Em tempos de delicadeza de condessa.

Nada. Condescendente há uma história acontecendo…

Lá do outro lado da pedra em pleno oceano viviam, eles.

Por certo não estavam sozinhos já que cruzeiros por ali vez em quando passavam.

Faziam questão, os transeuntes oceânicos, de apontar lá de cima do convés para os Ilhéus; como quem assiste somente ao jornal, Nacional. Cheios de opiniões não desciam do Titanic moderno, pois diziam já saber de tudo…

O comandante do cruzeiro chegava a zombar: Nem Deus consegue afundar esta embarcação. E escolhiam vestir camisetas cinzas com letras garrafais: Deus acima de todos; enquanto ouviam o ressoar das cordas de um violão cai_pira a melodia de “o bom velhinho sempre vem”.

Porém, em meio a tantas contradições e contrariedades surge um pedido de outra canção: “Mais perto de ti, meu D_eu_s”.

Olavo, o lúcido, figurava como aquele que honra os ancestrais, também, era o único passageiro que tinha como direção de vida o beneficio da dúvida.

Por hábito ele costumava olhar para os lados, também para baixo e também para cima…Havia trazido consigo a lembrança de olhar como beija-flor. Assim, vivia. Tinha a compreensão de que a dádiva da vida consiste na liberdade de voar.

Seu tataravô – um ameríndio – deixou dito que o beija-flor simboliza a beleza, a harmonia, a verdade e a força. Naquela embarcação, Olavo, sabia quanto sentido a destreza do pássaro pequeno era inspirador, em tempos modernamente equivocados.

Já os demais navegantes se faziam caridosos, justos, guardadores dos cetros da certeza de que eram cidadãos de bem.

Contudo, lá naquela ilha das experiências, loucas, a espécie – a mesma do Titanic- era vacinada pela lida cotidiana sabedora de que estava nas terras das vulnerabilidades cerca de 500, alguns assim diziam deveria ser…

Nós cá e vocês lá e de preferência acolá.

Ora pois!

Os Ilhéus iam constatando que sabiam enxergar, porque sentiam o sentir de se fazer o Homo Exploratus. E os navegantes – o Homo Tagarelis – sabiam ver porque gostavam de poder sobre. Ainda desconheciam, ambos, ironicamente o Poder Com.

Porém, em uma noite fria a ponta de um iceberg fez as estrelas rezarem.

Ficaram todos atônitos com a negritude do tempo. Com o desnivelamento das coisas, das diferenças de espaço: entre o navio e a ilha.

Enquanto as águas se remexiam e o navio dava indícios de que afundava, algo acontecia das profundezas do oceano com a luminosa irradiação lunar. Apresentaram-se outros seres, vivos.

Primeiramente, os passageiros Homo (marinheiros e os de Ipuã), avistaram, a flor de lótus – e depois os peixes, e as águas iam apresentando um por um para ninguém perder a oportunidade. Viram, então, as tartarugas e as baleias e os golfinhos, e os pássaros mergulhadores, e os peixes-boi, e cardumes, e tubarões. Juntos!

Compreenderam, os racionais, que sabiam ver e enxergar, mas não haviam apreendido a olhar.

Curiosos em tamanha incompreensão do trato que os humanos estabeleciam entre si os bichos desistiram de auxiliar. O casco havia se rompido. Mas, estavam ali para ao menos assistirem a esse evento terreno. Torcendo, sim!

E D_eu_s , desde lá do mundo divino mirando a experiência dos seus não se fez ausente. Ele, não era ateu nem nada, mas deixou o barco seguir seu percurso, e, apesar disso Ele viu, enxergou, olhou, mirou a experiência acontecer.

Bem da verdade que D_eu_s e os animais ficaram de plateia diante do espetáculo humano em suas humanices repetidamente, incansavelmente, diárias.

E no Natal de 2018 com passagem direta para 1964 não havia mais precisão da presença do bom velhinho.

E quem sabe São Nicolau, o bispo nórdico que tinha o hábito de ajudar as pessoas pobres, em dezembro, fosse atemporal.

Quem sabe precisassem os habitantes a não ter mais ajuda, no entanto apenas comungar bem estar em estar bem.

Quem sabe, na tropicalidade do hemisfério sul, alguns voltem a 1931 tamanho desejo de ter Papai Noel, aquele lançado pela Coca-Cola.

O fato é que D_eu_s não enviará mais o dilúvio, outra dessas, não serve para a terra, pois já é desnecessário inunda-lá novamente.

Porém quem sabe mais iceberg e arco-íris para fazermos pontes, outras.

Quem sabe assim paramos com os excessos e com a exceção dos inconsequentes distanciamentos dos embarcados e dos ilhéus.

Quem sabe o espírito da construção para as novas redes, para as novas teias, nos faça mais presentes e não mais de presente.

E enquanto isso…

A ilha?

Continua ilhota.

O oceano?

Contínuo segue.

A terra?

Talvez, A energia criativa – e O impulso criativo por trás e por dentro de toda a existência tenham trazidos para a mente, em plena consideração de nossas limitações, a ideia de Deus e da Deusa separados, pois ainda estamos tentando dar conta da compreensão de nossa existência. Talvez, sejamos nós a realeza encarnada. Talvez, sejamos A Fonte Primordial: A Deusa e O Deus. Talvez, sejamos espíritos vivendo uma experiência humana. Talvez, apenas esquecemos de nossos lugares. E na ânsia de nos fazermos em Si-Mesmo estamos, por enquanto, na condição de Anjos Caídos.

Permanece recebendo quem quiser navegar e a abraçar os seres que sabem nadar e voar.

E a ilha?

Está num ponto qualquer do oceano.

O oceano?

Deixa a terra azul e segue rodando no espaço sideral.

E a terra?

Habitada.

E qualquer um pode estar onde seu espírito consegue tocar: harpas, violinos e até batuque na mesa e tilintar das asas, cabe.

Porque, cada ser humano é ilha, em consciência, ou não, de que somos de_mais.

Mesmo que alguns insistam em desejar exclu_sividade em tempos de suave delicadeza condensada.

E então, é Natal no entremundos.

Quem sabe é tempo sairmos do assento e proferir:

Amém.

Quem sabe é tempo de tirarmos o acento e dizer:

Amem.

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