A tragédia vivida por Andrielli e seus filhos retrata uma tragédia brasileira. A violência praticada contra Andrielli não é atípica, mas método sistemático de intervir na vida das mulheres pobres. Uma sociedade que reproduz a miséria e depois trabalha com afinco para aniquilar as testemunhas de seu fracasso. Para aniquilar muitas Andriellis por aí. Sociedade da desigualdade, da exploração, do racismo, do machismo, da misoginia. Sociedade que tem consagrado uma estrutura de direitos que é seletiva e marcada por relações de poder.

Andrielli foi julgada e sentenciada por sua suposta incapacidade de exercer a maternagem. Tiraram-lhe os filhos e ainda a submeteram a um processo de esterilização sem autorização. Para condenar Andrielli não faltaram argumentos, mas nenhuma explicação nos foi dada sobre como a ausência de políticas públicas garantidas em lei tem impactado a vida de Andrielli e de outras mulheres como ela – de outras mulheres como nós.

Nós não aceitamos a violência sofrida por Andrielli e perpetrada pelo Estado que deveria protegê-la. Nós queremos saber:
– Quais foram as intervenções da rede socioassistencial que identificaram a necessidade de acolhimento de seu filho recém-nascido?
– Que tipo de acompanhamento Andrielli recebeu após o acolhimento dos primeiros filhos e quais equipamentos sociais de educação e saúde foram acionados?
– Quais os posicionamentos do Ministério Público no sentido de priorizar a permanência das crianças junto à família de origem?
– Quem autorizou a esterilização de Andrielli?

Nós mulheres do Coletivo Valente queremos Justiça: por Andrielli; por seus filhos; por cada mulher que é vítima da violência de classe, do machismo, da misoginia e do racismo desta sociedade e do Estado que a representa.

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