A bênção minhas mais velhas e mais velhos, motumbá minhas irmãs e irmãos! Usando esse gesto da religiões afro, tanto no candomblé quanto na umbanda, te cumprimento como sinal de respeito.

É importante lembrar que o Brasil é um Estado laico, ou seja, que pode se praticar todas as religiões existentes, seja ela católica, evangélica, pentecostal entre outras. No entanto, o que vemos são terreiros/ilê, sendo atacados em todo o país, inclusive imagens públicas são atacadas e depredadas, à luz do dia, como aconteceu também em Florianópolis, com a imagem de Iemanjá.

Muito provavelmente seja pelas mesmas pessoas, que agora na virada do ano Novo, vão às praias vestidas de branco, a cor da paz, pular as sete ONDINHAS. Os que têm fé reverenciam a Dona do mar,  outros apenas seguem o modismo preestabelecido há anos no país.

Nada disso te trará Paz, se fora dese ritual as atitudes forem de intolerância religiosa. Pular as ondas, cujo mar é o Reino de Iemanjá, não irá purificar seus corações, se permanecerem racistas, acreditando que lugar de negros e negras é retornar ou permanecerem nas senzalas, sarjetas, favelas.

Iemanjá a todos acolhe, mãe zelosa, amável merece mais respeito e amor! Portanto, a respeite! Estando em seu Reino sagrado, o mar, haja com dignidade, olhe para ela, contemple sua beleza: a água salgada, seus habitantes, ouça sua melhor melodia. Imagine que MÃE maravilhosa você tem, pois mesmo que você não mereça, ela ainda lhe presenteia com tudo isso.

Por fim, curve levemente seu corpo em direção à tamanha beleza e bata paó (palmas ritmadas), peça para que MÃE IEMANJÁ leve em cada onda pulada, seu racismo, egoísmo, hipocrisia, covardia, fascismo, ganância, homofobia, entre outros males.

A você, mesmo que não MEREÇA, desejo um Feliz Ano Novo, na ESPERANÇA que tenha seu coração mais TOLERÂNCIA e AMOR!

Que Mãe IEMANJÁ o acolha, sempre em seu colo materno!

Odoya mãe Iemanjá.
Axé para quem é de Axé.

Cirene Candido

Cirene Candido é formada em Gestão Ambiental, técnica em Segurança do Trabalho e militante feminista pelos direitos das mulheres negras. Já atuou como assessora parlamentar, agente comunitária de saúde, empregada doméstica, trabalhadora rural (boia fria), atendente de loja e telefonista. É empreendora empresarial, mãe solo e eventualmente trabalha como diarista.

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