Sobre a REVOLUÇÃO LAURA
DIZ SEMPRE MINHA SOBRINHA AMADA QUE a resistência passa longe do Estado, das eleições e da política. Concordo que existem muitos caminhos revolucionários, e o dela é lindo, e passei muito tempo sem concordar, mas também sem entender como ou por quê. Até ler – com a ajuda de uma gripe que me deixou na cama, e de uma vez só – o belíssimo e amoroso livro recém-lançado da Manuela D’Ávila, Revolução Laura. Com trechos curtos, às vezes apenas uma frase em uma página, sem linearidade temporal, mas com a linearidade particular do coração, o livro canta e encanta e incentiva o que, sim, é o caminho da política de Estado: o amor, a humanização, as crianças participando (aliás, as crianças deveriam ser ouvidas antes de qualquer votação de projetos e reformas).
Ao viajar pelo Brasil como candidata à presidência pelo PCdoB com sua filha Laura a tiracolo, discursando e amamentando, sendo recebida por comitivas mirins, a transformação e a humanização que isso provocou e ainda provoca no modus operandi do fazer política é maravilhosa. Não necessitamos somente de mais creches, necessitamos que as mulheres possam trabalhar com seus filhos junto e que, inclusive, possam amamentá-los.
Fico imaginando um congresso colorido, com berços, mulheres e seus filhos, amamentando, uns brincando com outros, cachorros e gatos acolhidos, um congresso representativo, fazendo danças circulares antes de uma votação de um ponto importante, pais trocando fraldas, um lugar com instrumentos musicais e uma vasta biblioteca, com representação farta de pessoas LGBTQ+, trabalhadoras/res sexuais, povos originários, pessoas negras, pessoas com necessidades especiais, discutindo e debatendo as necessidades e reivindicações de uma população precisada de um tudo: educação, moradia, comida, saúde, e que, fundamentalmente, tudo isso seja perpassado e debatido com muito, muito, muito, AMOR.