O mês de julho vai chegando ao fim, mas não a necessidade de celebrar a negritude feminina e ampliar a participação política dessas mulheres.

Em 1992 foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas na República Dominicana e, dele, convencionou-se um dia para celebrar a Mulher Negra, Latina e Caribenha, o dia 25 de julho. Desde então, movimentos sociais e mulheres negras da nossa região se mobilizam para manter em alta as celebrações durante todo o mês de Julho, é o Julho das Pretas.

Aqui no Brasil, em 2014, o dia 25 de julho foi instituído pela Lei Federal n°12.987/2014 como o Dia Nacional Teresa de Benguela e da Mulher Negra no Brasil. A lei foi proposta por uma senadora (Serys Marly Slhessarenko), sancionada por uma presidenta (Dilma Rousseff). Ambas mulheres brancas comprometidas com questões vinculadas à justiça racial, capazes de representar as reivindicações de movimentos e mulheres negras, mas que não são, nem poderiam, ser as protagonistas dessas pautas.

A ocupação de mulheres na política é ínfima e frágil, a de mulheres negras, ainda mais. 53% das cidades do país (2.952) não elegeram nenhuma mulher negra para suas Câmaras Municipais nas últimas eleições. Mesmo sendo a mulher negra o maior grupo demográfico do país, 28% da população é de mulheres negras. Mesmo tendo sido as eleições com o maior número de candidatas negras à vereança, 84.418.

No Mosaico Feminista da nossa plataforma, 55% das candidatas feministas eram de mulheres negras. 40 % se identificaram como pretas, 15% como pardas. Entre as eleitas da nossa plataforma, a maioria de negras foi ainda maior, 69%.

Nossos números não refletem a realidade da performance de mulheres negras nas últimas eleições, nossa amostragem é pequena, acompanhamos 288 candidaturas feministas e a eleição de 32 delas, mas ainda assim, podemos inferir, sem medo de errar, que é no campo feminista antirracista que vamos avançar rumo à representatividade, rumo à paridade de gênero e racial na política.

Ampliar a representatividade de mulheres negras no poder é também garantir o direito ao protagonismo de suas lutas, vitórias e histórias.

Coletivos de incentivo à eleição de mulheres negras

Acompanhe e apoie iniciativas que buscam aplacar a injustiça racial e de gênero da nossa política:

Mulheres Negras Decidem

Eu Voto em Negras

Agenda Marielle Franco

Dados pela Transformação Política

A gente precisa conhecer muito bem tudo aquilo que queremos transformar. Aproveitar potências, fortalecer fragilidades, reconhecer oportunidades, minimizar ameaças. Destacamos aqui duas iniciativas que trataram dados das últimas eleições, uma pela ótica da violência política contra mulheres negras candidatas e outra pelo quantitativo de candidatas e suas performances eleitorais.

A pesquisa inédita sobre Violência Política Contra Mulheres Negras, candidatas nas eleições de 2020, promovida pelo Instituto Marielle Franco, você acessa aqui.

Uma leitura robusta sobre os dados das mulheres candidatas e eleitas, realizada pela Gênero & Número, você acessa aqui. Juhlo-das-Pretas

Homenagens à Teresa de Benguela 

Sua história inspirou o samba-enredo da Escola de Samba Unidos da Viradouro, do Rio de Janeiro, em 1994.

Escute aqui: Tereza de Benguela – Uma Rainha Negra No Pantanal ;

Em 2020, foi a vez da escola de samba Barroca Zona Sul, de São Paulo.

Escute aqui: Benguela… A Barroca Clama a Ti, Tereza

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