Dezembro chegou e estamos prestes a finalizar mais um ano do nosso calendário. Para muitas pessoas, a sensação deve ser a de quem sobreviveu. Impossível não olhar com um pouco mais de esperança para 2022. Mas o que efetivamente podemos esperar do próximo ano?

Nestes meses de pandemia, já podemos enxergar como todas as economias foram afetadas globalmente. No caso do Brasil, esses impactos foram ainda mais profundos. Fechamos 2021 com o saldo de mais de 600 mil mortos pela Covid-19. Os números negativos não param por aí. O relatório “Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira 2021”, publicado em novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela o que já constatamos nas ruas: a pandemia evidenciou desigualdades. Jovens, negros e mulheres foram e continuam sendo os mais impactados.

São eles basicamente que engrossam as fileiras dos 13,5 milhões de desempregados, 5,1 milhões de desalentados e 7,8 milhões de desocupados, de acordo com o relatório.

A inflação alcançou a casa dos dois dígitos e fez com que o poder de compra do trabalhador fosse reduzido em 11%. Economistas já falam em recessão técnica. Como se não bastassem todos estes números e índices desoladores, ainda temos o Auxílio Brasil – equivocado em sua origem e propósitos.

Criado para substituir o Bolsa Família, programa premiado e reconhecido internacionalmente, seu fim é eminentemente eleitoral e uma tentativa clara de deixar a marca do governo Bolsonaro na área social.

Mas o que temos visto até agora é uma marca capenga e improvisada, como o próprio governo, que foi implantado e já cometeu os mesmos erros do auxílio emergencial.

Não foi falta de aviso, pois nos últimos meses uma das minhas tarefas pela Rede Brasileira de Renda Básica foi servir como interlocutora entre os beneficiários que tinham direito, mas tiveram dificuldades para receber o benefício não por falha deles, mas do cadastro único. Apontamos todos os gargalos e todos os erros. Parece que pouco efeito teve para corrigir os problemas.

Enquanto isso, centenas de famílias que viam no Bolsa Família a única fonte de recursos e projetam sobre o Auxílio Brasil a esperança de sobrevivência continuam esperando.

Esperando a vontade política, esperando a ação de quem, na realidade, pouco se importa com o que passa além dos portões do seu palácio.

Pensemos nisso também no próximo ano!

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  • Paola Carvalho

    Assistente social, especialista em Gestão de Políticas Públicas na perspectiva de gênero e promoção da igualdade racial,...

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