Em tempos de festejo pascoal, é comum que fiéis façam penitência, jejum, como uma forma de comungar, pactuar suas crenças.

No país há um grito incessante de alguns religiosos e políticos, pedindo para que seus seguidores jejuem em contrapartida à proteção contra o vírus, fingindo esquecer que uma parcela população brasileira não tem o que comer.

Esses hipócritas deveriam ficar sem comer por sete dias e destinar essa alimentação para aqueles que passam fome e são enganados por eles. São homens ardilosos que vivem em mansões às custas da exploração cotidiana de seus fiéis seguidores, cobrando o dízimo absurdo de quem mal têm o que comer.

Que não pratiquem a bondade como pagamento de seu comportamento fascista e racista. Que ao celebrar a Páscoa, cujo significado cristão é a Ressurreição de Cristo, seja renovado o olhar sobre si mesmo, sobre suas mediocridades. Que não usem a praga dos ricos, o coronavírus, trazida ao Brasil pela parcela que pode fazer viagens internacionais, para fomentar sua influência político-religiosa camuflada de assistencialismo.

Segundo a Oxfam, organização internacional que atua para visibilizar as desigualdades sociais, há cerca de 40 milhões de trabalhadoras/es sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregados no Brasil. A estimativa é que a crise econômica provocada pelo coronavírus adicione, ao menos, mais dois milhões de pessoas entre os sem trabalho.

Agrava a situação de pandemia o ideário de morte estabelecido por um governo de extrema direita, fascista e racista. O grau de letalidade da política bolsonarista se intensifica a cada contradição de um governo que chama para o jejum um povo que não tem o que comer. Um governo que, ao contrário de buscar soluções para a crise sanitária, a intensifica convocando o povo às ruas, enquanto a experiência mundial nos lembra diuturnamente que só o isolamento social é capaz de conter a pandemia, proteger vidas e evitar o colapso do sistema de saúde.

Comer não deve ser privilégio porque é o direito mais fundamental, garantidor da vida. Não sejamos reféns da hipocrisia de quem prega o jejum, mas vive com a mesa farta. Que os alimentos levados às comunidades em ações sociais sejam envolvidos com a solidariedade e luta por dignidade, por direitos ao trabalho digno, à educação de qualidade, em defesa do SUS e da democracia.

Aquelas ou aqueles que sempre estiveram juntos na construção de um mundo novo, é fundamental reforçar o antirracismo e a equidade social, estarmos de mãos dadas para celebrar esse rito de passagem. Por uma Páscoa de diversidade de credos, mas principalmente por uma Páscoa de fartura na mesa, provida pelo Estado que tem responsabilidade contingencial em não expor seus cidadãos à doença e à morte.

Axé e feliz Páscoa para quem é de luta!

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  • Cirene Candido

    Cirene Candido é formada em Gestão Ambiental, técnica em Segurança do Trabalho e militante feminista pelos direitos das...

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