A chica que escreve da semana é a Ariane Dias que acabou de publicar seu primeiro livro pelo novo selo da Editora Penalux dedicado a livros escritos por mulheres, o Selo Aurora.

Vamos à entrevista! 😊

Poderia começar nos contando um pouco sobre você. Como foi sua trajetória como escritora? Por que começar a escrever? E mais, por que continuar escrevendo?
Bom, minha trajetória como escritora acaba de começar – já que o Desligue é meu primeiro livro. Escrevo desde os treze anos e, por isso, acabei me tornando redatora publicitária. Para desopilar do trabalho, do tal escrever profissional, sempre chegava em casa e escrevia o que me dava na telha num blog que só eu conhecia. Daí, nasceu o livro. Acho que continuar escrevendo é ato de resistência e autoinvestigação. Sem isso, nos tempos de hoje, enlouquecemos.

Agora, vamos de influências porque me parece que o ato de escrever e de ler estão próximos. Quais nomes da literatura te marcaram? Qual foi sua última leitura de cabeceira?
Minha obra tem nuances da poesia marginal brasileira, cujo movimento se fazia fora dos modelos literários vigentes da época. Inspiro-me muito na “geração mimeógrafo”. O primeiro poema dessa geração com o qual tive contato foi “CONVERSA DE SENHORAS”, de Ana Cristina César. Além disso, gosto muito de Valter Hugo Mãe, Svetlana Aleksiévitch e Mia Couto. Minha última leitura de cabeceira foi Burn It Down: Women Writing about Anger. Trata-se de uma coletânea de ensaios de escritoras sobre a raiva, compilados e editados por Lilly Danciger.

Você publicou pelo Selo Auroras da Editora Penalux o livro “Desligue os pontos”. Poderia contar um pouco sobre o livro e sua construção?
O livro representa uma seleção do que desenvolvi até hoje (tenho trinta e dois). Sempre achei curioso como as pessoas tentam conectar as coisas a qualquer custo: o amor, a cidade, o trabalho, as palavras… todo ponto precisa estar conectado para chegar a um resultado final. Será que não seria mais fácil desligar esses pontos para viver mais leve e aproveitar nossa passagem por aqui sem tanta ansiedade? A poesia cumpre esse papel, de fazer com que a gente desligue e dê um reset na mente. O livro nasceu assim, de momentos em que eu estava precisando desligar do externo. Enviei todos esses momentos para a Dani Costa Russo, da Penalux, sem a menor pretensão de ser publicada. Mas acabou dando super certo 🙂

Você tem algum projeto futuro ou está trabalhando em algum novo livro? Se sim, poderia nos contar algo a respeito?
Eu nunca paro de escrever, até porque sou redatora. Então, em breve terei mais material para uma próxima publicação em 2021. Publicação esta que ainda não tem nome nem nada muito estabelecido.

Como foram suas experiências de publicação?
Na verdade, essa foi minha primeira experiência de publicação – e foi muito positiva. Tive liberdade e o apoio da editora durante todo o processo.

Por fim, há algo que você gostaria de dizer para outras mulheres que escrevem? Ou, alguma mensagem final?
Escrever sendo mulher é difícil demais. É luta, é movimento, é sentir muito o tempo todo. Por isso, precisamos escrever. Escrever significa, para nós, reivindicar um novo lugar dentro das situações absurdas que encaramos ao longo da vida. Que a gente continue escrevendo.

Além dessa entrevista a Ariane fez a gentileza de enviar as seguintes dicas:

Livro: A Guerra não tem rosto de mulher – Svetlana Aleksiévitch

Filme: A Garota Ideal, Craig Gillespie

 

Gostaria de agradecer imensamente a Ariane Dias por ter aceitado por ter aceitado meu convite para participar e disponibilizar seu tempo para esse bate-papo online. Por hoje é só, por favor, lembre-

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  • Laura Elizia Haubert

    Laura Elizia Haubert é doutoranda em Filosofia pela Universidad Nacional de Córdoba, Argentina. Graduada e Mestre em Fil...

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