulgado em maio, revela que 8% dos brasileiros não pretendem se imunizar, 1% não sabe opinar e 91% são favoráveis à vacinação. Entre os que abominam a vacina, o discurso está em sintonia com o do presidente que enaltece um medicamento que a ciência já mostrou ser ineficaz para combater o coronavírus.

Outros tristes números continuam subindo. A fome faz parte da vida de 117 milhões de brasileiros que, em algum momento, já viveram algum tipo de insegurança alimentar. Esses dados fazem parte de um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), divulgado recentemente.

A fome também deixa esses brasileiros mais vulneráveis às doenças. Não que a comida seja capaz de evitar a contaminação por Covid-19, mas uma nutrição equilibrada e saudável ajuda a fortalecer o sistema imunológico e as bactérias benéficas à saúde. Ao mesmo tempo, pessoas em situação mais vulnerável precisam de mecanismos de proteção e auxílio que as ajudem a permanecer em casa, protegidas do vírus.

Mas o que vemos, ao contrário, é um desserviço que parte do comando da Nação. De lá, apenas exibicionismo, declarações insanas e a arrogância de quem faz pouco de todos nós, de juízes e das leis.

O país está mais desigual, mais pobre e mais infeliz também, como revelou pesquisa de Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social). O estudo de Neri mostrou que a pandemia aumentou as desigualdades como jamais visto, diminuiu o rendimento dos trabalhadores e deixou os brasileiros mais negativos com relação aos demais países.

Como ficar satisfeito com um cenário de 500 mil mortes, falta de emprego, inflação sem controle e um presidente que usa seu arsenal de olho apenas no poder?

E que, por conta disso, lançou mão, há poucos dias, de um discurso populista que, de olho nas eleições de 2022, propõe agora reajustes no Bolsa Família e mais parcelas do auxílio emergencial.

A população merece mais, presidente. Merece principalmente mais respeito, merece a vacina no braço e comida no prato. Não um monte de mentiras contadas como se fossem causos.

E também merece saber que o auxílio emergencial foi uma conquista das organizações sociais que pressionaram os parlamentares até que o benefício fosse estabelecido no ano passado. A pressão se repetiu este ano e resultou em nova rodada do benefício.

Passou da hora de lançar luz sobre este período obscuro pelo qual o país passa e responder falácias com verdades.

 

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  • Paola Carvalho

    Assistente social, especialista em Gestão de Políticas Públicas na perspectiva de gênero e promoção da igualdade racial,...

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