Professora, Geici Maiara Brig, 30 anos, é candidata a vereadora em Blumenau (SC) pelo Partido dos Trabalhadores (PT). É mulher branca, cisgênero e homossexual. Sua trajetória é marcada pelo sindicalismo e movimentos sociais, integrando o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Blumenau (Sintraseb), a Central Única dos Trabalhadores (CUT/SC) e o Sindicato Internacional de Serviços Públicos (ISP).

Geici é a sétima candidata a responder ao questionário proposto pelo Catarinas para divulgar as candidaturas comprometidas com a agenda política feminista, antirracista, LGBT inclusiva e anticapacitista no estado em Santa Catarina. As entrevistas são publicadas diariamente por ordem de chegada. Dado o volume de respostas recebidas, vamos publicar mais de uma entrevista em determinados dias. 

O questionário foi dividido em cinco eixos temáticos, abordando questões centrais para a análise das candidaturas:

• Perfil
• Apoio e financiamento
• Propostas
• Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários
• Violência política e desinformação

Acompanhe a entrevista com Geici

Perfil 

Resuma sua trajetória de vida/militância e o que a motivou a disputar estas eleições.

Nascida em Taió (SC), uma cidade pequena, aos 15 anos assumi minha sexualidade e tive inúmeros problemas familiares. Em 2012, aos 18, me mudei para Blumenau e me formei em pedagogia. Em 2014 iniciei no serviço público como contratada e participei da maior greve do município, de 41 dias.

Trabalhei até 2017 como contratada e então assumi o concurso de professora de educação infantil em Blumenau. Desde 2014, estive nas ações do meu sindicato, que é de Servidores Públicos Municipais de Blumenau (SINTRASEB), em 2018 assumi meu primeiro mandato como diretora de assuntos da educação, e em 2022 assumi o segundo mandato como diretora de financeira do SINTRASEB, cargo que ocupo atualmente.

Nesses anos de movimento sindical atuei para fomentar políticas de juventude dentro do movimento, atuando em um sindicato global chamado Internacional de Serviços Públicos (ISP), no qual hoje sou representante mundial de jovens na executiva mundial. Atuo também desde o ano passado como secretária de juventude da CUT/SC.

Por toda essa caminhada, e vendo como nossas pautas enquanto servidores municipais estão diretamente ligadas a câmara de vereadores, entendemos a necessidade de uma liderança disputar esse espaço e coletivamente construímos a minha candidatura, para ser uma candidatura jovem, que disputa sua primeira eleição, mas que tem bagagem para atuar na defesa do serviço público, da educação pública e sendo uma voz que defenda o direito das populações LGBTQIAPN+.

Quais personalidades políticas são suas referências?

Ana Paula Lima, Dilma, Luci Choinacki, Mariele Franco e Monica Benicio.

Apoio e financiamento

Você tem conseguido verba para a campanha? Quais?

Sim: apoio e recursos do partido e financiamento colaborativo.

Você enfrenta desafios para arrecadar os recursos necessários para sua campanha? Se sim, quais são os principais?

Apenas por ser jovem e ser a primeira candidatura, muitos não acreditam que seja uma candidatura que chegue.

Qual é a importância do financiamento coletivo para a viabilidade de sua candidatura?

Pensamos nossa candidatura coletivamente, como tudo o que fizemos enquanto movimento sindical.

O financiamento coletivo tem sido fundamental, pois quem está do nosso lado, acredita de verdade no nosso propósito.

Propostas

Quais são os principais temas a serem debatidos no município e suas propostas para cada um?

Defender incondicionalmente o serviço público e a necessidade de valorização dos trabalhadores e trabalhadoras. Lutar pelas políticas públicas fundamentais como a Educação, o Sistema único de Saúde (SUS), a assistência, a cultura e o esporte, além de proteger os direitos das crianças e dos adolescentes.

Proteger o instituto de previdência municipal (ISSBLU) e o direito à aposentadoria digna, garantindo que os servidores tenham segurança em seus futuros. Combater a retirada de direitos dos servidores e garantir dignidade para a classe trabalhadora, incluindo a erradicação da violência sexual e do assédio no ambiente de trabalho.

Defender uma cidade inclusiva e justa, onde todos sejam tratados com respeito, igualdade e liberdade, valorizando a dignidade humana. Ser uma voz ativa na discussão sobre a crise climática e a preservação dos recursos naturais, essenciais para nossa sobrevivência e o desenvolvimento da sociedade.

Quem forma sua base eleitoral? Quais são suas mensagens centrais? E seu slogan de campanha?

Servidores Públicos Municipais e profissionais da educação.

Tem propostas para promover a igualdade de gênero, LGBTQIA+ e racial no âmbito municipal? Se sim, quais?

Sim. Erradicação da violência sexual e do assédio no ambiente de trabalho. Temos dentro do serviço público muitos problemas de assédio relacionado à questão de gênero, raça e por lgbtqiapn+fobia.

Você tem propostas relacionadas à política do cuidado? Se sim, quais?

Sim. Creche em período integral e criação de uma política que atenda esse público em horários além do comercial.

Políticas públicas inclusivas e enfrentamento de discursos reacionários

Como pretende enfrentar discursos reacionários que comprometem a equidade de gênero e racial, especialmente na educação?

Com trabalho e propostas, articulando com o movimento social e sindical nossa atuação na câmara.

Como avalia a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas municipais? 

Atualmente inexiste, pois não temos movimentos que discutam de forma adequada as políticas públicas. Precisamos conseguir movimentar a sociedade civil para estar mais atuante e ver que a câmara pode ser um caminho de luta na garantia de direitos e dignidade social.

Sua plataforma propõe formas de ampliar a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas? Se sim, como?

Sim. Fortalecimento dos espaços de representação, discussão e controle. Promover audiências e debates com a sociedade de forma permanente e também de forma descentralizada, nos bairros da cidade.

Qual o papel das minorias políticas na transformação dos serviços de saúde e educação municipais?

Tem sido de resistência aos retrocessos propostos pelos atuais representantes do legislativo e executivo. Uma tarefa árdua de enfrentamento em uma cidade como Blumenau, que exclui de todas as formas possíveis a diversidade da nossa sociedade.

Violência política e desinformação

Já sofreu ataques, incluindo intimidação, durante a sua trajetória devido à sua agenda política? Em caso positivo, pode compartilhar algum caso?

Sim. Em um dos casos, o prefeito da cidade ficou indignado que eu, professora, mulher, jovem, sindicalista e lésbica, estava em uma mesa do fórum de educação, falando sobre educação. Nas palavras dele “como uma pessoa como ela está falando sobre educação”.

Nesta campanha, sofreu ataques nas redes sociais ou nas ruas? Se sim, quais?

Não.

Sua candidatura tem sido alvo de desinformação? Se sim, como?

Não.

Tem ações específicas para combater a desinformação? Se sim, quais?

Não.