A chica que escreve da semana é a Lavínia Rocha que é escritora, palestrante e está se formando em História na UFMG. Já publicou vários livros e também mantém um canal no youtube.

Vamos à entrevista! 😊

 

Como de costume, para começar você poderia contar um pouco de sua trajetória como escritora? Por que começar a escrever? E mais, por que continuar escrevendo?
Sempre fui muito incentivada a ler pela minha família e, mais tarde, na escola, percebi que também gostava de escrever por causa das aulas de produção de texto. Mas me irritava o limite de trinta linhas que a professora colocava haha, então decidi escrever minhas próprias histórias sem limite ou tema pré-estabelecido – mas também sem nem cogitar que um dia se tornariam livros. Com isso, uma prima, uma amiga e a minha mãe me apoiaram a investir no que era apenas uma brincadeira, e, por causa dessas três grandes mulheres, hoje sou escritora e não me vejo mais fora desse universo. Escrever é a forma que tenho de colocar para fora o que sinto e penso sobre o mundo e, mais importante, de me divertir.

Você poderia nos contar um pouco sobre as suas influências. Quais nomes da literatura te marcaram? O que você anda lendo ultimamente?
Quando novinha, descobrir a literatura nacional com Pedro Bandeira, Thalita Rebouças e Paula Pimenta foi um marco na minha vida. Saber que brasileiros também escreviam para jovens e falavam de nossa cultura foi muito especial para me incentivar a escrever cada vez mais. Depois disso, um novo ponto de virada foi encontrar referências negras; Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Chimamanda Ngozi Adichie, Djamila Ribeiro e tantas outras. Essas mulheres me levaram a enxergar a literatura com outros olhos.

Neste momento estou lendo “Redemoinho em dia quente”, de Jarid Arraes. Em 2020, entrei no desafio Leitura Preta, do site Resistência Afroliterária, que consiste em ler pelo menos um autor negro por mês de acordo com a categoria indicada (nacional, africano, LGBTQ+, etc). Na minha lista já passaram diversos autores, como bell hooks, Otávio Júnior, Chimamanda Ngozi Adichie, Oyinkan Braithwaite, Maria Firmina dos Reis, Machado de Assis, Solaine Chioro, Chigozie Obioma, Olívia Pilar. Fora do desafio, também andei lendo Octavia Butler, Nnedi Okorafor, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e vários outros autores. Sou muito eclética e tento ler de infantis a adultos para ter bastante fonte de inspiração!

Você publicou seu primeiro livro aos treze de forma independente, certo? Poderia contar um pouco sobre a experiência?
Isso, em 2010 publiquei “Um amor em Barcelona”, que foi bancado pelos meus pais. Eu era muito nova, então quem cuidava de tudo era minha mãe, mas me lembro de todo o trabalho com a divulgação, a venda nas livrarias e a busca de parcerias em escolas. Nós não tínhamos muito conhecimento do mercado editorial, mas foi um período de muito aprendizado e que lançou as bases da minha carreira.

 Você tem vários livros, poderia apresentar seu trabalho para o público? Qual o último livro publicado e como foi o processo de elaboração?
Tenho livros de vários tipos! Romance, aventura e fantasia são meus gêneros favoritos e, às vezes, coloco uma pitada de cada, haha. Um amor em Barcelona é o mais curtinho e conta a história de Isabela, uma garota que odeia visitar seu pai em Barcelona, mas, dessa vez, tudo muda quando se apaixonada na cidade espanhola. De olhos fechados traz uma mistura de romance, aventura e mistério com Cecília, uma garota que se envolve em um romance com o garoto novo do colégio e em um caça ao tesouro por causa de bilhetinhos em braile misteriosos que anda recebendo. Em seguida, vem a trilogia Entre 3 mundos, uma história de fantasia que traz mundos divididos, poderes mágicos, colégio interno e dramas adolescentes. A trilogia é a maior mistureba que já criei, com romance, aventura, mistério, fantasia e tudo mais que a minha cabeça decidiu inventar!

Além dos livros citados, também faço parte de coletâneas, como Formas reais de amar e Flores ao mar. O último físico publicado foi Entre 3 razões, que encerrou a trilogia e contou com um processo demorado e minucioso, já que precisava finalizar bastante coisa. E Flores ao mar foi minha última publicação digital; o livro conta a história das irmãs Rios, que decidem fazer um cruzeiro no ano novo. As outras três autoras são grandes amigas e foi divertido escrever com elas, trocávamos muitas experiências, já que estávamos escrevendo personagens tão próximas!

Ah, e no meu site: www.laviniarocha.com.br é possível encontrar todos os livros, com as sinopses completas e links para a compra!

 Atualmente você cursa a graduação de História, correto? Como está sendo a relação entre sua formação acadêmica e sua escrita?
Depois que entrei na faculdade, pelo menos uma vez por aula eu penso: hmmm, e se eu escrevesse um romance ambientado nessa época? A faculdade foi um casamento perfeito com a minha carreira de escritora e me inspira muito! Além disso, estudar para ser professora me deixou mais próxima de jovens com a idade do meu público, que também são fontes inesgotáveis de inspiração!

Como foi sua experiência de publicação?
Tive experiências bem diferentes! Publicação independente, tradicional e publicação digital com a agência literária que me representa. O que percebi ao longo do tempo é que sirvo para criar histórias, haha, e trabalhar com publicações tradicionais ou feitas pela agência facilitou muito o meu trabalho e me deu mais tempo para criar despreocupada.

Por fim, há algo que você gostaria de dizer para outras mulheres que escrevem? Ou, alguma mensagem final?
Escrevam! O mundo precisa dos nossos pontos de vista, é tempo de contarmos nossas próprias histórias. Digo isso especialmente para mulheres negras, indígenas, asiáticas, LBT+, PCDs e de outras minorias. Nós somos muitas e precisamos fazer nossas vozes serem ouvidas!

Além dessa entrevista a Lavínia fez a gentileza de enviar as seguintes dicas:

Livro: “Hibisco Roxo”, Chimamanda Ngozi Adichie

Série: This is Us

Gostaria de agradecer imensamente a Lavínia Rocha por ter aceitado por ter aceitado meu convite para participar e disponibilizar seu tempo para esse bate-papo online. Por hoje é só, por favor, lembre-se, leiam mais e leiam mulheres!

 

 

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  • Laura Elizia Haubert

    Laura Elizia Haubert é doutoranda em Filosofia pela Universidad Nacional de Córdoba, Argentina. Graduada e Mestre em Fil...

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